Ink- Coldplay

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-É alguma ocasião especial? Ou pode ser algo mais simples?- Nathaniel me perguntou antes de dar o endereço do restaurante.

- Bem simples, é só pra mim.

Ele pensou um pouco.

-Avenida Albert Petterson. - Nathaniel disse para o porteiro, que não se refreou um segundo para obedece-lo. - Este será a sua altura. - ele sorriu gentilmente.

-E o que seria "a minha altura? " - disse curiosa enquanto ele se aproximava.

Ele pensou um pouco e pude ver uma ideia surgir em sua mente porque seus olhos se iluminaram e um sorriso discreto dançou em seus lábios.
Mas ao invés de me responder, ele entrou na mesma porta que o porteiro e saiu alguns segundos com passos apressados em minha direção.
Segurou minha mão e disse sorrindo:
- Venha ver.

Fui pega de surpresa, mas incrivelmente não hesitei nem mesmo por um segundo. O deixei me guiar, simples, naturalmente. Como se fizesse isso a vida toda.

Chegamos no estacionamento e o alarme do carro dele soou, destravando. No entanto, não conseguia acreditar que aquele carro fosse dele.

Ele abriu a porta de um Azera Branco, tão limpo que, mesmo com as luzes fracas da garagem, brilhava.
Entrei e o agradeci pelo cavalherismo.

Quando ele entrou acrescentei :
- Com um carro desse na garagem porque raios você vai para a escola de ônibus?????

Ele sorriu com minha incredulidade.

- Sou responsável pelo transporte de vocês, senhorita.

- Não me chame assim. Não somos desconhecidos. Me chame de Mel por favor- sorri amigavelmente.

- Claro Senhori... Mel - ele sorriu - Velhos hábitos nunca se vão.

Ele parecia muito relaxado, tão diferente da postura autoritária que sempre vi ele exercer na escola.

- Gosto mais assim. - disse em voz alta.

Ele me olhou - Do que?

- De você. Não está tão sério como sempre vi na escola.

Ele sorriu. - Ah! Sim, lá eu exerço um papel. Preciso ter aquela postura para ser respeitado, levo muito a sério. Mas fora de tudo aquilo tento ser diferente.

- Deve ser cansativo cuidar de tantas coisas, e pior, pessoas. E tem seus estudos. Eu mal consigo lidar com minhas lições! Você é uma espécie de mutante é? Super homem talvez?

Sorrimos.
- Não não. Tenho muitas fraquezas para ser o super homem.

- Fraquezas? - percebi que era algo muito profundo para perguntar tarde demais.

- Conseguir deixar meu papel de representante dos alunos na faculdade. Parece que não consigo mais. Mas àquele não sou eu. É muito difícil. - suas mãos apertaram o volante com força e logo se afrouxaram- Mas com você consigo. É tão bom sair daquilo tudo e ser eu mesmo.

- Você é uma pessoa admirada por todos na faculdade, agora entendo porque. Sabe quantos jovens tem esse senso de responsabilidade? Quantos se dispõe para ajudar? Não se sinta mal por ser daquele jeito.- toquei seu braço - E obrigada. Desde que cheguei você vem me ajudando e nunca reconheci isso. Acima de tudo, obrigada por ser você mesmo comigo.

Neste momento estávamos parados em um semáforo, então ele soltou a mão do volante e acariciou a minha.

- Obrigada Mel. - ele se aproximou mas o semáforo ficou Verde e teve que voltar a dirigir. - Que banda você gosta?

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