Without a word- Birdy

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Quando acordei ainda chovia. Tive que fechar a janela por causa da tempestade da noite passada e por isso o apartamento estava abafado.

Dormi no sofá, vendo a chuva até eu cair no sono. Mas agora arrependo-me de não ter dormido na minha cama, o sofá é pequeno demais. Até parece que dormi numa lata de sardinha. E é um pouco duro. Parece que levei uma surra. O conjunto disso não dá um bom resultado, acredite.

Espreguicei-me e senti os pontos de dor. O despertador ainda tocava e não o desliguei. A musica era animada e me deu coragem para levantar.

Sexta-feira. O dia tão esperado!!

Fui andando lentamente e de olhos fechados ( a luz forte sente me irrita quando acordo) em direção ao banheiro.

- Ai! - disse junto de um barulho alto.

Olhei para o chão e meu violão estava caído.

- Que droga. - peguei ele e o avaliei.

Um pedaço da madeira do braço estava lascado e uma corda escapou.

Quase chorei de remorso. Odeio quando acontece isto.

Respirei fundo e o levei até meu quarto.

"Deve haver alguma loja de instrumentos musicais por aqui" - pensei.

Coloquei-o em cima da cama e decidi procurar uma loja depois das aulas.

Me arrumei e tomei um leite com chocolate.

Coloquei a mochila de um lado e a capa com o violão do outro.

Eu estava insegura de ir para a faculdade e ver Castiel e Nathaniel. É claro que Nathaniel não era o problema, pelo contrario, ele é muito amável comigo.

Repirei fundo e sai do apartamento.

Ken estava me esperando no corredor, sem sua mochila.

- Bom dia Mel - ele sorria mas havia tristeza em seus olhos.

- Bom dia Kentin! Não vai para a aula hoje?

O sorriso sumiu de seus lábios finos. Evitando meus olhos, ele me deu um biscoito de chocolate.

- Não. Nem hoje, nem por um bom tempo. Ou nunca mais.

- O-O QUE?! - quase me engasguei com o biscoito.

- Meu pai ficou sabendo que Ambre e as amigas delas fizeram comigo aquele dia. - me lembrei do dia em que elas roubaram o dinheiro dele, trancaram-no na sala de limpeza e tiraram os seus óculos. - E... você sabe que ele é sargento no exercito, né? - assenti. - Ele disse que não admiti que o filho dele apanhe de garotas. Por isto vou prestar serviço militar a partir desta tarde. Quando você voltar da faculdade não estarei mais aqui, então estou me despedindo.

Demorei um pouco para entender. Meu único amigo indo embora? Ele é a única coisa que resta do meu passado.

- Puxa... - pensei mais um pouco. - Vou sentir sua falta Ken.

Ele se aproximou, com olhos tristes disse:

- Eu também vou sentir sua falta Mel.

Abracei ele forte.

- Se comporte lá, tá bom? - disse e ele sorriu.

- Isto não é um Adeus, Mel.

Sai do abraço e sorri para ele.

- Espero que não Ken.

Ele me olhava com aquele olhar apaixonado por debaixo dos seus óculos fundo de garrafa.

- Vai tocar?

Olhei para ele, curiosa.

- Ah - me esqueci do violão. - Nã...- a buzina do ônibus me interrompeu.

Ken olhou para a janela do corredor.

- Melhor você ir.

Assenti.

- Então... até logo Ken. Vou sentir saudades.

Ele apertou o botão do elevador.

- Eu também. Ah! - ele correu até seu apartamento e voltou com algo entre as mãos.- Quase me esqueci! Um presente pra você Mel.

Era um ursinho de pelúcia.

- O-obrigada Ken! Eu não tenho nada para te dar... - fiquei vermelha.

- Tudo bem.

O ônibus chamou novamente.

Entrei no elevador.

-Ah! - peguei uma palheta no bolso da capa do violão. Era minha favorita e ele sabia disto. Eu ganhei ela e mais duas palhetas da minha mãe há 3 anos atrás na nossa ultima férias juntas. Nela havia a capa do CD 21 Century do Green Day, CD que ela me deu neste mesmo dia.

Ele pegou e segurou forte.

- Obrigada, Mel. Até mais.

A porta se fechou e segundos depois eu estava no térreo.

3 EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora