Laserlight - Jessie J

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– Aqui está!  – ele sorriu – Pensei que tinha desistido de fazer a matricula.

– Não, realmente preciso entrar aqui. – “Apesar da idéia de nunca mais olhar na cara daquela loira não me parecer nada mal.” – pensei.

Isso me lembrou do que ela disse. Será que eles são mesmo namorados?

– Senhorita Melissa? – Nathaniel me despertou de meus pensamentos mirabolantes.

“Afinal de contas... porque estou me preocupando tanto? Se eles tiverem algo não é da minha conta. Mas o fato de ele ser tão gentil e ela é tão... oposto. ”

– Esta bem? – seus olhos estavam agitados. Nem quero imaginar a cara (careta) que eu estava para preocupá-lo tanto.

– Estou sim, Nathaniel, acho que esse sol fritou meus miolos. – sorri, tentando desesperadamente disfarçar meu incomodo.

– Esta muito calor lá fora mesmo. Quer um pouco d’água?

– Não, estou bem. Obrigada. – senti minhas bochechas esquentarem. – Bem, aqui esta minha foto – estendi minha mão.

Ele pegou o envelopinho da minha mão. Sua expressão estava séria, com certo receio ou vergonha.

– Não sei como te dizer isso Melissa. Mas tenho uma má noticia.

Senti um frio na barriga.Como no dia que fui na Montanha Russa de um parque de diversões quando eu tinha 12 anos. Subimos, subimos, e subimos até chegarmos ao ponto critico dela, e paramos ali por alguns segundos vendo aquela descida enorme em nossos pés enquanto me perguntava por que estava me sujeitando aquilo! E cheguei à conclusão de que o ser humano gosta de sofrer, gosta da adrenalina que o medo provoca, mas neste momento, nesta sala, onde boa parte  do meu futuro está em jogo, não há adrenalina. Apenas medo. Daquele tipo que nos faz querer correr para o Quarto do Pânico e permanecer por lá até que o mundo volte ao normal; ou exploda de vez.

– Qual? – minha voz falou.

– Sua ficha não foi aceita. Você não pode ser matriculada nesta escola. – sua voz era suave, mas séria.

Meu estomago retorceu, e não consegui evitar uma careta.

– O que?! Você esta brincando, né? - falei desesperadamente.

Ele me olhou com uma expressão séria, confirmando que não era brincadeira. E meu pânico aumentou. Abri e fechei a boca algumas vezes, confusa demais para dizer algo.

E então pude ver ele tentando reprimir um sorriso que insistia em ficar ao lado de seus lábios. Enquanto seus olhos brilhavam, sorrindo também.

Eu já não entendia nada. Ele estava rindo de mim!? É uma situação péssima! E ele esta rindo da minha desgraça?!

Meu rosto começou a esquentar por causa da raiva. Quando abri a boca para repreendê-lo ele abriu um sorriso largo junto de uma gargalhada.

– Há Há Há! Devia ter visto sua cara!

Olhei incrédula para ele.

– Quase me matou de susto!- disse com mais tom de risada do que gostaria. 

Ele ainda sorria. Suas bochechas estavam rosadas e sua risada enchia a sala de uma alegria contagiante. Eu mesma ria junto.

– M

e desculpe, vou tentar fazer melhor na próxima vez. Ah, a propósito, me desculpe, sua ficha estava misturada com os outros papeis. Eu separei para você. Pronto, aqui está . – ele estendeu a mão e peguei dois papéis.

– Obrigada. – agradeci e acompanhei com os olhos ele se sentar enquanto lia algumas coisas com atenção.

“ Hora de sair” – pensei.

E o deixei na sala, ele com certeza nem reparou minha ausência. Parecia em um transe de tão concentrado.

Quando fechei a porta da sala e me virei para encarar o corredor vi a diretora.

– Senhorita, você terminou sua inscrição? – sua voz era suave e gentil.

– Terminei. Aqui esta minha ficha. – Estendi a mão, ela olhou o papel e fez uma careta de desaprovação.

–  Muito obrigada. Desta vez esta tudo completo, você é oficialmente uma estudante da Sweet Amoris. O sinal já vai tocar, sugiro que saia antes que todos os alunos apareçam. Os corredores ficam simplesmente intransitáveis.

Concordei com a cabeça e sorri.  Me pareceu aceitável beber um pouco mais de água antes de sair para aquele calor infernal.  Porém o sinal tocou assim que alcancei o bebedouro. 

Assim que me refresquei fui seguindo os alunos que saiam ordeiramente, alguns mais apressados, entre os corredores até a porta de saída que se estendia em uma altura de 3 metros abrindo-se numa largura suficiente para passagem de 4 pessoas. Isso facilitava o fluxo.

Sinti o sol atingir meus olhos e me encolhi tentando fugir da cegueira momentânea. Pisquei algumas vezes e finalmente pude ver algo além daquele branco ardente.

Vejo Ken andar em direção oposta a mim. Quando chegou mais perto apenas me observou, curioso.

– O ônibus esta ali na frente, Mel.

– Eu sei.

– Onde esta indo? – sua voz falhou ansioso.

– Não sei.

– O ônibus sai em 5 minutos, melhor se apressar.

– Tudo bem, vou a pé.

Seus olhos de tom esmeralda esticaram-se em tom de surpresa.

– Pode ser perigoso, você não conhece...

– Conheço sim. Não se preocupe Ken. – parecia que eu estava me esquecendo de algo importante... - ah! Sobre o que eu disse... Peço desculpas. Não quis ofende-lo ou magoá-lo.

O assunto o incomoda, mas ele mantém seu tom amigável.

– Não sinta pena de mim, isso é bem pior que qualquer ofensa. – e sorri, mas não com os olhos – Boa sorte na volta para casa. Tome,leve estes biscoitos, caso sinta fome.

Ele  colocou o pacote em minhas mãos e com um aceno partiu em direção aos ônibus.

Vejo Nathaniel me observando, num olhar preocupado. Deve ser responsável pelo transporte dos alunos.

“Que seja... ele não deve saber se realmente me matriculei ou não. Para ele ainda não sou mais uma aluna para ele ficar de babá.” – pensei. 

Faço uma carreta quando uma luz vermelha forte arde meus olhos.

Levei um segundo para reconhecê-lo e assim que o faço, minhas pernas diminuem o ritmo evitando que eu colida com ele.

3 EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora