A noiva

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    Pouco tempo após a morte de Raye Penber, as coisas pareciam normais. Apesar disso, eu ainda estava com uma sensação ruim. Tinha a sensação de que parecia que algo ainda poderia mudar. E pouco tempo depois, esse sentimento se mostrou certo.
    Depois da nossa tarde na cafeteria parecia que as coisas tinham voltado ao normal. Light vinha me visitar constantemente e discutiamos sobre todos os bandidos que iríamos matar. Depois de terminado o trabalho, sempre terminavamos transando e encerrando a noite após isso. Sempre que íamos fazer amor, sentia Light frio e distante, algo que ele negava.
    Cada dia que passava sentia que ele estava cada vez menos interessado em mim, o que me fazia sentir menos e menos vontade de contar à ele sobre os olhos. O problema é que cada vez mais me sentia carregada e exausta de tantos nomes que via diariamente.
    Poucos dias se passaram e estava visitando a casa dos Yagami como de costume. Sayu sempre me tratava muito bem e gostava de conversar comigo sobre todos os assuntos possíveis. As vezes me sentia melhor tratada por ela do que por Light. Enquanto conversavamos na sala, a senhora Yagami apareceu com uma sacola de roupas e pediu a Sayu que levasse ao quartel general para o senhor Yagami, que estava trabalhando dobrado e precisava de roupas limpas.
- Mas precisa ser agora?? Mãe eu combinei com meus amigos que iríamos sair juntos hoje. - disse Sayu
- Não tem problema nós levamos. - disse Light
   Por precaução, Light levou uma página do Death Note e seguimos para o quartel general. Seguimos o caminho todo de mãos dadas mas em silêncio. Light parecia estar longe com seus pensamentos.
   Chegando mais próximo, Light pegou seu celular e tentou ligar para seu pai, que não atendeu.
  - Será que ele está em uma reunião importante agora? -perguntou
  Seguimos juntos à recepção e na frente do balcão encontramos uma mulher que parecia nervosa pedindo para falar com a força tarefa urgente. Ela dizia ter informações importantes sobre o caso Kira. Eu e Light nos entreolhamos, ele pediu com um gesto de mão que eu esperasse e seguiu em frente.
- Oi eu sou o filho do detetive Soichiro Yagami, Light Yagami e eu trouxe uma muda de roupas para o meu pai mas parece que ele não está...tem problemas eu deixar aqui? - ouvi Light dizer para o recepcionista
Uma conversa se seguiu entre os dois até que Light iniciou uma conversa com a mulher, que parecia cada vez mais eufórica para conseguir falar com alguém sobre o caso Kira.
- Com licença, meu pai é o chefe da investigação do Kira. Se você quiser posso passar seu recado para ele. O celular está desligado agora mas vou conseguir falar com ele logo. Vários agentes do FBI foram mortos e vários detetives saíram do caso porque estavam com medo de Kira. Então ele está ocupado agora. - disse Light
    Fiquei observando aquela cena imaginando o plano que ele já havia bolado na cabeça dele, o que claramente não me envolvia. Mas para mim era simples, já que conseguia ver o nome daquela mulher sobre a sua cabeça.
    Os dois seguiram uma conversa e saíram andando juntos. Ela parecia não ter notado minha presença. Light seguia sorrindo e conversando com ela enquanto eu ia andando atrás deles. Pouca coisa eu conseguia ouvir, visto que estava meio longe mas consegui ouvir quando Light disse seu nome para ela. Obviamente ele perguntou o dela de volta. E assim como eu esperava, ela deu um nome falso. Consegui ouvir Ryuk gargalhando de longe.
    Os dois seguiram andando e eu andava atrás, sem ultrapassa-los, apenas prestando atenção naquela cena. Light parecia convencido com o nome dela e seguia conversando sorridente, o que me fez arder de raiva. Meus ciúmes cresciam a cada sorriso que ele dava e sentia cada vez mais vontade de mata-la ali mesmo.
    - Rem, é o momento de eu finalmente usar os meus olhos para algo útil. - disse baixinho
   Me aproximei lentamente enquanto conversavam e encostei no braço de Light. Ele se virou com um olhar irritado e começou a me encarar. A mulher parecia surpresa e me olhou também.
    -Light! Que bom te encontrar! Quanto tempo!
    - Oi.. Akemi. Quanto tempo... - ele respondeu rabugento
    - Ah perdão não vi que você estava com alguém. Desculpa atrapalhar! Só queria te deixar meu número para a gente marcar aquele almoço juntos! Você tem algum papel?
   Light percebeu em um instante o que eu queria dizer. Sua expressão passou de bravo para curioso e foi lentamente pegando um papel para que eu pudesse escrever.
   " Nome falso" foi o que escrevi no papel.
    - Sinto muito por atrapalhar! Até a próxima! - disse e me afastei
    Percebi que Light lentamente observou o pedaço de papel e pareceu incrédulo. Segui de longe observando aqueles dois conversando. Queria saber o que ele faria.
Depois de muito tempo de conversa percebi que ela entregara a ele sua carteira de motorista. E daquele jeito percebi que Light não precisava de mim e dos meus olhos para descobrir o nome dela.
   Depois de um tempo, ela saiu andando sozinha com um olhar vazio. E Light veio até minha direção.
  - Ela está indo em direção a própria morte. Escrevi no Death Note que ela cometeria suicídio. Não teremos mais problemas. -disse ele. - Aliás... acho que você deveria começar a andar com uma página do Death Note também. Agora que tem os olhos. Teria facilitado muito meu trabalho. - terminou com um olhar raivoso. Seguimos andando juntos por algumas ruas, até chegarmos a minha casa.
   Na porta, Light suspirou fundo e pegou nos meus ombros. Ele parecia furioso mas trazia uma expressão de pai que está prestes a dar uma lição de moral ao filho.
   - Akemi nós somos um casal. Você deveria confiar as coisas a mim assim como confio as minhas a você. 
  Meus olhos se encheram de lágrimas. Comecei a pedir desculpas e dizer que não sabia o que havia acontecido para não ter contado antes sobre os olhos de shinigami. Ele me abraçou e puxou meu rosto lentamente com a mão. Ele limpou minhas lágrimas e disse em meu ouvido por fim:
    -Nunca mais minta para mim.
   E então me beijou.

A cúmplice - Uma história não oficial de Death NoteOnde histórias criam vida. Descubra agora