O Irmão Ogro II

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Ele me pegou pelo ombro com força e me sentou na sua cama, olhou diretamente pra mim e disse:

- Bora então. Começa a falar por que que o bebezinho não gosta de mim.

- Já que você quer tanto saber eu falo. Não gosto de você pelo seu jeito aparecido, também porque você até hoje não aprendeu a comer de boca fechada e porque só sua presença aqui já tá me irritando. Tá bom pra você?

É, depois que eu fui perceber o quanto eu peguei pesado. Ele só olhou pra mim e desceu as escadas me deixando lá no quarto sozinho. Fingi não me abater e fui para o computador novamente.

Já se passavam das dez da noite e nada dele. Meus pais tinham saído e eu estava ficando preocupado. Mais que isso, estava me sentindo culpado, apreensivo pelo medo de acontecer alguma coisa.

Deram onze horas e ele apareceu. Passou por mim na sala e foi pro quarto de cara fechada. Decidi não falar nada também. Comi alguma coisa, tomei um banho e me deitei pra dormir sem fazer barulho, quando me assustei com sua voz:

- Aqui, essa é minha última noite aqui. Amanhã eu vou pra um cômodo que aluguei. Boa noite aê!

Nossa, meu coração até doeu. Tá certo que eu não estava feliz com ele na minha casa, mas ele era meu irmão. E que poder eu tinha pra expulsar ele da casa dos meus pais? Nenhum. Me levantei, acendi a luz e fui até ele. Sentei na beirada da cama:

- Bruno, eu achei que exagerei com isso. Eu faço questão que você fique aqui, afinal essa casa é do nosso pai e não minha. Eu prometo que vou tentar ser mais educado e gentil.

Ele deu um sorriso de canto de boca e quebrou o clima total:

- Beleza irmãozinho, mas num precisa ser gentil que eu não sou donzela a ser conquistada não.

Ele ria sozinho. Peraí, eu disse clima? Que clima o que. Tinha clima nenhum. Fui dormir tranquilamente depois de ter resolvido tudo. Acordei, tomei café e Bruno já estava assistindo tevê com minha mão na sala. Depois que eu fui pensar que a história do cômodo era puro blefe e eu cai direitinho, mas pelo menos tudo estava resolvido.

Tomei café, me sentei na sala e fiquei quieto até a hora do almoço, quando meu pai nos surpreende:

- Bruno, bem que você podia levar seu irmão pra uma balada hoje né. O carro tá liberado.

Oi? Como assim? Pra eu sair com o carro tinha que pedir com quase um mês de antecedência, mas pro Bruno estava liberado. Comecei a perceber que eram meus pais que nutriam minha raiva por ele. Decidi sair com ele a noite então, já que minha recusa renderia comentários demais. Passaram as horas da tarde e eu dormi calmamente até que ele me acordou:

- Vai arrumar bebê. Quero sair cedo pra voltar cedo.

Que vontade de mandar ele pra um lugar lindo por ter me acordado. Fui pro banheiro com uma cara de morto e demorei pra caramba, mas me arrumei como nunca. Eu estava realmente bonito. Ele já me esperava no carro quando eu entrei e ele arrancou o carro rápido, desesperado.

- Nossa. Tá cheiro hein irmãozinho. As gatinhas de BH vão adorar.

Só sorri de leve, mas minha vontade era dizer que estava me lixando pras gatinhas, até porque não gosto né!

Chegamos em uma boate legal aqui da cidade e entramos. Ele bancou tudo, só disse pra eu não beber muito. Ficava quieto e ele dançando freneticamente. Minutos depois e já tinha uma mina no pé dele, já estava me acostumando.

Ele bebeu bastante e eu num tomei nada de álcool. Não estava muito interessado em estar ali. Depois de umas três horas ele me chamou pra ir embora, depois de ter ficado com duas meninas.

O Irmão Ogro 1ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora