09. Ice skate with you.

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#CabelinhoAzul

Jungkook


O ser humano é complicado. Tudo seria mais fácil se eu fosse o bonsai que Namjoon tem. Ele borrifaria água em mim e conversaria comigo, e lá de vez em quando me levaria pra dar uma volta na cesta de sua bicicleta, quem sabe.

Mas eu gostava de ser eu, mesmo com os problemas que sempre surgiam, apesar de eu ter poucos anos de idade, até porque às vezes a vida bate bastante nos mais novos e taca o foda-se. Ela deveria ser presa.

Convencer meus amigos a não irem patinar foi um pouco difícil, Eunwoo quase deitou no chão e começou a chorar, fora que Namu me olhava com desaprovação, como se eu fosse o lobo mau indo em busca da chapeuzinho vermelho, no caso, chapeuzinho azul.

Olha, eu não sou bom nisso de palavras e com toda certeza do mundo, Jimin não aceitaria sair comigo. Eu até duvidei que ele aceitaria o convite que fiz, mesmo que Namjoon e Eunwoo nos acompanhassem. Não era difícil de saber que Jimin não deixava as pessoas se aproximarem, mas comigo... Parecia ser um pouco diferente, ou eu estava ficando completamente louco.

Queria vestir qualquer roupa e sair, até porque eu sempre fazia isso, não tinha essa de ficar me olhando no espelho e acumulando uma pilha de roupas sobre a cama. Mas naquele dia foi diferente, eu me senti a porra de um cara num filme adolescente.

E a ideia que Jimin fosse embora assim que se desse conta de que iríamos patinar sozinhos me deixava em pânico.

— Mas que bagunça é essa? — minha mãe entrou no meu quarto, que naquele dia estava em ordem, fora a cama que estava daquele jeito que disse ali em cima.

— Não tem bagunça nenhuma aqui, minha querida senhora.

— Senhora a sua bunda, Jungkook! Eu sou solteira, logo sou uma senhorita. — ela me olhou com fúria.

— Mãe, você sabe que depois dos quarenta...

— Calado! Se me chamar de senhora mais uma vez eu te dou uma chinelada.

— O chinelo é quarenta igual você. — disse e corri, me escondendo atrás da roupa que estava no cabide em minhas mãos.

Ouvi minha mãe bufar furiosa, mas no final rir, levando tudo aquilo como uma grande brincadeira. Também ouvi o miado fino e manhoso, vindo debaixo da minha cama. Me abaixei e logo vi meu gatinho ali, agora me olhando com seus olhos grandes e brilhantes, clamando por atenção.

Estiquei meu braço, conseguindo pegar seu corpinho pequeno e coberto de pelo cinza escuro.

— O Sushi tá tão manhoso, mãe... — contei enquanto olhava para o gatinho no meu colo e alisava seu pelo macio.

— Ele sempre foi, desde que você encontrou ele naquela caixinha aqui na frente de casa. — disse, pegando e dobrando algumas roupas que estavam ali jogadas. — Dá meu neto aqui. — esticou os braços pra pegar Sushi assim que percebeu que a bagunça era muita e que provavelmente ela cansaria muito rápido. — Onde você vai?

— Sair com um amigo. — disse, recebendo um olhar sugestivo de minha progenitora. — Que foi? Nem adianta me olhar assim não, senhorita.

— Não estou olhando de maneira alguma, só que quando você sai com seus amigos, você nunca se arruma tanto assim. Está até usando o perfume que te dei semana passada e você disse que por ser caro era apenas para ocasiões especiais.

Fui pego no pulo.

— Agora desembucha. É um... Como vocês dizem mesmo? — ela parecia pensativa. — Crush! É um crush?

Blue and Books. | pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora