#CabelinhoAzul
Yoongi
Jimin e eu ficamos amigos aos cinco anos de idade.
Ele parecia um pintinho molhado na chuva, todo tímido e acuado, já eu sempre fui mais falante e mais extrovertido. Éramos o completo oposto um do outro.
Brincamos a infância toda juntos, afinal, éramos quase vizinhos e então era fácil a nossa convivência.
Quando Jimin aprendeu a ler aos sete anos, logo ele desenvolveu uma paixão imensa por aquilo. Ele começou a pedir para a mãe dele comprar livros e mais livros de historinhas, de todos os jeitos, pois ele queria ler mais e mais.
Nós crescemos mais um pouco e começamos a voltar sozinhos da escola por ser perto de onde morávamos. E todos os dias a gente apostava corrida para ver quem chegava primeiro, Jimin sempre perdia.
Aos onze anos, conhecemos Kim Taehyung na escola e Jimin gostou dele logo de cara e eu também. Me senti enciumado, com medo de que o Kim tirasse Jimin de mim, ou coisa parecida. Mas depois percebi que era apenas um sentimento infantil e deixei com que Taehyung entrasse na minha vida, Jimin fez o mesmo.
Aos doze anos, Jimin e eu continuávamos da mesma forma, do mesmo jeito de sempre. Ele havia começado a se sentir esquisito em alguma situações e me contou que tinha quase certeza de que gostava de meninos, eu não entendi nada, até porque isso não se passava pela minha mente.
Ainda.
Seu tio, Park Bogum, irmão de seu falecido pai, sempre esteve presente e eu sempre fui próximo dele. Meus pais falavam que depois que a mãe de Jimin havia ficado viúva, Park Bogum, que era até então tio e padrinho, dizia que cuidaria de Jimin como seu próprio filho, e foi o que ele fez.
Quando completamos treze anos, Taehyung ainda era nosso amigo, a gente formava um trio inseparável de melhores amigos.
Mas não demorou muito tempo e eu vi o pior momento da vida de Jimin chegar.
Em um dia de semana de madrugada, meus pais receberam uma ligação, dizendo que Park Soora havia sido levada às pressas para o hospital mais próximo após uma parada cardíaca.
Quando cheguei no hospital com meus pais, Taehyung já estava lá com Jimin e ele estava mal, muito mal. Eu só queria protegê-lo e ao invés dele sentir aquela dor, queria que passasse tudo para mim, mas era impossível.
O abracei forte, o deixei chorar na minha camisa de pijama azul e ali eu quis brigar com o universo. Aquilo não poderia estar acontecendo com Soora, com Jimin.
Passamos aquelas noite no hospital sem nos desgrudar um minuto. Taehyung ficou perto por todo o tempo que pôde até o cansaço o dominar e ele adormecer.
Quando Jimin estava em meus braços, eu parecia querer que ele sempre ficasse ali, mesmo que eu não fosse tão fã de demonstrações físicas de afeto, com ele eu não me importava e gostava de seus carinhos no meu cabelo e de seus abraços desajeitados e quentes.
Foram dois dias que a mãe de Jimin ficou em coma, até que houve mais três paradas e ela não resistiu.
Era um problema antigo, no meio de seu coração, mas ela não quis passar pelo processo de cirurgia pelo risco e decidiu apenas continuar como estava, dedicando sua vida, ou melhor, o resto dela, a Jimin. Ela o amava mais que a própria vida e não queria o machucar, nem deixá-lo precocemente, mas talvez tenha sido pior, Jimin foi pego de surpresa e ele desabou.
Taehyung e eu dedicamos incansavelmente nosso tempo e atenção a Jimin, cuidando dele e deixando com que ele vivesse ao luto. Para quem não sabe, viver o luto é necessário.
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Blue and Books. | pjm + jjk
RomanceHIATUS Park Jimin se sente completo com seus livros, sorrindo pouco e com seu único e fiel melhor amigo. Mas quando um garoto desastrado acaba tropeçando em sua mochila no jardim da escola, muitas coisas começam a mudar dentro de si e desejos novos...