Blue and Books. | pjm + jjk

22. Rain

#CabelinhoAzul

💙

Estava chovendo muito por dois dias seguidos.

O que até me impossibilitou de ir para a aula e eu aproveitei para ter uma manhã preguiçosa, resumida entre sofá, comida e algum drama interessante.

Meu pai havia ido trabalhar depois do café da manhã gigantesco que eu preparei para ele. Acho que era uma forma de me desculpar pelo acontecido do dia anterior, mesmo que ele não tivesse ficado bravo ou alguma coisa do tipo. Ele só foi pego de surpresa.

E ficou em choque por minha revelação de estar interessado em Jungkook. Na verdade, acho que o choque foi devido a meu pai imaginar que quando eu me interessasse por alguém, esse alguém seria como eu e não o meu oposto.

Mas meu pai não conhecia Jungkook de verdade e acredito que nem mesmo eu o conhecia de verdade.

Nós nunca sabemos quem são as pessoas de fato. Nós só sabemos e vemos o que elas nos deixam ver.

Não sabia se o encontro inesperado havia feito Jungkook se assustar e desejar não voltar a vir aqui novamente. Talvez ele tenha achado uma péssima ideia o pai de um amigo supôr certas coisas...

E meu pai supôs muito. No café da manhã principalmente, onde o assunto sobre garotos e camisinhas surgiu.

Eu estava um pouco aflito, até diria que estava ansioso, mas sem saber o motivo. Sentia meu peito apertado, um embrulho estranho na barriga, como se fosse algum pressentimento ruim.

Sobre pressentimentos, eu não sabia muito o que pensar, não sabia se acreditava ou não, mas eu não ignorava nada, absolutamente nada.

Tirando o foco dos meus olhos da televisão, olhei para a janela e vi que a chuva havia voltado um pouco mais forte. Pensei que seria propício cochilar um pouco e aproveitar a minha preguiça.

Me acomodei melhor no sofá, desliguei a televisão e estiquei as mangas do meu moletom cinza até que elas cobrissem minhas mãos por completo.

Eu estava na posição perfeita, aquela posição que te faz não querer sair dela por nada, até que ouvi batidas na porta. Praguejei mentalmente quem fosse ali atrás da porta, que até mesmo com aquela chuva não deixou de ir até minha casa.

Me levantei, a contra gosto e abri a porta vendo Jungkook parado, encharcado da chuva.

Ele vestia um moletom preto que parecia ser alguns números maiores dos que ele costumava a usar, ele havia colocado o capuz do moletom e suas mãos estavam dentro do bolso canguru do mesmo.

Seu olhar era de certa forma vazio e ele abriu a boca inúmeras vezes para dizer alguma coisa, mas nada saiu.

Fiquei parado, sem entender nada e sem conseguir formular qualquer frase.

Por que ele estava ali?

Não sei quanto tempo nossa troca de olhares durou, mas foi por um longo tempo, até que ele disse:

— Vem comigo?

Pensei não ter entendido sua pergunta e resolvi perguntar para confirmar:

— Ir com você?

— Vem comigo. — ele repetiu.

— Mas a chuva... — murmurei. — Dane-se.

Coloquei meu capuz e Jungkook prontamente estendeu sua mão para mim, a qual eu segurei forte e fui puxado por ele para fora de casa e sucessivamente para a rua.