Um relacionamento abusivo caracteriza-se por um jogo de controle, violência e ciúmes. Os abusos podem começar com qualquer atitude que priva um dos lados de sua própria liberdade e conforto, desde dar satisfações demais sobre seu dia a dia a ter sua...
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Depois de passar tantas sextas-feiras sozinho, era impossível para Jimin não lembrar de todas as vezes em que dizia a seu ex-namorado que não sairia de casa e, logo em seguida, descobria que ele estava em alguma festinha privada, com algum amigo desconhecido. Naquela época, o sentimento de raiva e tristeza misturavam-se em seu peito, fazendo-o ficar chateado pelo resto da noite, resultando em mais brigas no próximo dia. Mas esse peso já não fazia mais parte de sua vida, era apenas uma memória ruim que insistia em voltar semanalmente. Que burrice, pensou.
Algo parecia fora do normal naquela sexta-feira em particular. Nari não estava em casa para reclamar com o sobrinho sobre o porquê de não combinar algo com Taehyung, ou de não encontrar os amigos, ou de não sair com o tal garoto misterioso que passou a deixá-lo na porta de casa. A tia havia saído com as amigas para festejar o aniversário de uma delas, e até tentou convencer Jimin a ir junto, mas ele estava tão indisposto que preferiu ficar em casa. Apenas sentou no sofá e ligou a televisão em alguma novela coreana — ainda que não estivesse assistindo, completamente focado no celular, decidindo entre ligar ou não para Jungkook.
Traumatizado por muitas vezes chamar Baekhyun e levar uma bronca imensa do tipo "você está muito grudento" ou "posso respirar um pouco no meu dia de folga?", evitou fazer o mesmo com Jungkook. Não queria parecer carente demais e incomodar o outro. Indeciso, começou a roer as unhas sem tirar os olhos do ecrã.
— Droga, Park Jimin, ache algo para fazer e deixe Jungkook quieto! Não erre novamente — falou em um tom desanimador para si mesmo, encolhendo-se no sofá.
Ele não queria errar naquela relação, não queria se tornar o Jimin de antes. Mas aquele era o jeito dele, e não pegar o celular para falar com Jungkook o deixava mais frustrado. Passou vinte segundos encarando a tela e, quando seus dedos avançaram no celular, viu o nome "Jungkook" brilhar.
— Alô? — Jungkook soou empolgado enquanto o ruivo apenas balbuciava palavras. — Hoje é minha folga. Vamos fazer alguma coisa? Quer que eu te busque para irmos à Pop's? Ou podemos ir para o porto aqui perto, você disse que gosta de ver o mar, não é?
— Oi, Jungkook! — O sorriso em seu rosto demonstrava mais do que a felicidade. — Na verdade, por que não vem para cá? Não estou afim de sair, queria ficar em casa mesmo... Podemos ver algum filme, o que acha? — Perguntou apreensivo, temendo que Jungkook negasse ou que o achasse patético demais
— Pode ser, desde que você esteja ao meu lado.
— Jungkook, seu bobo, saiba que... — Jimin hesitou, pensando sobre o que ia falar. Suspirou e desistiu. — Deixe para lá, apenas venha. Vou fazer pipoca, está bem?
— Sim, pode ser. Sua tia não vai achar ruim eu ir aí, sei lá...? Não sei se você contou para ela sobre mim. Contou? — Perguntou Jungkook, curioso.
— Não se preocupe com isso, ela não está em casa e não vai voltar tão cedo. — Jimin respondeu. Na verdade, o que Jungkook queria ouvir era um grande "sim", já que Jin, a pessoa mais próxima a ele, sabia até demais sobre o ruivo. Mas não se importou, pois, como haviam conversado, Jimin não queria apressar as coisas e ele o entendia muito bem.
