Circuito de Mônaco, maio de 2016
POV Daniel Ricciardo
Voltar para casa foi um tanto especial dessa vez. Estava com saudades das ruas de Monte Carlo, e logo receberia meus pais para mais um GP em Mônaco. Eu sentia falta de Perth, do calor australiano e de encher a cara com amigos de infância. Mas com o passar do tempo eu aprendi a amar aquele canto no meio da Europa. De qualquer forma, eu ainda podia beber com outros amigos, certo?
Metade do grid morava em Mônaco, então era natural encontrá-los de vez em quando. Mas dessa vez fiz questão de passar um pouco mais de tempo de qualidade com Max. Para mim, sempre foi uma questão muito importante ter um bom relacionamento bom com meu companheiro de equipe, com todo mundo no paddock todo... Mas o Max tinha um agravante: onde estavam seus amigos? Eu já sabia do relacionamento turbulento com Jos, seu pai, mas era só a superfície de quem ele realmente era.
Então nessa uma semana e meia, fiz questão de bater na sua porta todos os dias. Ele era um cara muito legal - ok, uma bomba relógio de raiva de tempos em tempos, mas de riso fácil quando deixava se entregar ao momento. Fomos treinar juntos, correr juntos, visitar bares locais, as festas que antecedem a corrida. O apresentei a meus pais e a minha namorada, Jemma. Enchemos bastante a cara juntos, demos muitas risadas e alguns vexames. E a cada dia, um vínculo se fortalecia, uma amizade realmente se instalava. Quem sabe ele só precisasse de alguém de confiança do lado dele.
Na quarta-feira da semana da corrida, promovi um churrasco em casa, para amigos e pilotos. Muitos apareceram, como meu ex-companheiro de equipe Daniil, Hülkenberg, Lewis e meu grande amigo Felipe, acompanhado da esposa e filho, já com 6 anos. Como o tempo passa. Parecia que fazia só algumas corridas atrás que Felipe sentava comigo, com lágrimas nos olhos, visivelmente emocionado e orgulhoso, mostrando as fotos do Felipinho bebê. Agora, dias atrás, já brincávamos de mini kart na varanda do apartamento da família Massa. Passava pela minha cabeça a ideia de ser pai também, algum dia no futuro. Poder andar de kart com meu filho, incentivá-lo a seguir seus sonhos, a perseguir a felicidade. Ao pensar nisso, sorrio tristemente, olhando Jemma do outro lado da sala.
A verdade que eu não queria engolir é que nosso relacionamento andava bem abalado. Enquanto eu estava chegando ao ápice da minha carreira, cada vez mais preparado para mais vitórias... Jemma queria que eu me aposentasse e tivesse uma vida mais tranquila, que já tínhamos dinheiro o suficiente para uma vida inteira de mordomias. A experiência de tê-la morando comigo por um ano em Mônaco só destacou como nossos caminhos começavam a se distanciar cada vez mais. Não era só pelo dinheiro, era pela adrenalina, pela glória... E eu estava mais do que preparado para finalmente ganhar em Mônaco, um dos circuitos de maior prestígio no calendário.
Ao atravessar o espaço, encontrei meus pais sentados no sofá, conversando animadamente com Max. Ele ria de algo que eles contaram, provavelmente alguma besteira da minha infância. Me juntei a eles, abraçando minha mãe com um braço, a outra mão com o copo de whisky. Às vezes era tudo que eu precisava, esse carinho... era tão raro vê-los fora das férias, mas Mônaco era especial, fazia questão de trazê-los. Minha mãe olhava Max com ternura, meu pai contava histórias do kart a ele como se fossem verdadeiras batalhas homéricas. Max prestava atenção em cada palavra, entretido. Eu me perguntava se ele tinha tido essa atenção ao longo da sua vida.
Dias depois, o fim de semana finalmente começava. A classificação foi perfeita do meu lado, cravando um tempo melhor que as duas Mercedes e conquistando a primeira pole position da minha carreira na Fórmula 1. Largar na frente em Mônaco era quase a certeza de vitória, e eu queria muito a histórica glória daquelas ruas. Já Max foi diferente... sua agressividade custou-lhe um câmbio quebrado num acidente, e ele largaria do fundo do grid. Durante as entrevistas, o vi dando declarações de poucas palavras, carrancudo. Andamos juntos em direção ao morothome da Redbull, enquanto ele reclamava das curvas estreitas e como não era justo ter acabado no guard rail ao tentar fazer aquela manobra.
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Como chegamos aqui?
RomanceÉ a última corrida de Daniel Ricciardo e Max Verstappen juntos. Que tal permitir uma viagem ao passado, entre corridas e sentimentos? Indicado para maiores de 16 anos. Atenção: Essa história mistura fatos e ficção. Não leve a sério todas as informaç...