Um papai igualzinho o tio Fred, mamãe!

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Fazia um dia que Rose estava internada no St. Mungus. Hermione e Fred haviam passado a noite ali, junto com Jorge, Harry e Gina, que havia passado na casa de Hermione antes de chegar no hospital, trazendo consigo as coisas que Rose poderia precisar. Nem Fred, nem Hermione pregaram os olhos a noite toda – não conseguiriam mesmo que quisessem.

Ela estava sentada ao lado da amiga, ainda longe do rapaz que já estava um pouquinho mais calmo. Depois de esfriar a cabeça, a momentânea raiva da morena passou e a razão falou mais alto: não era culpa dele. Ele não tinha como saber que a filha tinha alergias quando, semanas atrás, ele ao menos sabia que tinha uma filha. Havia sido um pouco dura ao sair da sala de espera mais cedo, mas estava com o pensamento em Rose. Ela era sua pequena, e já faziam três anos que Hermione não sabia mais como era viver sem ela. Não conseguia imaginar o que faria se algo acontecesse a Rose.

A ruivinha havia sido uma grande surpresa na vida da garota. Com dezenove anos e um estágio de três anos em sua frente, nunca imaginou que as coisas seriam do jeito que foram. Ficou confusa no início, afinal, já estava em Buenos Aires, trabalhando e tentando se acostumar com a nova cidade, com a nova casa, quando descobriu estar grávida de três meses. Nunca teve dúvidas sobre a paternidade do bebê, afinal, Fred havia sido único em sua vida. Teve dúvidas apenas sobre o que faria a partir daí. Dúvidas que tornaram as coisas a bola de neve atual, uma vida cheia de segredos e mentiras.

Mas apesar de tudo, não havia passado por sua cabeça não ter o bebê. Sabia que era uma enorme mudança em sua vida, que não teria mais noites bem dormidas e que sempre estaria preocupada em saber se seu bebê estaria bem ou não, ou se estaria precisando de algo ou não. Sabia muito bem disso, assim como sabia que já o amava desde os primeiros momentos.

Seus pais também ficaram bastante surpresos com a notícia, mas a apoiaram em tudo o que precisou, mesmo de longe, assim como a Sra. Weasley e Draco.

Draco. Desde que voltaram a Hogwarts para completar os estudos, os dois viviam praticamente grudados, depois, é claro, de um enorme e sincero pedido de desculpas vindo do loiro. Harry e a maioria dos Weasley's demoraram a aceitar essa amizade repentina entre Hermione e o antigo inimigo do trio, mas acabaram por parar de implicar, o que foi ótimo, já que Draco foi o único para quem pode contar todo o ''drama'' que estava vivendo, assim como fora ele quem a ajudara em praticamente tudo durante a gravidez – e depois dela.

Assim como Molly, que não poderia ter ficado mais radiante com a notícia do segundo neto. Ela havia sido uma segunda mãe para Hermione, e a morena não podia ser mais grata por isso. E ainda assim, existia toda essa confusão. Do que adiantava todo esse apoio se Molly não podia aproveitar a neta junto a família? Ou se a pequena não podia viver uma vida normal com a família que já a adorava sem saber de nada?

Foi pensando nisso que Hermione chegou à conclusão que toda sua raiva, horas atrás, não era com ninguém mais, ninguém menos, do que ela mesma. Por ter escondido isso por todo esse tempo, por achar estar fazendo o certo sem perceber o quanto estava machucando as pessoas ao seu redor, as pessoas que amava. Sentiu uma lágrima gelada cair sobre seu rosto e tirou a mão do fundo do casaco para secá-la, olhando para Fred que ainda a olhava.

Virou-se para Gina que dormia abraçada em Harry, que também dormia, e foi até Fred, sentando-se ao seu lado.

― Desculpe-me por hoje mais cedo. ― Hermione disse, sem encara-lo. ― Eu falei sem pensar e fui muito dura, mesmo você não tendo culpa de nada.

― Se não fosse por mim, não estaríamos aqui, Hermione. Não se desculpe.

― Você não tinha como saber, Fred. E poderia ter acontecido a qualquer momento, com qualquer pessoa. ― a garota virou-se para o ruivo, suspirando.

― Não, Hermione. Eu...

― Não é o lugar ou o momento para discutirmos quem é o culpado ou não, tudo bem? ― Hermione interrompeu o rapaz, dando meio sorriso. ― Quando a Rô sair daqui, nós discutimos, o que acha?

Antes que ele pudesse responder qualquer coisa, Draco apareceu na frente dos dois, com um sorriso no rosto:

― Adivinha quem acordou e não para de tagarelar?

....

― Mamãe!

― Oi, meu amor. ― Hermione sentou-se na cama da filha, sorrindo. ― Como se sente?

― Bem. O tio Draco me deu um suco muito ruim, mamãe, mas eu tomei porque ele disse que ia fazer parar de doer. ― a pequena soltou, fazendo bico. ― Cadê o tio Fred?

― Ele está lá fora, meu amor. ― a morena respondeu, um pouco surpresa.

― Ele está bem, mamãe? Ele ficou preocupado quando eu fiquei dodói, aí me trouxe aqui. Mas o tio Draco cuidou de mim, e agora eu estou bem.

― Está sim, meu amor. ― Hermione sorriu. ― Você quer ver o Fred? ― perguntou, enquanto a pequena assentia, animada. ― Tudo bem, eu vou chamar ele. Se comporte, ouviu mocinha?

Poucos minutos depois, Hermione e Fred já estavam com Rose que, apesar de ainda não estar completamente bem, falava bastante. A pequena já havia perguntado sobre toda a família, sobre Bichento e sobre toda a coleção de bichos de pelúcia que estavam em casa, incluindo Mack e Nina, suas corujas preferidas. Rose também já havia falado sobre todos os detalhes da tarde com Fred, e sobre como havia gostado de sair com ele, e como ele era divertido.

―... e ele disse que, quando eu crescer, se eu ainda quiser, ele vai me dar um nomo, mamãe! ― Rose terminou de narrar uma das conversas com Fred, batendo palmas.

― É mesmo, Fred? ― a garota o olhou, divertida, enquanto ele disfarçava, encarando Rose.

― Eu achei que ia ser nosso segredinho, princesa! ― disse, reprimindo um sorriso.

― Desculpa, tio Fred. ― a ruivinha pediu, em meio a um bocejo.

― Acho melhor você descansar mais um pouquinho, meu amor. ― Hermione disse, e antes que a filha dissesse algo, completou: ― Quanto mais rápido você melhorar, mais rápido vamos para casa e você vai poder voltar a brincar com os seus bichinhos, e até sair com Fred, se quiser.

Pouco tempo depois, Fred e Hermione já se despediam da pequena já deitada outra vez. Enquanto a morena terminava de arrumar Rose entre as cobertas azuis do hospital Fred, que já se dirigia para a porta não pôde deixar de ouvir quando a pequena disse, baixinho:

― Eu quero um papai igualzinho o tio Fred, mamãe.  Aí ele vai brincar comigo, e me dar um nomo!

Sem saber direito o que fazer, Hermione apenas sorriu e deu um beijo na testa da filha, saindo do quarto logo em seguida. Assim que fechou a porta, encarou Fred suspirando:

― Nós temos que contar para ela, e, por favor, pare com essa história de gnomos! ― terminou, arrancando um sorriso dele, sem deixar de sorrir junto.

Como se ainda fosse real - fremione   //Concluída //Onde histórias criam vida. Descubra agora