O sol brilhando forte naquela tarde parecia ser ironia do destino naquele momento. Hermione tentava manter-se neutra, mas nada parecia colaborar com aquilo: via pequenas lágrimas caírem no rosto de Gina, que estava com a cabeça deitada nos ombros de Harry, Rony e Claire seguravam a mão um do outro, o ruivo com a cabeça baixa. George, ao lado dos pais, havia parado de chorar há pouco, mas era perceptível que era ele quem emanava a tristeza maior naquele jardim lindo. Ao lado de Granger, Draco segurava Rose no colo, acariciando os cabelos ruivos da menina, que não demonstrava reação alguma, por mais incrível que fosse. Fechando os olhos para melhor sentir o vento que soprava, a morena deixou a mente voar para inúmeras lembranças que pediam passagem: o primeiro beijo, as incontáveis noites que passaram juntos, os dias bons com Rose, as possibilidades que haviam perdido - tudo voltava como ondas avassaladoras, quebrando-a por dentro e fazendo as lágrimas voltarem. Ao longe, sentiu Draco tocar seu ombro levemente, chamando sua atenção para o que acontecia ao seu redor: a hora havia chego. Não estava preparada, mas sabia que nunca estaria, não para aquele discurso. Calmamente, levantou-se e caminhou até o pequeno palco, evitando pousar os olhos sobre o caixão que guardava o corpo de Fred Weasley.— Eu pensei em inúmeras maneiras de começar isso, reescrevi esse texto mil e uma vezes e quando achei que estivesse pronto, percebi que nada disso era o que Fred iria querer. — a garota suspirou, olhando reto, evitando a própria família. — O fato disso tudo ter acontecido tão rapidamente nos faz pensar que não temos como prever o futuro. Isso já era claro para mim antes, mas acabamos nos envolvendo com tantas outras coisas que esquecemos que não temos o amanhã garantido. Fred e eu tínhamos muita enrolação envolvida, até demais, e todo mundo sabe disso. E apesar de não estamos mais juntos, levamos isso como garantia de que nunca iríamos acabar, querendo ou não, estávamos vivendo como se o que tínhamos vivido antes ainda fosse real. E por mais que não estivéssemos em nossa melhor fase, tenho certeza que nada dentro de nós mudou. Por isso tenho plena certeza que posso dizer que Fred não gostaria de nos ver nesse estado, seu objetivo sempre foi fazer as pessoas rirem, e posso dizer que ver-nos assim apenas o faria mal. Eu sei que dói, por Merlin, eu sei. Tem três noites que eu não durmo. — Hermione forçou uma risada nasalada antes de prosseguir. — Mas o fato dele não estar mais aqui não muda o objetivo. Acho que é nisso que temos que nos agarrar, porque pelo menos assim, a cada risada, vamos saber que ele está aqui, que ele está conosco. — baixando o tom de voz e finalmente olhando para o caixão, Granger findou: — Eu te amo, Fred Weasley. Isso não vai mudar não importa o que aconteça, e você sabe disso. Nosso pequeno infinito valeu por mil vidas e eu sou grata por isso. Ainda estarei aqui quando você voltar.
Sem mais delongas e deixando uma lágrima escorrer, Hermione desceu do pequeno palco, caminhando sem pressa até a cadeira onde estava, pegando Rose no colo quando a filha se aproximou e prendendo a respiração ao ver Júlia parada em pé, encarando-a com um sorriso no rosto antes de falar:
— Eu disse, Hermione. Fred é meu, de mais ninguém. Não importa o preço que precise pagar por isso. — a morena riu, tirando a varinha do bolso e apontando-a para Granger. — Mas não se assuste, você não tem mais nada com o que se preocupar. Porque Fred se foi, e você também vai, mas vai para o inferno, longe dele, que o que você merece. Avada Kedavra!
Hermione acordou assustada, enrolada no edredom de Draco. Respirando fundo, olhou ao redor, o relógio na mesa de cabeceira marcava quase cinco da manhã e ela soube que não voltaria a dormir, pelo menos não naquele dia. Sentando-se na cama, sentiu a cabeça latejar e o corpo voltar a doer insuportavelmente no local do machucado mais recente, fazendo a garota suspirar. Procurou por Draco, que dormia calmamente na poltrona perto da porta, as fundas olheiras escondidas por uma mecha de cabelo que caía sobre o rosto ainda pálido. Com um sorriso no rosto, caminhou até ele, colocando a mecha para trás e cobrindo-o melhor antes de sair do quarto, apenas de meia e com a camisa dele, que vestira após o banho, e foi até a sala, sem saber direito o que fazer: estar no apartamento de Draco nunca havia sido estranho, era como estar em casa, mas naquela noite tudo parecia diferente. Por mais que não quisesse admitir, Hermione estava assustada: não queria acreditar que Júlia pudesse ser responsável pelo ataque no Ministério, mas sabia que existia a possibilidade daquilo ser real e aquilo a assustava mais do que o próprio Voldemort.
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Como se ainda fosse real - fremione //Concluída //
Romance-E o quê? Acha que eu vou deixar de gostar de você só porque vamos ficar separados por três anos? Por Mérlin, Hermione! (...) Entenda, de uma vez por todas, eu amo você! E não são três anos que vão mudar esse sentimento. -E você acha que eu não sint...