Assim que o beijo se desfez, Hermione se afastou de Fred, apoiando-se na pia da cozinha, de costas para o rapaz. Sentia seu coração bater a mil por hora ao mesmo tempo em que sua consciência berrava o quão errado havia sido aquele beijo, que, embora não admitissem, os dois esperavam desde a volta de Hermione. Um turbilhão de sentimentos corria dentro da garota que sentia as mãos tremerem ao virar para o rapaz novamente.
—Fred, eu....
—Olha, isso não... Não se preocupe, não vai se repetir. —Fred terminou, se levantando. —Eu acho melhor ir. Diga à Rose que mandei um abraço.Hermione o acompanhou até a porta ainda em silêncio, abraçando o corpo para mascarar o nervosismo. Observou Fred colocar o casaco e acenar um até logo antes de fechar a porta e voltar para a cozinha, respirando pesadamente. Sentia-se culpada pelo beijo e ainda mais por ter gostado da sensação dos lábios de Fred nos seus, trazendo à tona todos os sentimentos que a garota julgou trancar ao longo dos últimos três anos.
Com um aceno de varinha, organizou a cozinha e foi para o quarto logo em seguida, tirando as botas e trocando a roupa pesada por um pijama confortável e quentinho, jogando-se na cama logo depois de uma última olhada na filha, que dormia tranquila. Sentiu Bichento se acomodar em seus pés e sorriu, fechando os olhos sem se importar com o que sua mente faria a seguir.—Você não vai fazer nada mesmo? Ele me odeia! — Fred dizia, indignado, enquanto o gato laranja ocupava sua cama e o atacava quando o rapaz ameaçava chegar perto para tirá-lo dali. —Pare de rir, Hermione, e por favor tire esse monstrinho daqui.
—Ele é só um gato, Fred. —a garota riu, pegando o animal no colo e soltando-o para fora do quarto logo em seguida. —Não vai fazer nada com você.
—Errado. Eu sou um gato, Mione. Ele é um monstro pronto para atacar qualquer um que aparecer na frente! —A garota riu do drama que Fred fazia e preparou-se para sair do quarto, desejando boa noite. —Não, de jeito nenhum, Hermione. Onde você pensa que vai com uma fera dessas solta por aí? —Fred disse, puxando a garota para perto de si. —Você vai ficar aqui e me proteger caso aquela coisa volte.
—Eu vou? —a garota provocou, levando os braços até o pescoço de Fred, que a segurava, pela cintura, bem próximo de si. Sentiu os lábios do rapaz em seu pescoço devolvendo a provocação e sorriu antes de concordar —Acho que vou sim.Fred acordou com o braço dormente, e ao virar-se para tentar mexê-lo, se arrependeu; Hermione dormia tranquilamente em seu peito, o cabelo bagunçado e a respiração serena. O rapaz sorriu ao olhar para a garota, tentando entender como haviam chegado até ali. Se conheciam desde sempre mas nunca foram tão próximos, afinal, Fred era mais velho e os dois eram diferentes em quase tudo, mas desde que ficaram encarregados de limpar toda sede da Ordem, a antiga casa da família Black, os dois haviam se aproximado sem ao menos notarem: quando se davam conta, estavam rindo e se ajudando, causando desconfiança em Jorge e Gina, os únicos que repararam em algo diferente. Algo que não durou muito, já que em Hogwarts as coisas ficaram complicadas e, se não fossem pelas reuniões da AD, os dois quase não se viam, já que os gêmeos estavam focados nos logros para a loja e Hermione, focada nos estudos e nos problemas do trio.
Fred lembrava-se, porém, do apoio que havia recebido da garota no Natal, logo após o ataque ao Sr. Weasley. Lembrava-se de estar com a cabeça cheia e confuso, e lembrava dos passeios que davam pela, às vezes calma, às vezes movimentada, Londres trouxa, e, apesar disso, não lembrava de onde surgia a vontade de olhar Hermione o tempo todo, admirar a garota em qualquer coisa que fazia, e, acima de tudo, não lembrava o que lhe fez beijar a garota na noite de Ano Novo. Ele não sabia também o que levou a garota a corresponder essa maluquice toda, e apesar de achar que isso não iria longe, Fred era grato por ter Hermione perto de si durante as fugas dos dois e durante o curto espaço de tempo que conseguiam ficar sozinhos sem serem notados por ninguém. Embora os dois estivessem cansados de se esconder ou de não saber o que realmente eram ou o que estavam fazendo, momentos como este faziam valer a pena.
—Você fica muito fofinho me olhando assim, sabia?! —Hermione sorriu, abrindo os olhos aos poucos, e tirando Fred dos seus pensamentos.
—Sei, é bem difícil eu não ser fofo, ou lindo, ou...
—Você realmente sabe como quebrar o clima —Hermione riu, sentando na cama e prendendo o cabelo em um coque, tentando disfarças a juba que se formara.
—Aonde vai? —Fred perguntou, sonolento ao ver a garota levantar.
—Para o quarto. Se alguém entra aqui, ou no quarto de Gina e percebe o que fizemos, estamos ferrados, Fred.
—Teria valido a pena. —ele sorriu malicioso, olhando para as pernas de Hermione, que vestia uma de suas camisas de quadribol. Abriu ainda mais o sorriso quando a garota revirou os olhos e puxou a camisa para baixo, saindo do quarto logo em seguida. Suspirou antes de se jogar de volta na cama, afinal ainda era cedo, e fechou os olhos ainda sorrindo, sem entender o poder que Hermione exercia sobre ele.
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Como se ainda fosse real - fremione //Concluída //
Romance-E o quê? Acha que eu vou deixar de gostar de você só porque vamos ficar separados por três anos? Por Mérlin, Hermione! (...) Entenda, de uma vez por todas, eu amo você! E não são três anos que vão mudar esse sentimento. -E você acha que eu não sint...