Cap 3

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Grego

Entramos em casa e deixei as duas pirralhas lá em baixo, subi pra tomar um banho. Não tinha planos de ficar em casa, a noite era uma criança e eu era outra.

Terminei meu banho tava indo no quarto da Brenda avisa que ia dar um rolê no asfalto com os moleque quando passei no corredor em frente ao quarto de hóspedes e ela tava lá Só de calcinha, vestindo uma camisa.. porra era minha camisa

Grego - Tá cheia de folga em loira - encostei no batente vendo ela se assustar

Luísa - Me mata de susto mesmo garoto, eu hein - falou com a mão no peito

Grego - De susto eu não pretendo mais de tesao se você quiser - vi ela ficar vermelha da cor de um tomate - fica com vergonha não pô. Aliás, tá com a minha camisa por que ?

Luísa - Brenda me deu pra dormir, mais se tu quiser eu devolvo

Grego - Tá mec, vou sair avisa a Brenda. - Tava saindo e a doida segurou meu braço

Luísa - Me deixa ir junto ?- fez mô cara de pidona

Grego - Sou baba não, fica suave aí - fui sair e ela me puxou de novo - Sai da bota tio, já falei que não - e ela me encarou mais

Luísa - Por favor grego..- falou baixinho

Grego - Tá porra, se adianta então, tenho o tempo do mundo não

Ela foi pro quarto da Brenda e eu desci pra assistir algo, peguei um pacote de bolacha e me joguei no sofá. Passou uns 15 min elas desceram

Brenda - pra onde vamos - sentou do meu lado

Grego- praia - respondi sem tirar atenção do jogo

Luísa - Essas horas ? - riu e puxou o pacote de bolacha da minha mão comendo uma

Grego - já não te curti mano, tu é abusadona devolve - tomei de volta - curto ver o nascer do sol

Saímos em direção ao carro. 10 min estávamos estacionando na praia, desci e fui indo em direção a água, tirei o chinelo e molhei os pés, sentei na areia e me perdi nos pensamentos. As vezes é foda, da uma saudade do meu coroa. Se eu tenho alguma coisa é pelo meu suor e pelo que eu aprendi com meu coroa, o que mais me dói é nao ter conseguido me despedir dele.

Luísa

Luísa - Que traficante fajuto seu irmão, nascer do sol é? - gargalhei - não é assim com os das séries

Brenda - Tem um significado pra ele, meu pai trazia a gente aqui, era o único horário que ele podia fazer algo com a gente sem ter o risco de ser enquadrado. - minha cara foi no chão

Luísa - Poxa amiga desculpa eu não sabia - fiquei mega sem graça de ter debochado

Brenda - relaxa, é em momentos assim que eu vejo que o grego, meu irmão grego não morreu, nem se perdeu no tempo.. fazia tempo que ele não fazia isso - fiquei sentada só ouvindo. - Ele se transformou nisso depois que nosso pai se foi, essa muralha, fria e inabalável, ele não sente absolutamente nada, por ninguém. Eu sei que no fundo ele faz de tudo pra me ver bem, mais as vezes demonstrar não mata ninguém.. - o olho dela encheu de água

Luísa - o que houve com teu pai amiga ? - eu não quis ser curiosa, só queria entender o lado dele

Brenda - Já faz uns anos.. Grego tinha 16anos, meu pai sempre fez de tudo pra gente ter tudo do bom e do melhor, grego sonhava em se tornar juiz. Estudava numa escola partícula fora do morro. Uma vez saiu da aula e foi pra uma praça com uns amigos, geral fumava então foram enquadrados. A quantidade não era grande o suficiente pra incriminar ninguém mais lógico que socaram no cu de quem ? Dos filhos de doutor é que não foi, foi no morador da favela. Minha mãe fora, eu pequena, meu pai teve que ir no dp do conselho tutelar buscar ele. Até então suave, ninguém reconheceu nem nada, problema foi quase chegando no morro, cercaram eles e levaram meu pai. 19 anos de cana- engoli o bolo na minha garganta e me forcei a perguntar.

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