Cap 44

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Grego

Desci em casa pra pegar umas roupas, tava na hora de colocar a Fernanda pra fora, precisava da minha casa de volta. Entrei pedindo a deus que ela não estivesse em casa, mas acho que na orei o suficiente, ela estava sentada no sofá da sala com um pote de sorvete na mão.

Fernanda - Se mudou e esqueceu de me levar junto Ariel ? Não dorme em casa tem dias - falou me olhando seria

Grego - Tô com tempo pra você não, me erra - tava subindo pro quarto

Fernanda - Eu preciso falar com você, e é bem sério. - eu olhei pra ela que mantia a expressão séria.

Grego - Da uns 10 aí - tomara que ela diga que tá indo embora por conta própria, se isso rola eu estouro champanhe pro morro todo

Subi tomei um banho, troquei de roupa e deixei umas roupas arrumadas pra levar pra casa da Loira, mas antes desci pra ver o que o estrume queria.

Grego - Diz aí, sem enrolação que eu tô com pressa - sentei no sofá e ela me entregou um envelope eu abri e comecei a ler aquele monte de informações e me atentei a um POSITIVO perdido no meio de tudo.

Grego - É oque isso aqui? Tá com covid ? - ela riu e se aproximou de mim, pegou na minha mão

Fernanda - Não bobinho, nós vamos ter outro bebê - colocou minha mão sobre a barriga dela mas eu puxei de volta e voltei a encarar o papel

Não vi o exato momento em que a Luísa entrou na sala, sabia que ela tava lá pela voz, mas não consegui olhar pra ela.

Fernanda - Tá fazendo o que aqui ? Não tá vendo que é um momento em família - falou com tom de deboche

Luísa - Eu só vim.. - ela começou mas a Fernanda interrompeu

Fernanda - Você tá atrapalhando não tá vendo ? Eu e o Grego precisamos decidir as coisas do nosso filho a sozinhos e sem interrupções, se puder sair e fechar o portão - falou com ênfase no "filho" - Ah é deixa eu te falar a novidade, somos 3 agora - passou a mão na barriga

Eu tava tão em pânico que não disse nada, nem se quer me mexi. Fiquei imóvel encarando aquele papel.

Meu sonho era ser pai, mais meu maior sonho ainda era ser pai de um filho da Luísa, que era quem eu amava. Era ela a pessoa com quem eu queria montar uma família. Mas independente de qualquer coisa meu pai me fez homem e jamais que eu ia abandonar meu filho, mesmo que pra isso eu tivesse que abandonar a Luísa.

Eu precisava pensar e esfriar a cabeça, a Fernanda me olhava com um sorriso enorme e eu não conseguia demonstrar emoção nenhuma. Eu só subi pro quarto fechei a porta e fui pra varanda fumar um.

Depois de alguns minutos me dei conta de que a loira devia estar pilhada com a história tanto quanto eu, mandei uma mensagem. Sem sucesso ela não respondeu. Esperei a Fernanda sair pra não ter que dirigir a palavra pra ela e subi na Luísa.

Um silêncio estava pela casa, fui em direção a escada e o faísca vinha descendo

Grego - Tá fazendo o que aqui ? - encarei ele descendo

Faísca - Tava com a Lu - falou na simplicidade e passou por mim - Ela tá dormindo, melhor deixar ela descansar, custou pra fazer ela se acalmar.

Grego - Eu quero ver ela - ele me interrompeu

Faísca - Pensa na mina uma única vez ? - virou pra mim nitidamente puto - Para de ser egoista uma vez e deixa a mina descansar ! Não basta tudo o que tu faz ela passar agora nem descansar ela pode ? É surreal o amor que ela tem por você pra se submeter a passar por tudo o que ela já passou por alguém que não consegue fazer nada além de alimentar o seu próprio ego. - meu sangue ferveu e eu tava pronto pra ir pra cima dele

Grego - E você sabe de que ? Você chegou agora e tá aí falando bosta! Eu amo aquela mina, ela é tão importante pra mim quanto esse morro - ele me interrompeu

Faísca - Irmão, olha a comparação que você faz.. - fez uma pausa - Eu não preciso estar aqui a muito tempo pra saber de várias mancadas que tu deu com ela, deixa a mina viver a vida dela em paz, se tu não vai ajudar também não atrapalha, a Luísa é incrível, merece mais que todo mundo ser feliz, tu sabe disso mais que eu.

Será que eu tava atrasando a felicidade da loira ?

Eu não disse mais nada, talvez o faísca tivesse razão, talvez fosse melhor eu deixar ir, ela merecia ser feliz e eu não era capaz de proporcionar isso pra ela.

Faísca - Eu aviso que tu passou aqui - falou quando eu levantei e ia saindo - Quando ela tiver pronta pra conversar ela vai te procurar irmão, mais respeita o tempo dela.

Eu apenas acenti e sai, fui pra boca, tava bolado, precisa pensar em outra coisa. Entrei na minha sala e comecei a olhar as papeladas mais não conseguia focar, mexi e remexi naquilo tudo mais parecia que o serviço não rendia.

Faísca

Eu curtia a Lu, não como ela me curtia mas eu não tinha pressa. É foda, existem dois tipo de pessoas nas nossas vidas, o amor da nossa vida e o amor pra nossa vida.

A diferença entre eles é que um você quer, o outro é o que seria ideal, claro que existem casos onde o amor da sua vida e o pra sua vida se encontram na mesma pessoa, privilegiados eu chamaria quem conseguiu encontrar tudo isso em uma pessoa só.

Vim de São Paulo pra cá pouco tempo depois de terminar um relacionamento de 8 anos, eu jurava que ia casar com aquela maluca. Vitória e eu morávamos na mesma rua desde sempre, a garota sempre foi a minha paixão desde menor, com 14 a gente começou a namorar, com 16 eu entrei pro tráfico, com 19 a gente foi morar junto. A mãe dela faleceu quando ela tonha 17 e desde então era eu por ela e ela por mim, a mina sempre foi responsa, cabeça, até se deixar levar pelas amizades. Vocês devem tá pensando quem sou eu pra julgar alguém já que quem trampava na boca era eu. Mas era por necessidade não por escolha. Não conheço meu pai, o sangue bom foi comprar cigarro e nunca voltou, minha mãe tinha eu e mais dois, Gisele e Guilherme, gêmeos. Os dois eram filhos do Marcos, meu padrasto, foi lá pra casa quando eu já tinha 6 anos, não tenho gratidão nenhuma por ele, nunca fez nada por mim.

Quando eu sai de casa tinha sido pra não matar aquele filha da puta, bebado escroto. Todo dia uma treta, chegava mamado e queria ir pra cima da minha coroa, pior de tudo ela o defendia. Quando sai de lá jurei que se ele relasse nela o pipoco comia pro lado dele. Poucos meses antes do meu término com a vitória ele me pegou num dia virado, tinha acabado de descobrir uma traição da vitória, entrei em casa e o maldito tava em cima da minha mãe, não pensei duas vezes, o pipoco estralou. 8 tiros, 5 no rosto, caixão lacrado e minha mãe não falava mais comigo. Lembro exatamente o que ela me disse.

" você cresceu sem pai e fez o mesmo com os seus irmãos"

Sempre dei de tudo pra eles, mantia a minha casa e a da coroa, hoje mesmo não falando comigo ainda mando grana pra casa, eles nunca vão passar o que eu passei, não enquanto eu estiver vivo. Eles não precisam daquele imundo que se dizia pai, eles tem a mim.

Vim pro Rio quando grego soube do que rolou com o Marcos, ele me chamou pra trampar com ele, disse pra minha mãe ir junto mas a coroa se negou a sair de lá.

A Vitória? Ah essa aí virou marmita de traficante, pior, pôr dinheiro. Sempre dei de tudo, desde o material ao amor e carinho e de nada valeu. A ingratidão é uma merda !

Amor bandido Onde histórias criam vida. Descubra agora