Capítulo 5

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Zoe acordou sentindo uma dor de cabeça terrível, além de náusea. Tentou se levantar devagar, apenas para constatar que estava presa a um catre. Em meio à desorientação, um início de pânico começou a se instaurar em sua mente. A sensação de estar presa era aterradora. Tentou se lembrar de como havia chegado ali. A última coisa de que se lembrava era de ter fugido de uma casa em que estivera com Mike. Há quanto tempo teria sido?

Se manteve em silêncio e aguardou seu olhar se acostumar com a escuridão do lugar. Não queria alertar seus captores de que estava acordada, ainda não. Fazia frio ali, muito frio. Estava com as roupas intactas, mas reparou, sem nenhuma surpresa, de que as armas não se encontravam mais ali. Também haviam removido sua jaqueta, o que intensificava o frio que estava sentindo. Ok, conforto não é algo que desejam que eu tenha. Mas até aí era de se esperar, diante da situação.

A cela em que se encontrava era pequena, continha um vaso sanitário quebrado e uma pia, além do catre aonde estava deitada. Apenas sua mão direita estava algemada à cama, portanto conseguiu se sentar. Gostaria que a ação houvesse sido mais silenciosa, mas o catre era muito barulhento.

Precisava de água. Sua garganta estava seca e era difícil engolir. Para chegar até a pia teria que se esticar bastante, mas era possível. Sua cabeça latejava a cada movimento, todo o seu corpo estava rígido. O que aconteceu comigo? Como vim parar nesse lugar? Estava tentando ao máximo se recordar, mas era como se sua memória estivesse bloqueada.

Conseguiu tomar água e usar o vaso. Todo o lugar fedia a secreção humana. A água tinha um sabor esquisito, e ela não queria saber de onde vinha. Esperava não ficar doente. A cada minuto que passava, tinha mais certeza de que havia sido drogada. Meu Deus, que frio. Sentia seu corpo tremer sob a roupa fina. 

De volta ao catre, começou a inspecionar a algema. Era uma algema comum, que poderia facilmente ser aberta com um clips ou grampo de cabelo. Também havia a alternativa de deslocar o dedão para escapar, mas preferiu poupar esforços e energia para entender o que estava acontecendo. Será que "A Organização" a havia capturado? A entregariam ao Carrasco, como fizeram com Mike? Esse pensamento fez com que calafrios que não tinham nada a ver com o frio descessem por sua espinha. 

Estava contando segundos para passar o tempo. Quando chegou no sete mil quatrocentos e vinte e um, ou seja, um pouco mais de duas horas, ouviu passos ao lado de fora de sua cela. Hora da ação - pensou Zoe. Ao abrirem a porta ela já estava sentada. Dois homens altos vestidos de preto entraram, carregando armas semiautomáticas e cassetetes. Ambos tinham o rosto com feições duras e olhares indiferentes.

Um deles se abaixou para soltar a algema ligada ao catre. Seu pulso direito já estava com uma marca vermelha sensível devido ao atrito. O outro segurava a semiautomática mirando em sua testa. Ela sabia que ele não hesitaria em puxar o gatilho, e ter o cérebro espalhado naquela cela não estava na lista de coisas que queria que acontecesse. Pelo menos não até saber quão fundo na merda estava. O guarda que estivera mexendo na algema fez com que ela se levantasse e prendeu seu pulso esquerdo.

Eles cobriram sua cabeça com um saco preto e a tiraram da cela. Contou os passos e as curvas enquanto andavam, decorando o caminho que tomaram, além de registrar algumas vozes e gemidos durante o trajeto para o que acabou se mostrando ser uma sala de interrogatório. Mas não era uma sala de interrogatório padrão, daquelas em que se vê em distritos policias. Não, aquela fora toda pensada em quebrar o interrogado. Tudo bem, respire.

Zoe teve um flash de memória de quando iniciou sua trajetória na Organização. Estava cursando a faculdade quando a abordaram, em sumo por suas habilidades linguísticas. Ela falava na época quatro idiomas, pois sempre fora apaixonada por aprender sobre outras culturas e seus respectivos idiomas. O interesse da Organização nela despertou quando um olheiro¹ a viu discursando perfeitamente em árabe.

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