Capítulo 8

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Zoe estava sentindo bastante dor nas costas após ter sido chicoteada por vários minutos. Os braços doíam por ter ficado pendurada nas correntes, todo o peso de seu corpo sendo sustentado por eles, e os pulsos estavam cortados e ardendo nos pontos onde houvera atrito com a algema. Mas ainda estava viva, ainda tinha forças para lutar, e era isso que importava.

Como no dia anterior, fez um alongamento, dessa vez com mais cuidado e sem movimentos muito amplos, para não abrir nenhum dos vergões cauterizados de suas costas, que estavam ardendo muito, principalmente quando as abas da blusa rasgada encostavam em sua pele. Eventualmente ela desistiu de manter a blusa e ficou apenas com o sutiã e a calça, por mais que estivesse frio, a dor era pior. 

Sua sessão na sala de interrogatório havia sido interrompida por guardas que ela ainda não tinha visto durante a estadia naquela prisão. Algo estava acontecendo e ela logo descobriu o que, sem precisar de muito. Ao ser escoltada de volta à cela, viu de relance uma mulher de aparência importante entrando na sala de onde acabara de sair, ambas trocaram um olhar e Zoe sentiu um calafrio descer por sua espinha.

Ela conhecia a mulher que interrompera seu interrogatório. Katrina Petrovna, sua filha da mãe. Ainda está viva e, se infiltrou na SVR. Ambas treinaram juntas para a Organização. Ela era nascida russa, e havia se tornado órfã muito jovem. Quando saiu do orfanato, ao atingir a idade máxima permitida de estadia, roubou e matou para se sustentar. Era astuta e estrategista, algo que chamou a atenção da Organização, portanto a recrutaram. Com seus olhos azuis frios, cabelos negros enrolados e silhueta sensual, logo estava entre as principais agentes de campo, incumbida de obter informações vitais em diversas nações. Havia uma cicatriz em seu lindo rosto que não estava ali da última vez em que Zoe a vira, e ela se perguntou o que teria acontecido. Mas não se importou muito com isso, pois sua chegada indicava que eles sabiam onde estava, e isso só podia significar uma coisa: ela deveria fugir, ainda hoje, ou seria morta.

Estava com fome, o "jantar" do dia anterior não fora suficiente para saciá-la. Se limitou a tomar mais água para tentar acalmar o estômago. Depois disso, começou a elaborar um mapa mental do que já havia visto da prisão. Sua cela estava no que seria a esquina, ou canto, do prédio, sendo uma das mais afastadas da porta da câmara de tortura. 

Havia uma câmera apontada para o corredor, que o abrangia por inteiro, e pelos pequenos leds vermelhos pôde visualizar quando estavam indo de encontro ao Dr. Sádico no primeiro dia em que seus guardas esqueceram de vendá-la, possuía infravermelho. Precisaria dar um jeito de inutilizar aquela câmera quando estivesse a caminho da próxima sessão de tortura, se quisesse escapar dali com vida.

Até o momento se comportara, fora dócil e um tanto submissa. Estava na hora de mostrar que eles tinham uma raposa no galinheiro. Ah, eu vou me divertir tanto. Continuou a esquematizar seu plano de fuga, já estivera tempo demais sob o domínio da SVR. Logo a Organização daria fim àquilo. Imaginou que eles ainda não haviam intervindo por estarem curiosos a respeito do que a inteligência russa iria querer com Zoe. Caso fosse necessário, eles eliminariam todos que sabiam de sua captura e interrogatório. Eles já haviam dizimado vilas e cidades, isso não seria tão diferente assim.

Conseguiu visualizar em sua mente o diretor de operações da Organização, Kyle Shepard, enviando agentes para fazer reconhecimento do local de onde fora avistada por último, em Wyoming, para sua possível captura ou eliminação, apenas para ficar de mãos abanando, pois a SVR já a havia capturado. Esse foi um pensamento reconfortante, e ela não pôde deixar de sorrir. Contudo não gostaria de sofrer a fúria dele por ter sido tapeado. Com certeza a entregaria ao Carrasco, e mesmo tendo sido difícil nos últimos dias com o Dr. Sádico, não se compararia ao que ele faria a ela, bastava ver o que havia feito a Mike.

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