Capítulo 11

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Baba Yaga era, sem dúvidas, uma mulher linda. Com longos cabelos platinados, descendo abaixo da cintura, que emolduravam um rosto que aparentava ser jovem demais para a profissão que desempenhava, embora o olhar fosse de alguém madura. Os olhos amendoados eram perspicazes, com uma pontada de algo sinistro e frio. Essas eram as características que as pessoas reparavam primeiro, pois ela tinha uma presença imponente. Mas ao observá-la mais atentamente, podia-se ver que as mãos eram deformadas. E não do tipo que acontece por uma alteração genética, mas aquelas que eram adquiridas por meio de acidentes ou crueldade. Ela observava Zoe com um olhar que não deixava passar nada, avaliando-a. As seguranças que acompanharam Mike e Zoe até ali postaram-se uma de cada lado de Baba Yaga, mantendo a vigilância.

- Você não parece muito bem. – Disse Baba, mas não se mexeu para iniciar qualquer exame.

- Precisamos de sua ajuda. Ela está com uma infecção. Tentei retardar o processo com antibióticos, mas é o máximo que minhas habilidades me permitiram fazer. – Disse Mike, enquanto ajudava Zoe a se manter em pé.

- Eu não faço caridade, Mike. Deveria saber a essa altura. – Baba parecia estar se divertindo com a situação. – O que pretende fazer em troca de meus serviços, caso eu o aceite?

Zoe estava com uma aparência péssima, ainda pior do que quando fugiram do gulag. Os antibióticos e antitérmicos ajudaram a mantê-la em movimento, mas caso não tivesse atendimento médico logo para tratar a causa raiz da infecção – as feridas nas costas, principalmente – certamente sucumbiria.

- Posso pagar o valor que...

- Não disse nada sobre pagamento. Perguntei o que está disposto a fazer. – Agora era certeza, Baba estava se divertindo com a situação, olhando para Mike com desprezo. Ela o faria implorar, se assim decidisse, e ainda não haveria certeza de que aceitaria salvar a vida de Zoe.

A máscara de Mike cedeu, mesmo que por um segundo, demonstrando aflição, fazendo com que Baba sorrisse, e não foi um sorriso bonito, o que ficava estranho em um rosto tão belo. O modo como sorriu transfigurava seu rosto, deixando-a com aparência selvagem, e um tanto desvairada.

- O que você quiser que eu faça. Apenas me diga o que quer, mas trate-a. Esses são meus termos. – Mike parecia prestes a tentar a sorte e massacrar a todas naquele lugar.

- Você não está em posição de fazer exigências, nem de demandar nada de mim. Se eu julgar que ela merece minha ajuda, e o que você fizer me satisfizer o suficiente, a tratarei. Embora ela não tenha muito mais tempo, então seja rápido. – Baba era impiedosa, todos conheciam as histórias.

- Mike, talvez devêssemos procurar outro lugar... – Zoe balbuciou, quase de forma incoerente. Mike podia sentir o corpo dela ardendo de febre. Gotículas de suor adornavam a testa dela, as bochechas estavam com o vermelho febril, e os lábios rachados. Ele não podia deixar que ela morresse.

- Me diga o que quer que eu faça, e eu o farei. – Mike podia ter dito o que ela queria escutar, mas Zoe reconheceu a frieza em seu tom. Oh oh, isso vai dar merda.

-Muito bem. Quero que lute com minhas sentinelas. Se conseguir derrubá-las, pensarei em atender seu pedido. – Aquilo estava fácil demais. Baba não sabia com quem estava lidando, isso estava claro. Zoe imaginava que iria acabar em questão de segundos.

Mike levou Zoe até uma cadeira e a ajudou a se sentar. Suas costas protestavam cada vez menos, enquanto os calafrios pioravam. Após se certificar de que ela estava bem apoiada, ele se voltou para as mulheres que estavam segurando o tratamento de Zoe.

- Comecem. – Disse Baba, e fez sinal para que suas sentinelas seguissem em encontro a Mike.

Ao chegarem a uma distância de aproximadamente um braço e meio, uma das mulheres retirou um bastão das costas, que aumentou de tamanho com um movimento de seu braço direito. Era parecido com um cassetete, mas na ponta havia alguns espinhos de metal.

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