Miranda anda meio revoltada por aqui... Nem jesus toma de conta. Boa leitura!
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Uma semana se passou desde que fui ao quarto da madre no meio da madrugada, eu estava magoada e quando eu a via, mudava minha rota ou simplesmente fingia não ter a visto. Quando estava fazendo os meus trabalhos pelo convento fazia o possível para ficar longe dela e na hora do jantar, voltei a sentar com as outras noviças. Ela obviamente não gostou, sei disso pela sua cara que se transformou quando me sentei em outra mesa. Ela foi me procurar nas madrugadas, mas eu inventava uma dor ou outra. Nas duas primeiras vezes disse que estava com dor de cabeça. Na terceira vez disse que estava me sentindo fraca. Na quarta e quinta vez disse que estava com cólica e, na última vez, que no caso foi ontem, disse que estava menstruada, o que dessa vez já não era uma mentira.
Em meio a esse tempo tentei me acertar com Deus, tentei reconstruir aquela intimidade que existia entre ele e eu, mas eu sei que não teria como, já que não me arrependo dos meus atos. Ficava horas tentando conversar com ele, o que antes era tão fácil, agora parece a tarefa mais difícil do mundo. Existia aquele vazio espiritual que tenho certeza que foi embora quando fiz minha promessa. Eu podia amaldiçoar aquele dia, mas não o fiz, porque mais uma vez, eu não me arrependia de nada. Pelo contrário, me pareceu tão certo fazê-lo.
Hoje como é domingo, haveria missa e agora não fazia mais sentido participar, mas mesmo assim teria que comparecer. Me sentei no último banco da igreja, não estava com vontade de ficar um tempo cumprimentando os fiéis quando acabasse, queria simplesmente sair, se eu pudesse, voando de lá.
Depois de um tempo a missa seguiu normal, meu corpo estava lá mas minha mente em outro lugar. As palavras dela ecoavam em minha cabeça e machucavam meu coração cada vez mais. Agora eu sei como ela estava certa quando disse que eu era ingênua, eu não devia amá-la, a única coisa que eu devia entregar a ela era meu corpo e acabei entregando uma coisa além do permitido. Abaixei minha cabeça balançando em negação, eu realmente era muito ingênua.
Ela não apareceu na missa.
Ela não apareceu no almoço.
Ela não andou pelos corredores.
Ela não passou a tarde no jardim com as outras freiras mais velhas.
Ela não apareceu no jantar.
Eu devia estar feliz, mas não estava. Não queria falar com ela e nem chegar perto, mas observar ela disfarçadamente não me mataria. E eu sabia que ela estava aqui.
Já fazia algum tempo que estava deitada em minha cama rolando de um lado para o outro tentando dormir, mas como nas outras noites, o sono não vinha. Levantei e fui em direção a janela, observando o céu escuro e estrelado, com uma enorme lua branca e reluzente, que por muitas vezes testemunhou meus inúmeros pecados com a madre.
Ouvi a porta se abrir bruscamente e me virei assustada, a fitando. Sua feição estava selvagem e cruel, diferente das outras vezes em que nos encontramos aqui e longe de parecer uma madre amorosa que todos pareciam adorar.
- Até quando você pensa que vai fugir de mim, hein? Antes era só noviça safada, agora é noviça safada e fujona. Você se esqueceu da promessa que fez?
Sua voz estava assustadoramente rouca, causando arrepios nada bons nos pelos do meu corpo. Meu coração acelerou.
- Não vai me responder? - Ela deu dois passos à frente. - Você esqueceu da promessa que fez? Me responda! Eu sou sua superiora e exijo uma resposta agora mesmo! - Ficou a centímetros do meu corpo e agarrou meu braço com força, apertando-o até o ponto de eu sentir dor.
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Madre Superiora • Mirandy
FanfictionA+18 | Século XIX, Andrea Sachs com 20 anos de idade, decide que as coisas mundanas não servem para ela, decidindo assim ir para um convento, onde passaria por vários treinamentos até se tornar freira. Mas o que ela não esperava era que a Madre Supe...