Correntes (Parte 1).

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Tem alguém aí pronto pro final? Está pertinho! Agradeço desde já as leituras, os votos, os comentários. E, antes que eu me esqueça, podem ir conferir as outras histórias lá. Vocês irão adorar, certeza! Boa leitura meus amores, vamos lá!

Se tiver algum erro, me desculpem e me falem! Eu estou em público... Então vocês sabem.



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Depois que a madre saiu dos meus aposentos, me senti usada mais uma vez. Eu precisava de um tempo de verdade para eu digerir tudo aquilo que estava acontecendo. Longe de arrependimentos, mas eu precisava colocar minha cabeça em ordem. 

Me levantei, me limpei e coloquei meu vestido. Tomaria uma decisão complicada, mas seria para o meu bem. 

Fugiria do convento, mas voltaria. Era apenas por um tempo. 

Coloquei alguns dos meus pertences em uma bolsa e saí do sótão. Ao chegar na parte de baixo, tentei ao máximo não fazer nenhum barulho. Destranquei e abri a porta, indo em direção ao portão. Estava muito escuro, mas eu não me importava. Era isso que eu precisava, ninguém para me ver. 

Ao colocar meus pés para fora do portão, virei e olhei em direção a aquele lugar gigante, meu coração se apertou pela centésima vez naquela mesma noite.

Balancei minha cabeça reprimindo minha vontade repentina de chorar e comecei a andar na direção oposta a cidade, estava saindo dela. Enquanto caminhava, pedia a qualquer coisa que me escutasse lá de cima, que me protegesse. 

As pedras faziam barulho embaixo dos meus pés em todos os passos que eu dava, as árvores altas que estavam em volta, não faziam qualquer movimento, dando o sinal da falta de vento. Diferente das noites anteriores, essa estava fria, o que causava também um pouco de neblina. 

Comecei a sentir medo. Comecei a sentir como se alguém estivesse me vigiando. Minhas pernas tremeram. Acho que era normal sentir isso, além do mais era madrugada e o lugar estava vazio. 

Mais alguns passos e eu já não aguentava mais. O convento já não era mais visível, e a sensação se intensificou quando ouvi um barulho de gravetos quebrando, como se pés tivessem pisados em cima. Meu coração acelerou, olhei em volta e nada vi. Claro. A neblina também não ajudava em nada. Respirando fundo, dei mais três passos, até que ouvi. 

- Você achou mesmo que fugiria de mim? Achou mesmo que eu não saberia? Oras, Andrea. Achei que tinha entendido o recado hoje mais cedo.

Olhei para trás e lá estava ela no meio de toda aquela neblina, completamente vestida de negro. Ela andou um pouco e saiu do meio dela, assim pude vê-la melhor. Ela usava um vestido negro como aquela noite, mas não era o paramento. Por cima um casaco grosso, também negro e em sua cabeça a toca do mesmo. Seus cabelos estavam soltos, e seus olhos brilhavam, da cor das trevas. Eu estava estática. Não conseguia falar. 

- Eu sei cada passo que você dá, noviça fujona. Na onde está com a cabeça achando que conseguiria se livrar de mim? - Ela se aproximou, parece que ficou maior. - Eu lhe fiz uma pergunta e quero a minha resposta. 

- Eu... eu... - Respirei fundo. - Eu só precisava de um tempo para mim. - No final da frase, minha voz vacilou e engoli dolorosamente uma onda de choro. 

- E eu já lhe falei que não! - Agarrou-me pelos antebraços e me chacoalhou. - Quando irá entender que você é minha?! - Ela gritou. Sua expressão era feroz. - Quantos tapas terei que lhe dar para que você entenda? - E continuou me chacoalhando como se eu fosse um saco de batatas. 

O choro rasgou minha garganta, fazendo-me soltar um soluço alto. 

- E ainda quer chorar? Não! Você não chora! - Agarrou minha mandíbula, erguendo-a para que eu a fitasse. - Você não chora porque concordou comigo. Você não chora porque até seus choros são meus e eu não deixei você derramar uma lágrima sequer. Você não chora porque eu não aguento vê-la chorar. Você simplesmente não chora! - Ela disse quase grudada em meu rosto, com voz quase baixa e rouca. Como se fosse uma psicopata. - Agora você vai voltar comigo para o convento e eu vou te ensinar que seu lugar é lá, e que você não decide nada sem antes eu saber e aprovar! - Soltou meus braços, mas logo agarrou um dos meus pulsos, puxando-me com força de volta ao lugar que não fazia muito tempo que tinha saído.

Madre Superiora • MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora