Se vocês estão putas com Miranda, então estamos no mesmo barco! Eu quero socar a cara dela com muito amor e carinho. Boa leitura, beijos!
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Já fazia um mês que estávamos de volta ao convento novamente, de dia eu era a noviça comportada e a noite eu não me reconhecia. Me entregava para a madre do jeito que ela desejasse. Ninguém desconfiava do nosso "segredinho sujo" como ela costumava chamar, na frente de todos ela era a madre severa e super religiosa, mas comigo ela era selvagem e quente e vez ou outra carinhosa e atenciosa. Eu sabia o que estava acontecendo comigo, com meus sentimentos. Eu a amava loucamente e não sei bem ao certo quando isso começou, mas sei que foi bem no começo. Eu estava disposta esconder isso dela para sempre, até porque não teria como viver esse amor, ela só sentia desejo pelo meu corpo e somos freiras e mulheres, sabe o quão escandaloso isso seria? Poderia acontecer coisas terríveis conosco, e eu não estou preparada para sofrer.
Em meio a esses tantos pensamentos, um aperto tomou conta do meu interior, trazendo-me um medo que me fez tremer. E se por um acaso fôssemos descobertas? O que faríamos? Nós nos arriscamos demais.
Transamos na pequena salinha atrás do altar da igreja na hora da missa, transamos no escritório enquanto as freiras vagavam para lá e para cá de dia, transamos disfarçadamente no corredor correndo o risco de nos pegarem, sem contar quando ela vai me visitar no sótão no meio da noite, fazendo-me gritar tanto que minhas cordas vocais chegam a arder. Sei que ninguém escuta, mas nunca se sabe.
Sinto uma presença atrás de mim, tirando-me daquela névoa de dúvidas e medos.
- O que tanto pensa, minha querida? - A irmã Tereza pergunta sentando-se ao meu lado no banco do jardim.
- Apenas perdida em pensamentos, irmã. - Nunca poderia falar para ela e pra ninguém o que se passava dentro de mim. - Meio aflita com algumas coisas, mas que infelizmente não posso contar a ninguém.
- Entendo... Tem coisas que só cabem a nós e Deus saber, não é mesmo? - Ela disse, completamente desconhecida da minha aflição.
Será mesmo que Deus olha por nós? Não tenho certeza.
- Sim. Concordo plenamente. - Respondi balançando a cabeça, sem olhá-la.
Passamos mais um tempo conversando, o que me ajudou a esquecer de tantas perguntas que pareciam não ter respostas.
Decidi que não iria jantar naquela noite, estava sem fome, nervosa e triste. Eu amava entregar meu corpo a ela, mas toda vez que ela saía do meu quarto meu coração se partia em mais pedacinhos.
Confesso que não vi a hora passar, só percebi quando ela entrou no meu quarto, logo após trancando a porta atrás de si. Me olhando ela ergueu a sobrancelha, como se não estivesse me questionando o porquê de eu não ter tomado banho ainda e nem estar deitada. Estava em pé de frente para a janela olhando o céu nublado lá fora, meus pés nem reclamaram de dor.
Eu desviei meu olhar do dela, voltando a fitar aquela imensidão escura e cinzenta. Eu não queria amá-la, mas meu coração insistia em aumentar cada vez mais esse sentimento toda vez que eu a via.
Senti ela se aproximar das minhas costas e colocou suas mãos em meus ombros, como se quisesse que eu virasse para ela. Não obedeci ao seu comando silencioso. Pelo contrário. Me afastei e abaixei a cabeça. Meus olhos arderam na minha tentativa falha de evitar que as lágrimas viessem a tona.
- Eu não posso continuar fazendo isso, Miranda. - Pela primeira vez eu disse seu nome sem o madre na frente. Já tínhamos passado dessa de ficar nos tratando com certas formalidades.
- Mas o que eu já te disse? Você jamais diz não para mim. - Sua voz estava branda, como se quisesse me colocar medo.
A dor que eu estava sentindo por amá-la sabendo que nunca seria correspondida, era maior do que qualquer medo que ela poderia me causar.
- Eu sei que o que você disse. Mas eu não posso mais fazer isso. Toda vez que você sai daqui, mais machucada eu fico. - Lágrimas escorriam por meu rosto, minha voz estava embargada e meu coração se partindo mais um pouco.
Ela me virou de frente para ela e ergueu minha cabeça, fazendo-me fitá-la. Ela estava com o cenho franzido, não entendendo ou não querendo entender o que se passava comigo.
- Machucada? Não estou entendendo, Andreah!
Comecei a respirar fundo, tentando acalmar minhas mãos trêmulas.
- Eu... eu... eu a - Pulei assustada com o trovão que iluminou o céu escuro, como se fosse um sinal para eu não dizer tais palavras. O que eu tinha na minha cabeça?
- Você o que? - Ela estava impaciente agora.
- Eu só não quero mais continuar com isso. Por favor, me dê um tempo. É muita coisa para digerir. - Abaixei minha cabeça mais uma vez. Sim, era muita coisa para digerir.
Muitos sentimentos amorosos por ela para guardar em sete chaves.
- Depois de todos esses dias que estamos nos envolvendo você vem me pedir um tempo? - Ela deu alguns passos para frente, quase colando seu corpo ao meu. Ela era muito grande e nesses momentos em que ela era contrariada, parecia que aumentava mais de tamanho. - Já não bastava às suas mentiras, agora você tomou coragem para pedir um tempo? - Dando apenas mais um curto passo, ela grudou seu corpo ao meu, abaixou a cabeça e colou sua boca em minha orelha. - Por mais que você insista, minha resposta sempre será não. - Ela sussurrou, meu coração se apertou mais.
Erguendo a cabeça e fitando-me, levou uma mão ao meu pescoço, apertando-o levemente e levando minha cabeça para perto da dela. Eu estava sem reação.
- Você é minha. - E me beijou. Forte e selvagem. Senti o gosto ferroso de sangue quando ela mordeu meu lábio inferior. - Aconteça o que estiver acontecendo com você, mas trate de livrar-se, você fez uma promessa e ela nunca deve ser quebrada.
- Mas você falou uma vez que se eu estiver bem você estará bem também, mas eu não estou nada bem. Não se importa?
- Me importo se você estiver correndo risco de vida. Mas você não está, só quer me afastar de você, o que obviamente não vai acontecer. Não quero que suas confusões atrapalhem o meu caminho ao seu delicioso corpo. Eu estou sedenta por você, minha boceta está inchada e encharcada, mas posso dar um jeito com meus dedos esta noite, enquanto a você, trate de digerir tudo, amanhã não quero nada me atrapalhando de chegar até você.
E simplesmente saiu.
Chorei.
Chorei bastante.
Chorei muito.
Ela só se importava com meu corpo, nada mais que isso. Eu faria de tudo para matar esse sentimento, pois sabia que ela não me deixaria em paz e sabia também lá no fundo que minhas tentativas de afogar meu amor por ela, seriam falhas.
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Chorando no clubinho estou. Podem bater na Miranda que eu ajudo. Beijos!
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Madre Superiora • Mirandy
FanfictionA+18 | Século XIX, Andrea Sachs com 20 anos de idade, decide que as coisas mundanas não servem para ela, decidindo assim ir para um convento, onde passaria por vários treinamentos até se tornar freira. Mas o que ela não esperava era que a Madre Supe...