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O sol lambe minha pele e eu quero mais. O vento estapeia o meu rosto e eu quero mais. Desço da bicicleta e caminho puxando-a para os fundos da loja. Guardo quietinha e, aos poucos, vou abrindo a floricultura. Meus primeiros clientes aparecem e eu confesso que estou cansado de pedir desculpas por estar assim, avisando que fui assaltado e que em breve o Beomgyu está vindo com uma roupa nova para mim. Eu detesto mentiras, mas se isso ameniza o olhar de todos sobre mim, é bem melhor. Honestamente, hoje estou com tanta vergonha que qualquer coisa que for ajudar eu estou fazendo. Não estou vestindo nada senão a maldita jardineira que Beomgyu sabe que tenho, porque já vim com ela algumas vezes.
— Oh, você está tão gostoso, hyung... — escuto a voz dele atrás de mim.
Isso é tão impróprio, que eu fico vermelho de vergonha. E só depois ele percebe que estou com uma cliente, porque fica meio sem jeito ao se curvar e cumprimentar a moça. Eu juro que hoje vai ser só vergonha, ainda mais porque eu estou literalmente pelado e tendo que atender as pessoas. Peço até desculpas pelas minhas vestimentas quando ela vai embora, mas não acho que ela ligue para isso.
— Primeiro: eu não vou andar em parkour — eu aviso, virando-me para Beomgyu. — E segundo: estabeleci um limite de sessenta mil wons para o seu jantar com Taehyun no restaurante de Wooyoung.
— Primeiro: ok, mas só se você ficar o dia inteiro com essa roupa e continuar fazendo as postagens no Instagram quando o expediente acabar. Segundo: não aceito, pois não vai dar nem pra comer uma ervilha com esse valor limite.
— Tu acha que eu vivo no brega dando meu rabo pra conseguir dinheiro assim facinho? — arqueio o cenho após cruzar os braços e encaro o semblante de diversão dele.
— Não é isso que você faz depois do trabalho? — Beomgyu ri e eu fico seriamente encarando ele. Finalmente ele se toca de que estou falando sério. — Não poderemos nem beber uma água lá.
— Na hora você me manda mensagem e podemos negociar — ergo minha mão e ele aperta. — Mas não vai ser por agora, deixa o mês virar e a fatura do meu cartão fechar.
— Uhum... Já tirou foto? — pega meu celular e mexe em alguma coisa antes de apontar a câmera para mim. — Faça uma pose sexy, hyung.
Eu sou obrigado a fazer uma pose sexy por pura pressão dele, então postamos no meu story com a frase "o tempo está quente hoje ou sou eu?" Eu vou odiar fazer isso o dia inteiro, porque Beomgyu me disse que não posso contar a ninguém que é uma aposta, por isso preciso mentir. Durante o dia inteiro eu fico tirando fotos, sobretudo com poses esquisitas e legendas piores ainda. Ele disse que eu deveria ser biscoiteiro. Eu não gosto de ser biscoiteiro. Vou morrer antes do final do dia.
No horário de almoço, após eu tirar uma foto agachado ao lado de um vaso de tulipas amarelas e postar com “amarelo é uma cor quente, mas não tão quente quanto meu corpo”, recebo uma mensagem da mãe de Wooyoung. Eu nem sabia que ela tinha meu Instagram, mas tudo bem. Wooyoung disse que ela bisbilhota tudo da vida dele, então talvez descobrir meu Instagram faça parte disso.
