Bato à porta três vezes antes de escutar o “entra” grave e ligeiramente rouco do meu avô.
— Oi, vovô — fecho a porta atrás de mim e o cumprimento juntando ambas palmas.
Mal ergo o rosto quando percebo que na sacada está o meu querido e amado tio. Eu engulo em seco.
— Oi, Wooyoung. Seu tio tem algo a dizer para você — meu avô, que está sentado na sua poltrona vinho, de repente faz um gesto com a mão como quem chamasse o filho.
Estou no escritório dele. Eu sei que será uma conversa séria por conta disso.
— Oi, Wooyoung — meu tio afasta-se da sacada e para ao lado do meu avô. Ele está hesitante e nervoso. Um falso ar de vítima. Talvez queria gerar certa empatia ou simpatia. Não nutro nenhum dos dois por ele.
Ponho as mãos dentro dos bolso da calça e ergo o queixo, indiferente perante a situação. Sei que sou mais novo e sobrinho, porém quero me considerar superior. Apenas dou uma pequena meneada da cabeça.
— Queria pedir desculpas por ter invadido sua privacidade e coletado informações da sua vida sem a sua permissão. Além de provavelmente ter... causado medo e confusão — o tom totalmente calmo e estável demonstra cautela. Cautela é algo inteligente. Ele sabe qual personagem está fazendo e o desempenha muito bem. Mas eu não caio.
Ele já falou que minha mãe deu a luz à duas mulheres. Ele já me trancou sozinho no depósito de ferramentas e equipamentos por horas. Disse aos outros que eu estava brincando de esconde-esconde e me perdi. Ele já me disse que eu não seria ninguém e nunca seria respeitado se não pudesse impor medo. Ele já disse que me batia para eu virar homem, que um dia eu iria entender e agradecer. Então, não. Eu não vou cair nas gracinhas dele. Eu não vou acreditar nisso.
— Receio que não tenha encontrado o suficiente para armar contra mim ou fazer alguma acusação, não é?
Ele abre a boca para falar por um instante. No entanto, olha para o lado e vê que meu avô está prestando atenção na conversa. Então fecha a boca e não fala nada. É realmente uma pena. Eu amaria vê-lo infringir o mínimo de 5 direitos humanos na frente do meu avô.
— Mas tudo bem — prossigo. — Eu te perdôo. Contanto que nunca mais precisemos trocar palavras, eu perdôo de bom grado.
— É um caso extremo demais. Aprecio tanto as nossas conversas — ele sorri de levinho, bem maquiavélico.
— Não posso dizer o mesmo — abro um sorriso também. — Mas, se tivermos que conversar por etiqueta e afins, eu posso tolerar.
— Ótimo — ele diz.
— Vovô — falo, mas não tiro os olhos do meu tio. — Podemos tratar sobre indenização também? Por conta do stalker na minha cola, eu quebrei meu braço.
— Que exagero... — meu tio resmunga.
— Querem provas? — viro-me para o lado, querendo ver se meu avô ainda tem a televisão. Eu simplesmente pego o controle em cima da mesa e ligo.
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crises et chocolat
Fanfictionw&s. woosan. ━ onde san prefere chocolates, ainda que venda flores. wooyoung carrega suas crises, ainda que lhe tragam dores. › › ateez. adaptação. › › continuação de thé et fleurs. capa por © yastaej © thelastpentragon, 2021