13 - Sozinha

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Tama estava sozinha naquele quarto fazia cinco dias. Estava com medo e assustada e por mais que tentasse não demonstrar, se Luffy estivesse ali, seria nítido para ele que ela não estava bem. Dormia do lado onde ficava o garoto para tentar manter a presença do rapaz que a confortou quando ela ali chegara, continuava a deixar um pouco da comida que lhe era trazida como se ele ainda a fosse pegar mas estava cada vez mais difícil de suportar isso. A solidão havia se apoderado daquele lugar, o seu único refugiou havia ido embora, queria ele de volta, tinha medo daquele lugar... Tapava os ouvidos e fechava os olhos cada vez que ouvia a porta abrir para não ter de olhar para aquele homem como havia sido ensinada, mas era uma ação que parecia cada vez mais inútil. Mesmo que o ignorasse, ele estava lá e não tinha mais o menor para a proteger daquele mostro e do que quer que ele estivesse a pensar fazer com ela.

- Até quando vai se comportar assim? Não adianta de muito não me ver, eu continuo vendo você, sabia? O pirralho morreu, você tem de tomar o lugar dele. Pare logo com essa atitude, ou garanto que será bem pior para você! - Resmungou o mais velho. A menor se encolheu mais. Não queria ouvir. Não queria saber. Apesar disso, uma dúvida ainda rodeava a sua mente. A única pergunta ao qual o seu "irmão mais velho" não fora capaz de lhe responder.

- O que você vai fazer comigo? - Murmurou ao lembrar de Luffy, do seu olhar acabado, de como ele acordava todas as noites com pesadelos, das nódoas sobre a sua pele...

- Ah, quer saber? Você vai me dar filhos - o mais a velho respondeu simplesmente. Tama o encarou, sem perceber.

- C... Como assim?

- Sabe qual foi a vantagem de ter trazido um garoto á 12 anos atrás? Bebés - ele respondeu. - Sendo um rapaz, eu não teria problemas com isso. Mas mudei de ideias. - Teach se aproximou. À medida que a criança ia recuando até bater de costas na parede, a mão dele se aproximava do seu pequeno rosto para sem qualquer delicadeza, amarra-la e força-la a olha-lo nos olhos. - Garotos dão muito trabalho para preparar antes de poder fazer o que eu quero. Garotas são muito mais simples. Você pode ser uma criança agora, mas não deve demorar mais do que 2 ou 3 anos até poder me dar filhos. As garotas ficarão aqui com você, todas vão me servir. Os garotos podem ser usados para trabalhar. Estou pensando em comprar uma fazenda. Vai ser tão mais simples - o homem sorriu. A garota tentou se soltar, em vão. Felizmente, o maior não parecia com intenções de mexer com ela ainda. - Aproveite os seus últimos dias, pirralha. Depois disso, vai passar a ser você o meu brinquedo pessoal.

Assim saiu, deixando a criança com lágrimas a correr sem controle pelo medo que sentia daquele homem. Tama se lembrava de Luffy falar que ele faria algo mais com ela apenas nas segundas em que, aparentemente, o mais velho tinha folga no trabalho apesar de não lhe explicar exatamente o que aconteceria. Avisou-a que só lhe restava esperar ser encontrada antes disso, pediu desculpas pelo que aconteceria se não conseguisse a tempo.

Tama olhou o calendário de novo. Contara os dias pelas horas e pela luz do sol, como lhe havia dito Luffy e concluiu que era sexta. Começou a soluçar, deixando o choro sair baixinho, quase mudo. Tinha medo... Queria sair dali... Queria o seu irmão mais velho - apelido que dera a Luffy - de volta... Não queria se machucar do mesmo jeito que ele...

"O seu corpo não dói? Está sempre com pisaduras" - lembrou-se de lhe ter perguntado um dia. Luffy havia sorrido sem responder. Agora, Tama se repreendia por ter-lhe feito tal pergunta. Enquanto que na hora ela não pensou que pudesse haver maldade naquela expressão, agora, percebia que na verdade ele deveria ter servido apenas para afugentar a tristeza. Lhe passava pela cabeça que, o medo que ela sentira agora por antecipação, provavelmente era bem maior em Luffy que sabia que seria o alvo do mais velho e que, ao contrário dela, era obrigado a conviver com ele fazia vários anos. Lhe passou pela cabeça que, ao proteger ela, ele fora mais corajoso do que aparentava e que enquanto o seu corpo era marcado de roxo sem que ele parecesse se importar, talvez na verdade Luffy quisesse gritar por ajuda do mesmo jeito que ela queria fazer agora. Lhe passou pela cabeça que talvez ele não o tivesse feito apenas para não a preocupar e poder protege-la um pouco mais, do mesmo jeito que não podia mais fazer com ele mesmo.

Luffy havia sentido medo de morrer? Talvez sim, ou talvez não. Essa era, provavelmente, a única pergunta para o qual ela ainda não tinha resposta além da que passara pela sua cabeça desde que perdera o seu colega de quarto. O que pretendia, Teach, fazer com ela exatamente?

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