26 - A decisão

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Law se sentou na cadeira em frente da própria secretária, exausto. Desde que saíra de casa dos irmãos, não sabia o que pensar exatamente sobre a situação de Luffy. Bepo se enganara na dose? Algo batia terrivelmente errado nessa teoria. Kid ao seu lado, no entanto, não compartilhava desse cansaço.



- Foi ver o garoto de novo? - Resmungou o ruivo. - Sabe que não tem qualquer obrigação de se preocupar com isso, não sabe?



- Não é questão de obrigação, eu realmente me preocupo com eles. E fui, sim. Algo não está bem, Kid.



- A investigação não foi já concluída?



- Não estava me referindo a isso.



- Então?



Law abriu a boca, mas nenhum som saiu. Antes das palavras deixarem as suas cordas vocais para começarem a explicar a situação, o seu celular no bolso do casaco tocou, fazendo o tatuado estranhar ao ver o número de Bepo na tela.



- O que foi? - Atendeu um pouco relutante, sabendo que nada de bom vinha quando o médico ligava para ele na hora de trabalho. Não precisou de ouvi-lo por mais do que uns segundos para se levantar apressado da cadeira, já sabendo o que tinha de fazer a seguir. - Vou já para aí - rosnou.



- Vai onde? - Interrompeu o ruivo.



- Para o hospital. E você vem junto.



- Eu? Porquê?



- Porque se eu vou conduzir do jeito que estou agora, é bem capaz de eu atropelar alguém no percurso só para chegar lá mais rápido. Levante logo daí, explico a situação pelo caminho.



Kid ergueu a sobrancelha mas ao ver que o seu colega de trabalho falava sério, não teve escolha se não acompanhá-lo. O que quer que estivesse acontecendo, para deixar o tatuado sobressaltado daquele jeito, não era nada de bom.



* * * * *



"Luffy" - ouviu atrás de si. Luffy se virou de leve, a milímetros de alcançar a mão da criança que se mantinha a encará-lo. De novo no escuro, parecia que a voz de Sabo tentava alcançá-lo de algum jeito e por mais que não visse nada mais á sua volta, sentia que sabia onde estava. Um aroma familiar a medicamentos divagara pela sua mente por alguns segundos, dando-lhe o palpite de ser o hospital. - "Eu não posso perder você. Por favor, irmãozinho... De novo não..."



- O que você está fazendo? - Perguntou o garotinho na sua frente. Luffy não sabia responder, mas algo o impediu de seguir em frente. Não sabia se era a súplica do irmão ou o jeito sofrido como ela foi feita, não sabia se era do aperto que lhe dava no peito ao saber que era ele quem o deixava assim ou se essa sensação era de alegria ou de tristeza. Não tinha ideia do que havia consigo... Apenas sabia que não conseguiria deixar Sabo, assim, para trás.



- "Não posso perder você de novo", ele disse... Eu sou um egoísta, não é? - Murmurou, agora, dividido entre os dois mundos. - Eu sou um estorvo para eles, ainda assim... Porque eu sinto que o Sabo está chorando? - Questionou à criança. - Eu não posso deixar ele assim. Eu quero morrer, eu quero poder dormir sem ter pesadelos, eu quero um pouco de paz, quero não sentir medo uma vez na vida - bagunçou os cabelos confuso - mas não quero deixar ele assim. Eu não quero ser egoísta ao ponto de fazer outra pessoa sofrer por minha causa. O que eu devo fazer? - Riu nervoso. A criança bufou, um pouco impaciente, aproximando-se alguns passos para surpresa de Luffy que instintivamente, recuou três ao sentir de novo aquela sensação de perigo se aproximar.

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