o acidente em aspen.

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A palavra reluziu na frente de Bianca em letras amarelas brilhantes, estampadas logo abaixo de uma foto do rosto dela

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A palavra reluziu na frente de Bianca em letras amarelas brilhantes, estampadas logo abaixo de uma foto do rosto dela. Em maiúsculas, claro, e logo em seguida: Detalhes exclusivos sobre a humilhante separação da estrela de soap operas Bianca Andrade e do playboy e rock star Diogo Melim.

- Quem pendurou isso aqui? - perguntou Bia, tapando as palavras com a mão, como se o gesto pudesse fazer com que elas desaparecessem, como se toda aquela provação constrangedora pudesse ser escondida com tamanha facilidade.

Tinha sido bem difícil desviar dos tabloides com a foto dela estampada em lugares como o supermercado e o aeroporto, mas Bianca achou que estaria segura na cozinha da avó, no Bronx. Só que não. Lá estava mais uma daquelas capas detestáveis, presa na porta da geladeira com ímãs no formato de uma panela de paella e da bandeira do Brasil.

- Nós pedimos para a abuela tirar isso daí, mas ela disse que a foto era boa - respondeu a prima Ava atrás dela.

- Porque ela é boa! - a voz da abuela Esperanza elevou-se com indignação, vinda da pia da cozinha.

Ela secou as mãos em um pano de prato e se juntou a Bianca em frente à geladeira.

- Boa? - Bia apontou para a capa. - Eu pareço um cervo iluminado pelos faróis de um carro, vendo um filme com todos os meus términos passar diante dos meus olhos.

- ¿Que qué? Não... Você está linda, mas precisa caprichar mais no hidratante. - A abuela deu um tapinha na bochecha de Bia.

Bianca ignorou a crítica sobre sua rotina de skincare e olhou mais de perto a capa da revista. Um paparazzo havia tirado a foto num dos raros dias de chuva em Los Angeles, no momento em que ela saía do salão de beleza onde tinha ido fazer a sobrancelha. A manchete - ABANDONADA! - combinada com aquela imagem - olhos lacrimejando e cabelo desarrumado - dava a entender que Diogo a tinha deixado porque ela estava horrível, ou que ela estava horrível porque Diogo a tinha deixado. De uma forma ou de outra, aquilo era ridículo e incrivelmente ofensivo.

E estava em bancas de jornais e geladeiras por toda parte, para que todos vissem.

- Você devia ficar feliz por ter uma foto atual na porta da geladeira - interrompeu a outra prima, Gizelly, com um calafrio exagerado, segurando o bule de café. - A minha mais recente é do segundo ano do ensino médio, quando eu ainda usava franja e aparelho nos dentes.

- Aquela foto também é boa - protestou Esperanza.

A geladeira estava coberta com fotos dos doze netos de Esperanza e Willie Andrade em diferentes fases da infância - ainda que já fossem todos adultos -, presas por uma coleção de ímãs reunidos ao longo de toda uma vida, vindos de vários lugares do mundo. Todos os netos tinham descendências diferentes, e Bianca sempre pensou que a variedade de tons de pele na porta da geladeira da avó poderia ser usada como uma paleta de bases para maquiagem.

você me ganhou no olá. || adaptação rabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora