você me ganhou no olá. || adaptação rabia

o episódio três, parte II.

CARMEN NO COMANDO
EPISÓDIO 3

Cena: Beijo de Carmen e Jade.
INT: Cozinha dos Serranos  —  NOTURNA

Ilba  deu  a  deixa  e  Dahlia  pegou  o  celular  na  ilha  da  cozinha.  Ela  olhou  para  a tela.

— É tía Jimena.  Un momentito.

Foi  até  os  fundos  da  cozinha  e  tomou  a  escada,  saindo  do  set.

Na bancada,  Carmen  reclamou:

— Ela vai  demorar  uma  hora.

Jade  cruzou  os  braços  e  deslizou  o  quadril  ao  longo  da  bancada,  chegando mais  perto  de  Carmen,  invadindo  sutilmente  o  espaço  pessoal  dela,  mas  sem ultrapassar  o  limite.  A cantora  lhe  lançou  um  sorriso  charmoso.

— Acha que tenho alguma  chance  de  vencer?

Carmen,  que  estava  debruçada  com  os  cotovelos  apoiados  na  bancada, levantou  o  olhar  na  direção  dela,  avaliando-a.

— Acho que  sim.  Se  você  se  lembrar  de  todos  os  passos  da  receita,  executál-os  perfeitamente  e  terminar  a  tempo.

A cantora  solta  uma  risada.

— Sem pressão.

E,  por  Carmen  conhecê-la  e  saber  como  ela  se  cobrava  constantemente, repetiu  as  palavras  baixinho,  sem  sarcasmo:

— Sem pressão.

Parte  da  tensão  de  Jade  abandonou  seu  rosto  quando  ela  olhou  para Carmen.  A cantora  descruzou  os  braços,  tocando  o  rosto  dela  com  uma  das  mãos.  Seus dedos  grandes  percorreram  a  face  dela,  contornando  o  pescoço.  Carmen  se  arrepiou com o toque de Jade.

— Tem alguma  coisa  aqui  —  disse  a mais alta,  no  tom  de  voz  baixo  e  sedutor  que lhe  valera  um  disco  de  platina  por  seu  primeiro  álbum.

Jade  passou  gentilmente  o  polegar  pela  bochecha  dela.

Carmen  sabia  o  que  aquilo  significava.  Uma  desculpa,  um  pretexto  para tocá-la.  A  distância  entre  as  duas  a  estava  matando,  e  ela  não  conseguia  mais manter  as  mãos  longe  da ex-mulher.  Carmen  a  entendia,  porque  também  sentia  o  mesmo.

Mas  não  estava  disposta  a  deixá-la  usar  desculpas.

—  Não  tem,  não.  —  A  voz  de  Carmen  era  confiante,  mas  as  palavras vibravam  de  desejo.

A  surpresa  ficou  evidente  no  rosto  de  Jade:  ela  primeiro  arregalou  os olhos  verdes,  para  em  seguida  estreitá-los.  A menor  nunca  tinha  sido  tão  direta quando  elas  estavam  juntas.

— Tem razão — disse ela.  — Não tem. Eu só… Eu só queria…

E  isso  foi  tudo.

Os  dedos  de Jade  não  apertaram  o  rosto  dela.  Ela  não  a  puxou.  Era  importante deixar  claro  que  Carmen  queria  aquilo  tanto  quanto  ela,  que  as  duas  estavam  na mesma  página,  juntas  para  o  que  houvesse.

Carmen  se  ergueu  da  bancada  onde  estava  apoiada,  levantando  o  rosto  na direção  da cantora,  buscando-a.  Jade  passou  o  outro  braço  em  torno  de  sua  cintura  e  se aproveitou  do  gesto  que  ela  fazia  para  puxá-la  para  perto.  Em  um  único movimento  fluido,  as  duas  de  repente  estavam  coladas  uma  na  outra,  envolvidas pelo  calor  e  pela  proximidade  suscitados  pelos  aromas  da  cozinha.

Por  uma  fração  de  segundo,  seus  olhos  se  encontraram,  num  consentimento silencioso.  Sim,  aquilo  estava  acontecendo.  Sim,  seus  corpos  desejavam  aquilo. E,  quando  se  inclinaram  uma  para  a  outra,  suas  bocas  se  encontraram  no  meio  do caminho,  numa  colisão  de  lábios.

Carmen  afundou  os  dedos  no  cabelo  de  Jade  enquanto  ela  firmava  a  mão nas  costas  da menor.  Seus  lábios  se  espremiam  um  contra  o  outro,  o  peito  arfava  e  a boca  se  abria  enquanto  elas  trocavam  um  beijo  apaixonado  que  parecia  que duraria  para  sempre.

O  silêncio  no  local  era  ensurdecedor,  o  único  barulho  no  ambiente  era  o som  de  seus  gemidos  baixos  e  de  sua  respiração,  captados  pelo  microfone  entre elas.  A  atenção  de  ambas  estava  cem  por  cento  focada  uma  na  outra,  exceto…

Exceto  pela  inquietante  sensação  de  que  faltava  alguma  coisa.

E  então:

— Corta!  Vamos  fazer  de  novo!