a conferência de atores.

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Entre  a  conversa  com  Miguel  e  uma  série  de  interações  positivas  com  a showrunner,  o  primeiro  assistente  de  direção  e  o  diretor  do  primeiro  episódio,  a confiança  de  Rafaella  voltou  com  tudo.  Depois  de  trabalhar  na  TV  por  mais  de quinze  anos,  ela  se  sentia  em  casa  naquela  agitação,  mais  do  que  em  seu apartamento  em  Miami  ou  em  sua  suíte  no  Hutton  Court.  Claro,  aquele  papel tinha  muita  coisa  em  jogo,  mas  ela  daria  conta.  Era  uma  das  melhores  em  sua  área — não,  não  uma  das  melhores,  a  melhor  —  e  estava  ali  para  mostrar  ao  público norte-americano  —  e  aos  produtores  e  agentes  —  o  que  ela  sabia  fazer. 

Fácil, fácil.

Ela  seguiu  Marquita  até  a  sala  de  conferência  onde  seria  feita  a  leitura.  Uma porção  de  gente  estava  amontoada  no  corredor,  incluindo  executivos  da ScreenFlix,  produtores,  roteiristas  e  alguns  atores  que  Kalimann  reconhecera  das notícias  sobre  a  série.  Fazia  muito  tempo  que  ela  não  era  escalada  para  uma produção  onde  não  conhecia  ninguém.  Tudo  que  ela  queria  era  entrar  na  sala  de conferência  e  sentar  em  seu  lugar,  mas  se  apresentou  a  Peter  Calabasas,  um  ator de  TV  veterano  que  faria  o  pai  de  Carmen.  Peter,  um  homem  afro-latinoamericano  rechonchudo,  com  uma  barba  escura,  era  bom  de  papo,  e  eles  logo engataram  numa  conversa  sobre  telenovelas.

Então  Bianca  chegou  e  Rafaella  levou  um  susto.

Ela  continuava  estonteante  e  incrivelmente  sexy,  mas…  que  roupa  era aquela?

Sabe-se  lá  como,  a menor  arrumara  um  novo  look,  e,  embora  o  cabelo  e  a maquiagem  continuassem  impecáveis,  ela  parecia  uma  modelo  fitness  que  tinha entrado  na  sala  errada,  e  não  a  atriz  principal  de  uma  série  sobre  uma  executiva de  relações  públicas.

A  culpa  invadiu  Rafa.  Como  ela  se  sentiria  se  tivesse  que  aparecer  no primeiro  dia  de  trabalho  usando  legging  de  academia?  Claro,  alguns  atores  usavam roupas  casuais  nas  leituras.  Havia  uns  três  ali  de  calça  jeans.  Mas  interpretar  o personagem  principal  implicava  um  certo  senso  de  liderança.  Era  comum  que todos  se  esforçassem  para  passar  um  ar  profissional,  pelo  menos  antes  que  as jornadas  de  trabalho  de  vinte  e  quatro  horas  levassem  todo  mundo  à  exaustão. Rafaella  não  era  a  protagonista,  mas,  como  fazia  parte  do  par  romântico  central, estava  usando  uma  camisa  de flanela  azul  bem  alinhada,  calça  clara  e  tênis branco.

Bianca,  como  a mais alta  tinha  visto  naquela  manhã,  havia  se  vestido  muito  bem. Mesmo coberta  de  café,  estava  claro  que  escolhera  um  look  estiloso  e  sofisticado. Bia  até  tinha  feito  um  comentário  sobre  isso,  mas  ela   estava  tão  mortificada  que não  tinha  entendido  direito  o  que  a menor  dissera.  Por  causa  do  erro  de  Kalimann, Bia  parecia  pronta  para  ir  à  academia…  de  salto  alto.

A mais velha  se  sentiu  uma  idiota  de  novo.  Sério  mesmo  que  tudo  que  ela  lhe  oferecera fora  o  próprio  café  e  uma  oferta  besta  de  pagar  a  conta  da  lavanderia?  Qual  era  o problema  dela?  Bia  nunca  a  perdoaria,  e  Rafaella  não  podia  culpá-la  por  isso.

— Certo,  vamos  começar!  —  Marquita  bateu  palmas.

Todos  pararam  de  falar  e  entraram  na  sala  para  tomar  seus  lugares  em  torno da  mesa  de  conferências.  Plaquetas  de  papel  branco  com  o  nome  dos  atores impresso  indicavam  o  lugar  de  cada  um.  Em  frente  a  todos  os  assentos  havia  uma cópia  do  roteiro,  um  pequeno  montinho  de  fichas  para  anotações,  um  copo  e uma garrafa  de  vidro  com  água  e  fatias  de  limão.

você me ganhou no olá. || adaptação rabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora