Capítulo 8 - Quando o Amor Acontece

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ARREBATADO

Espiritualistas chamam de Desdobramento aquilo que a Bíblia trata como ARREBATAMENTO.

Ao escrever o livro do Apocalipse, São João relata que foi arrebatado na Ilha de Patmos, ou seja, seu Espírito foi levado para uma dimensão espiritual enquanto seu corpo repousava e, quanto voltou ao corpo, este Apóstolo do Amor descreveu imagens que até hoje intrigam Teólogos e Lideranças Cristãs, sem convergência alguma.

Esse fenômeno do Espírito Desdobrar-se enquanto o corpo repousa em sono profundo, ocorre com a maioria das pessoas, sendo que poucas se lembram do que seu espírito vislumbrou enquanto seu corpo físico dormia.

É por isso que, por vezes, acordamos com sensações estranhas, sentindo-nos melancólicos ou agitados, sem motivo aparente, ou acordamos com imensa alegria sem saber realmente porque.

É durante o nosso sono que o nosso Espírito se conecta com Espíritos Afins, mais evoluídos ou mais atrasados, de acordo com a jornada que iremos percorrer naquela etapa de Vida Carnal.

A palavra ARREBATAMENTO, utilizada por vários Cristãos, para descrever esse processo, não traduz a naturalidade e suavidade dessa prática.

Ser Arrebatado, está ligado com Ato Violento, Intempestivo ou Impetuoso e não condiz com a suavidade do Processo de DESDOBRAMENTO ESPIRITUAL, que ocorre inúmeras noites com a maioria das pessoas.

Arrebatamento coliga-se a PAIXÃO.

E é por isso que estou entrando nesse tema com vocês, meus amigos, pois eu estava completamente ARREBATADO por Carla, numa Impetuosidade Bioquímica, Carnal e Espiritual, que me fazia desejar, de Corpo e Alma, aquela mulher jovem e bela.

Obviamente, esse Arrebatamento da minha Psiquê começaria a mostrar seus efeitos desdobradores, tanto no Mundo Carnal quanto no Mundo Espiritual, e é disso que trato neste capítulo.

LIBIDO

Eram duas da tarde de uma Sexta-feira ensolarada e eu escovava os dentes após o almoço, em minha casa na Jureia, pra retomar a escrita do meu novo livro, pensando na noite anterior que tivera com Carla.

Passamos a noite inteira namorando na praia, e no final acabamos nos envolvendo numa angústia impulsiva e estranha, terminando a noite abraçados e chorando muito, quando o dia amanheceu.

Toda a angústia de Carla e seu sentimento de solidão, se dava por conta do aborto que ela sofrera aos 19 anos, induzida por seu pai, pois não admitia uma Mãe Solteira na sua família tradicional.

A partir disso suas disputas com seu pai se tornaram mais acirradas, e mesmo depois que seu casamento fracassou ela não quis voltar para a casa de seus pais, visitando-os esporadicamente.

Tudo isso ela me falou enquanto tomávamos o café  da manhã, depois da crise de choro que nos envolveu naquela praia, no nosso primeiro encontro. Nenhum casal planejaria isso pra sua primeira noite de amor... mas, por incrível que parece, tudo aquilo me unia ainda mais a Carla!

Enxaguei a boca e fechei a torneira, refletindo sobre tudo o que nos acontecera na noite anterior, onde o dia amanheceu, sem notarmos ao certo como a noite passou tão rapidamente, naquele nosso Envolvimento com os FANTASMAS DA NOITE que terminou por envolver-me no choro compulsivo de Carla, onde senti toda a sua angústia dentro de meu peito.

 Ao percebermos que o dia clareou, e que faltavam apenas 2 horas pra Carla estar em seu local de trabalho, ela disse que precisava minha carona. Então fomos pro seu apartamento, tomamos banho juntos, com rapidez, nos secamos e nos vestimos, conversando muito, e tentando compreender o que ocorrera conosco naquela praia...

Depois do banho, saímos de seu apartamento e paramos numa padaria no caminho da autorizada. Tomamos café, com pão com manteiga na chapa. Levei Carla até a oficina onde  ela trabalhava e voltei pra casa, pra dormir um pouco, antes de retomar o meu trabalho com o novo livro.

A imagem do seu corpo nu, tomando banho comigo, naquela manhã, no banheiro de seu apartamento, não saía da minha mente. Em poucos dias de contato, eu e Carla adquirimos uma intimidade tamanha, que vários casais demoram anos pra obter, e sequer havíamos feito amor!

Não que não quiséssemos, ou que tivesse faltado oportunidade... Havia um frenesi espiritual entre eu e Carla, que os apelos naturais do nosso Corpo Físico, pareciam um detalhe secundário e completamente ordinário.

Por contraditório que possa parecer, superar aquele desejo masculino pelo seu corpo escultural quando estávamos juntos, era relativamente fácil, porque a beleza de sua alma superavam a sua beleza física...Porém, agora, que eu sabia que não veria Carla naquele final de semana, o desejo pelo seu corpo começava a me torturar.

Ao deixá-la na oficina, combinamos que não nos encontraríamos naquele final de semana. Primeiro porque ela subiria pra São Paulo, pro aniversário de sua mãe, no sábado. Segundo, porque minha família desceria na sexta à noite pra casa de praia e só subiria no domingo à noite.

A princípio, essa conveniência me pareceu razoável e até oportuna, pra eu retomar a minha sanidade e responsabilidade de homem casado. Minha família não deveria nem suspeitar daquele meu "Amor de Verão" senão isso acabaria com o meu planejamento de férias e isolamento para a escrita do novo livro.

Mas agora, eu percebia que não queria estar com outra mulher naquele fim de semana. Queria estar com Carla! Queria o seu cheiro, o seu afago, a sua voz, os seus beijos e os seus abraços.

A MOÇA DA MOTO - Romance Espiritual de Paulinho Santos da FratuniOnde histórias criam vida. Descubra agora