Eram seis da tarde do domingo, quando Karina e as minhas 4 crianças arrumavam as malas pra subirem pra São Paulo.
Inicialmente Karina me dissera que subiria às quinze horas, pois pretendia passar em Itanhaém, antes de subir, pra tomar um café com sua mãe, que morava naquela cidade vizinha.
Mas, como as crianças estavam animadas na piscina, ela passou mensagem pra sua mãe, avisando-lhe que passaria por lá na semana seguinte, deixando-se ficar mais um pouco, comigo, pois o nosso final de semana estava muito agradável, e estávamos com saudades de ficarmos juntos.
O relógio marcava dezoito e vinte daquele domingo, quando a Pajero de Carla estacionou no meu portão e Karina saiu pra ver quem chegava.
Eu gelei ao olhar, através da janela, o encontro de Carla com Karina no portão. Tudo o que não podia acontecer naquele momento, era o encontro daquelas duas mulheres perspicazes.
- O Paulinho está aí? - Carla indagou à Karina, um pouco desconcertada ao perceber que chegara cedo demais.
- Está sim! - Disse-lhe Karina estudando a sua beleza marcante, enquanto abria o portão. - Ele não me falou que estava esperando visita...
- Desculpe-me, eu só estou de passagem, - Carla se justificou desconsertada - Você é a esposa dele, - ela perguntou, vendo as crianças no quintal.
- Sim. Entre! - falou Karina observando-a um pouco desconsertada.
- Olha, nem preciso entrar... - Carla disse - é que ele ficou de me arrumar um livro...
Eu que assistia tudo pela janela, saí pra acudi-la.
- Oi, Carla, entra! Você veio buscar o livro que te prometi... Achei que você ainda estava em São Paulo, não reparei mensagem sua no celular... - Virei-me pra Karina e lhe apresentei: - Esta é Carla, a moça da rede autorizada, que eu te falei... ela e sua mãe são fãs da minha literatura há tempos...
Carla entrou, buscando assuntos triviais para aliviar seu desconcerto com a presença de Karina ali em casa... Karina serviu-lhe um suco gelado... mas vocês sabem como é o faro e o instinto feminino pra essas coisas. O estrago estava feito!
Duas mulheres lindíssimas se tratavam com cortesia diante de mim e das crianças, mas a energia de ciúme, acionada pelo botão do desconfiômetro, povoavam o ar da casa, e a minha experiência dizia que eu teria problemas.
Carla saiu com pressa, logo que terminou seu suco, apesar de meus pedidos pra que ela ficasse um pouco mais. Depois de acompanhá-la até o portão, Karina falou:
- Bonita essa sua amiga!
- Ah, sim! - Eu procurei disfarçar - A mãe dela também é uma senhora muito elegante e amável... é muito legal ter conhecido essas fãs do trabalho literário, não?
- Conheceu a mãe dela também?! - Karina perguntou
- Sim... encontrei com ambas no centro de Peruíbe... - eu menti, e justifiquei, explicando: -a mãe de Carla mora em São Paulo... mas estava visitando a cunhada, que também mora aqui, no centro de Peruíbe...
Karina fechou o zíper de sua mala de viagem e olhou-me de frente:
- Ela ficou esquisita, ao notar minha presença aqui... pareceu-me um pouco perdida.
Eu varria alguns papéis que os meninos espalharam pela casa e falei.
- Nada pra se preocupar... Provavelmente, platonismo de fã... Algumas esposas tratam mal mulheres que elas não conhecem... provavelmente Carla achou que você é esse tipo de mulher ciumenta... comum...
Karina falou:
- Não estou preocupada com ela Paulinho, querido... Mulheres lindíssimas fazem parte do nosso curso de canto em São Paulo... mas pela primeira vez te noto estranho... a beleza dela te balançou?
Coloquei o lixo que varrera na pazinha e o despejei no saco. Virei-me pra Karina e falei:
- A beleza que me balança é a tua!
Karina deu um sorriso amarelado, com seu desconfiômetro ligado. Apanhou sua mala pra sair e disse:
- Vou te ligar mais vezes nesta semana, Paulinho! E avise a essa tua amiga, ou fã, que sou neta de nordestino... se você pular a cerca... eu esquartejo ela e te capo!
ARTIMANHAS DO CIÚME
Assim que Karina voltou pra São Paulo com as crianças, eu peguei o carro e fui pro apartamento de Carla.
Ela não havia passado mensagem antes de vir, como havíamos combinado, e após flagrar Karina ali, saíra de casa com ciúmes. Havíamos combinado de nos encontrarmos as 6 da tarde, pois Karina voltaria pra São Paulo as três. Mas eu achava que Carla ligaria, ou passaria uma mensagem antes de vir.
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A MOÇA DA MOTO - Romance Espiritual de Paulinho Santos da Fratuni
RomanceCarla é uma jovem encantadora, que conheci casualmente na cidade praiana de Peruíbe. Meu carro quebrou perto da Reserva Ambiental da Jureia e ela me deu uma carona na garupa de sua moto. Conversando no caminho, descobri que ela era uma fã dos meus l...