Depois que eu Carla fizemos as pazes, após a nossa primeira briga, colocando o Monstro do Ciúme sob nossos pés, tivemos mais uma semana de Lua de Mel.
Ela trabalhava na autorizada até as 13 hs e eu ralava no novo livro. À tarde, almoçávamos juntos, e seguíamos até às 11 da noite: passeando, namorando e conversando sobre variados temas sem esgotarmos assuntos.
Dormíamos abraçados, em minha casa, ou no seu apartamento. As 6 da manhã ela seguia pro seu trabalho e eu pro meu, ansiosos pelo nosso reencontro diário das 14 horas.
Minha família costumava descer pra casa de praia na sexta à noite, e Carla subia pra São Paulo pra visitar seus pais. Por isso aproveitávamos todo o tempo que podíamos nos ver durante a semana, que sempre nos parecia pouco, pelo tamanho da paixão que nos envolvia.
Quando a sexta-feira se aproximava, já começávamos a ficar apreensivos, porque dois dias longe, um do outro, nos parecia um desperdício de tempo, principalmente porque as férias de fevereiro iriam acabar e sabíamos que seria bem mais difícil manter aquele romance, com a retomada da minha rotina em São Paulo.O PODER DA PAIXÃO
Na quarta-feira, aproveitei o clima favorável entre nós, e comentei com ela sobre o Espírito Marcelo que nos abordara na praia, no nosso primeiro encontro. Como Carla não professava fé alguma, busquei abordar o delicado assunto sobre CURA PRÂNICA buscando ser o mais didático possível, evitando falar-lhe que Marcelo era o espírito de seu filho abortado há 13 anos, que ainda lutava para encarnar no seu ventre.
- Você sabe como foi que eu decidi ser escritor, Carla?
- Como?
- Foi quando eu tinha 27 anos. Eu era solteiro e trabalhava em 2 empregos: num banco à tarde e numa repartição pública de manhã.
Carla se manteve olhando pra mim com curiosidade analítica, percebendo que eu entraria num assunto mais sério.
Durante aquelas primeiras semanas do nosso namoro apaixonado, eu evitava falar de mim, mesmo quando ela me instigava, pois os assuntos que deliciavam minha mente eram trivialidades da Vida Familiar e da carreira literária.
Preferia que ela me falasse sobre ela e, na maioria das vezes acabávamos fazendo brincadeiras e gozações com os naturais tropeços da vida e sempre ríamos um do outro, nos provocando com besteiras, pois aquele ROMANCE DE VERÃO era como se a VIDA tivesse nos dado umas férias no nosso ROTEIRO KÁRMICO antes de retomarmos a ROTINA da Caminhada.
Quem já se apaixonou sabe como é... os problemas continuam os mesmos, mas parece que estamos anestesiados e as coisas sérias perdem a importância, enquanto que as COISAS SIMPLES ganham um NOVO SABOR.
SACERDÓCIO LITERÁRIO
- Finalmente você vai falar um pouco de você - Carla observou saboreando sua formação em psicologia - Até agora, -só eu tenho te contado sobre a minha vida, desde menina. Toda vez que te peço pra falar-me um pouco mais da tua vida pessoal, você desconversa! Homem misterioso... - ela brincou. - Parece que tá me escondendo algo.
Eu realmente escondia algo dela. O ciúme que Karina lhe despertou, causando o nosso prieiro desentendimento era só a metade do que estava por vir. Mas agora eu queria lhe falar sobre VALORES DE CRENÇA, e não sobre VIDA CONJUGAL.
Beijei-lhe os lábios macios e falei:
- A literatura para mim é como um Sacerdócio. Tão sagrado como o celibato para os padres e a carreira pastoral para os líderes evangélicos.
- Sei disso! - Ela falou - Nunca havia me interessado por livros espíritas. Minha mãe tem vários, tia Maria também. Mas nunca me interessaram nem me prenderam. Porém quando li o primeiro livro teu, o RESGATE, não conseguia parar de ler. Concluí a leitura no mesmo dia. Aí eu quis ler os demais e extasiei-me com OS FILHOS DO AMOR.
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A MOÇA DA MOTO - Romance Espiritual de Paulinho Santos da Fratuni
RomanceCarla é uma jovem encantadora, que conheci casualmente na cidade praiana de Peruíbe. Meu carro quebrou perto da Reserva Ambiental da Jureia e ela me deu uma carona na garupa de sua moto. Conversando no caminho, descobri que ela era uma fã dos meus l...