Depois do atrito que tive com o pai de Carla à mesa do café da tarde em sua casa, diante de seus tios e sua mãe, quis sair dali, mas Carla queria esperar pela chegada de seu irmão Yuri, que vinha dos Estados Unidos, especialmente para a festa de aniversário de sua mãe.
Carla argumentou que o quintal da mansão de seus pais era enorme, e realmente era, com: jardins, área de piscina, lago ornamental com peixes, ponte e chafariz... havia vários locais ali, pra não ficarmos no mesmo ambiente em que seu pai estava.
Argumentei que isso era confortável pra ela, que era filha, mas eu era um estranho à sua família e tudo ali pertencia à casa dele e, consequentemente, ao seu território.Minha tentativa inicial de diplomacia tinha fracassado quando lhe declarei guerra, insinuando que ele era assassino do próprio neto, ao financiar e induzir o aborto de sua filha aos 19 anos.
Eu e Carla combinamos então, que eu sairia pra dar uma volta e nos reencontraríamos no buffet, às nove da noite, onde estaríamos em território neutro.
Carla me deu as chaves e o documento de seu carro, junto com um convite avulso pra eu entrar na festa. Marcou no GPS do carro o endereço do Buffet e me ensinou a mexer no câmbio de sua T4, que era automático, logo, diferente do cambio manual do meu carro que ficara em Peruíbe.
Adorei passear com aquela URV pelas ruas do Butantã, porque adoro sentir a dirigibilidade de carros diferentes e, aquele Jeep 4x4 era um dos meus sonhos de consumo.
Parei numa determinada praça, bem iluminada, e liguei pra minha casa, pois naquele dia, ainda não tinha falado com a minha família. Obviamente, ocultei que estava em São Paulo, numa festa, como namorado de uma moça linda que eu conhecera a menos de uma semana na praia.
Eu estava "pulando a cerca" do meu acordo conjugal e aquilo me incomodava um pouco. Desde que eu me apaixonara perdidamente pela Karina, e a engravidara há 14 anos, não mais me metera em aventuras extras-conjugais, até o momento que conheci Carla.Quis acreditar que tratava-se apenas de um AMOR DE VERÃO, que passaria logo, assim que as minhas férias na praia acabassem, e ninguém de minha casa precisaria saber dessa Aventura Romântica que eu me deixara envolver. Mas o tempo provaria que eu estava errado, na minha presunção em achar que podia domar os CAVALOS SELVAGENS da PAIXÃO.
DELÍRIOS e ÊXTASES
Às nove e dez da noite, cheguei ao Buffet, pois havia me perdido um pouco. Moro na Zona Leste Paulistana e nada conhecia sobre o bairro do Butatã que fica na Zona Sul. Mesmo com o GPS, perdi várias entradas nas vicinais, e dei algumas voltas a mais, até conseguir chegar no endereço do buffet onde a festa acontecia.Carla me esperava na porta do Buffet. Estava com um vestido rosa salmão, muito elegante, que delineava seu corpo magnífico. O manobrista do vallet se encarregou do carro e ela abraçou-me e beijou-me feliz, como moça apaixonada que quer exibir seu novo namorado aos parentes e amigos, após 2 anos de sua separação conjugal.
A PAIXÃO provoca dentro de nós uma alquimia inebriante, que álcool ou outras drogas nem chegam perto.Evangélicos falam sobre a sensação inebriante de "Conhecer a Jesus" ou ficar "Cheio do Espirito Santo" e eu penso que é um frenesi semelhante ao que a Paixão provoca num casal apaixonado.
Espíritas também falam sobre a sensação de incorporação mediúnica, como ocorria com Chico Xavier em suas psicografias, e muitos espíritas anseiam por esse frenesi... As Manifestações Espirituais, sejam elas Evangélicas, Espíritas, ou de outras Religiões costumam provocar em nós delírios extasiantes, que contagiam as pessoas à nossa volta.
Comento isso com vocês, queridos, porque este romance é de cunho espiritual. Embora se passe num contexto de sensualidade e infidelidade conjugal, a GRANDE LIÇÃO obtida dessa desafiadora experiência, foi perceber que o PLANO ESPIRITUAL quer mais de nós do que avaliamos com os Limites da nossa ORTODOXIA TEOLOGICA.
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A MOÇA DA MOTO - Romance Espiritual de Paulinho Santos da Fratuni
RomanceCarla é uma jovem encantadora, que conheci casualmente na cidade praiana de Peruíbe. Meu carro quebrou perto da Reserva Ambiental da Jureia e ela me deu uma carona na garupa de sua moto. Conversando no caminho, descobri que ela era uma fã dos meus l...