Capítulo 19 - Mar de Emoções

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Aquela última semana das minhas férias em Peruíbe estava atípica.

Na Segunda Feira, depois que passei a mensagem pra mãe de Carla, buscando convencê-la a contar ao seu esposo e filhos sobre a grave doença que descobrira, fiquei com Carla, até meia noite, comendo pipoca, tomando vinho e assistindo filmes na TV.

Na terça, depois que Carla chegou de seu trabalho, às duas da tarde, ainda chovia. Ela trouxe um monte de guloseimas que comprara no mercado, e passamos mais uma tarde colados, no sofá, noutro delicioso programa caseiro, enquanto a chuva despencava lá fora.

Temendo que o final das férias de fevereiro fosse nos separar, pelo fato de eu ser casado e, muito feliz na minha vida conjugal, tentávamos paralisar o tempo, pra ficarmos: juntinhos, colados, bebendo a respiração um do outro, buscando fundir nossos corpos e nossas almas numa coisa só...

Aquela paixão, que nos pareceu inicialmente, um Amor de Verão, ou uma Aventura de Férias, ganhara uma força que até nos assustava, pois a simples possibilidade de nos distanciarmos, nos fazia suspirar doloridos.

Eu nunca brinco de amor, nem me envolvo em relacionamentos superficiais...

Embora vulnerável e flexível, no tocante a libido, sempre me envolvo com profundidade nos meus relacionamentos afetivos... e sempre choro muito quando eles chegam ao final.

Preparei-me pra chorar, nas primeiras semanas de envolvimento com Carla, porque, apesar de perceber-me profundamente apaixonado por ela, eu tinha um relacionamento conjugal sólido, com Karina e Luíza e sabia que nada abalaria o tudo que construímos em décadas de convívio e CUMPLICIDADE.

A VIDA é feita de ESCOLHAS

e não se pode ter tudo... então eu sabia que Carla, quando percebesse o diferencial e a solidez de minha VIDA CONJUGAL, iria optar pelo senso comum e me deixar.

Por ser independente, sexy, extrovertida, carismática e bem mais jovem do que eu, imaginei, inicialmente, que Carla cultivaria seu platonismo comigo, e logo desencantaria, ao conhecer-me além de suas fantasias e projeções platônicas.

Mas isso não ocorreu e, enquanto a chuva despencava lá fora, embaçando a vidraça da sala, eu e Carla brincávamos de casal de meia idade, dividindo um cobertor no sofá da sala, assistindo TV, de mãos dadas, pois a simples companhia, um do outro, nos fazia feliz e expandia os nossos peitos inundados de amor.

Sei que vocês já experimentaram essa sensação.

O Amor e a Paixão expande o nosso peito, trazendo-nos um bem estar impressionante... E quando encostamos o nosso peito, no peito da pessoa amada, DEUS DO CÉU... é como se fizéssemos amor com a alma!

Na quarta-feira a chuva passou, mas eu recebi uma mensagem de Carla, no celular, dizendo-me:

"Estou subindo pra São Paulo com a minha tia, amor! Parece que houve um problema nos exames da minha mãe, e meus pais querem conversar comigo pessoalmente. Assim que eu resolver, retorno!"

Mesmo apreensivo, fiquei feliz. A mãe de Carla, tinha aceitado minha dica, de não carregar aquela pesada carga sozinha.

Na quinta-feira não recebi mensagem alguma de Carla, e lhe passei apenas, mensagens de elevação, como se eu ainda não soubesse do grave problema de saúde de sua mãe.

PRECISO DE VOCÊ!

Na sexta a tarde, eu estava fazendo uma faxina na casa, pois minha família chegaria às 18 horas pra passarmos o último fim de semana na praia.

Recebi uma mensagem de Carla no celular.

" Paulinho, meu amor: acabei de deixar meus pais no aeroporto e estou descendo, pois não quero ficar só, na casa deles. Sei que você já sabe do problema de saúde da minha mãe...Me ajuda... preciso muito de você!"

Eram 5 da tarde quando Carla chegou e eu a recebi no portão. Ela se atirou em meus braços, e chorou, de soluçar, por um longo tempo.

Há situações, em que não temos muito o que dizer.

Mantive-me em silêncio, acariciando seus cabelos e deixando que ela desabafasse contra as aparentes injustiças da vida, dizendo-lhe, simplesmente:

- Você não está sozinha nisso, meu amor! Vou te ajudar. Vou mover tudo o que tenho, pra te ajudar, Carla, porque te amo! Deus do céu, COMO EU TE AMO!

FAMÍLIA MODERNA

As 18 horas, quando minha família chegou na casa da praia, Carla já tinha ido pro seu apartamento.

Eu lhe pedi que me aguardasse lá porque, depois que acomodasse a minha família, iria ficar com ela naquela noite. De maneira alguma a deixaria só naquele final de semana.

Só precisava dar um toque pra Luíza e pra Karina, que estavam descendo, também, pra me ajudar na revisão final do novo livro, e precisaríamos dar uma remanejada no que havíamos planejado inicialmente.

A MOÇA DA MOTO - Romance Espiritual de Paulinho Santos da FratuniOnde histórias criam vida. Descubra agora