Uma perda, uma responsabilidade, uma família.
Era o que ela imaginava. Mas nada é o que se imagina quando se trata da família Shelby.
"Go ahead and cry, little girl
Nobody does it like you do
I know how much it matters to you
I know that you got da...
Podia se ouvir o barulho de risadas e conversas animadas misturadas com música à três quarteirões.
As ruas estavam desertas como de costume, mas acredito que hoje quase todos estariam no mesmo lugar. Arrumo uma última vez minhas roupas antes de me aproximar da porta cercada de pessoas. Havia optado por vestir um vestido leve de cetim na cor creme, ele tinha alças finas e contornava meu corpo perfeitamente até na altura do meio das coxas, tinha pequenos detalhes de renda em sua barra, assim como uma abertura em formato de gota no começo de minha barriga. Por conta do frio que fazia, usava um grande casaco de pelos sintéticos branco, que cobria o vestido todo. Usava acessórios prateados e um salto médio no mesmo tom do vestido.
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Bato a mão suavemente em minha coxa, e posso sentir por baixo do fino tecido o soco inglês ganhado de John confortavelmente posicionado em meu coldre.
Sorrio dando batidinhas em meus cachos dourados para garantir que estavam no lugar, agora parando de frente à porta, que logo é aberta para mim em um ato de cavalheirismo por um dos homens ao redor da mesma.
Aceno com a cabeça para o mesmo que sorri se curvando um pouco de forma educada me vendo passar. Seu rosto era estranhamente familiar.
Agora dentro do salão, nem preciso me dar o trabalho de procurar. Meus olhos automaticamente encontram os homens de boinas ao redor de uma grande mesa em um dos cantos do salão, lado contrário ao bar.
Me arrependi de ter vindo desde o instante que atravessei aquela porta, porém antes que eu atenda minha vontade de ir embora e falar no dia seguinte que eu estava indisposta, alguns dos homens de Thomas sussurram entre si notando minha presença e cutucam Arthur, que estava entre eles virando sabe Deus lá o que era aquela bebida. Arthur rapidamente encontra seu olhar com o meu e me chama com sua mão de forma animada, fazendo John, que se encontrava rodeado de algumas garotas e ao lado de mais homens de boinas e ternos, também olhar em minha direção e dar um sorrisinho vencedor.
Caminho desviando entre as pessoas da forma mais controlada que posso, ato que não foi fácil, mas logo me encontro já próxima à mesa, de frente para Arthur que envolve rapidamente seu braço em meus ombros me lançando um sorriso animado. Me pergunto quanto pó ele já havia cheirado para estar nesse estado.
-Achamos que Polly estava te mantendo em cativeiro! Não estava dando as caras nem na casa de apostas. -diz chamando com um assobio, uma das garotas que estavam ao redor de John, rindo e quase se jogando em cima do mesmo, que parecia estar mais interessado em seu jogo de cartas com os demais.
-Sim, mas agora eu estou aqui. Não é isso que importa? -tento não expandir mais este assunto. Eu iria beber um pouco, conversar com algumas pessoas e logo dar um jeito de sumir. Esse era o plano. Sorrio para o mesmo antes de voltar o olhar para a garota de cabelos pretos azulados que parava em nossa frente.
