Acordo de sangue.

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Musica: Doja Cat- Candy

O pôr do sol havia sido a pouco tempo, o céu escurecia e a luz da lua se tornava cada vez mais forte. Eu caminhava pelas ruas segurando meus saltos em mão, algumas pessoas passavam por mim indo na direção contrária, provavelmente iriam para algum pub comemorar um dia bem sucedido ou qualquer outra coisa, talvez o que eu deveria estar fazendo. Mas não. Eu estava indo diretamente para a toca do leão. Havia acordos sendo feitos e eu odiava sair em desvantagem. Nunca fui mulher de abaixar a cabeça e aceitar pouco, meu pai sempre me criou assim. Como nunca teve um filho homem ele sabia que um dia eu teria que ser forte o suficiente para estar no comando, ele só não imaginava que seria tão cedo. 

Me lembro perfeitamente de uma de nossas conversas de quando eu era menor. Agora ela fazia mais sentido que nunca.

"Esse é um mundo grande Ashley, onde quem é maior sempre está a frente e tenta diminuir cada vez mais os que considera inferior. Muitas pessoas vão te dizer o que fazer, como se comportar, e vão tentar te rotular o tempo todo. Mas saiba que a única que decide isso no final, é você. Você vai ser oprimida e pensar pequeno e baixo, ou vai se opor e mostrar quem é e o que pensa? Essa parece ser uma pergunta óbvia para ser respondida agora... Mas querida, ela não é. Para se viver precisa de coragem e determinação. Não deixe ninguém calar sua voz Ashley. Mande todos os grandes irem a merda... e sabe qual é a melhor forma de fazer isso? Com a inteligência." 

Meu pai sempre foi minha base, minha mãe faleceu assim que nasci, mas sei que ela era uma mulher incrível e forte que mudou o homem que meu pai era. E por isso ele sempre fez questão de me fazer ver o mundo como ela. Ele disse que ela pintava, cantava e sonhava com um mundo melhor. Limpo as lágrimas que rolavam silenciosamente em minhas bochechas e ergo minha cabeça caminhando em passos fortes. Ouço um trovão e logo posso sentir os pingos finos da chuva cair sobre mim, poucos segundos depois a chuva se intensifica molhando meus cabelos e meu corpo. 

Paro em frente a porta e respiro fundo, bato na mesma e cruzo os braços olhando ao redor. Não demora muito para a mesma ser aberta por Tommy que estava com uma pistola em sua mão ao lado do corpo. 

-Eu vim em paz! -levanto as mãos e balanço meus saltos como uma bandeira branca. O mesmo guarda a arma e abre espaço fazendo sinal com a cabeça para eu entrar. 

-Você quer uma toalha? -diz franzindo o cenho me olhando de cima a baixo, meu Deus eu estava um desastre. 

-Não. Eu to bem. -olho para meu vestido e volto meu olhar para o mesmo. -Ok, Talvez não tão bem. 

O mesmo ri fraco e se dirige até uma mesa com whisky e uns copos sobre ela, ele rapidamente coloca uma dose em cada copo e me estende um. 

-Por que veio até aqui? -diz e eu pego o copo de sua mão enquanto me sento em seu sofá. 

-Vim negociar, senhor Shelby. -cruzo as pernas e dou um gole em meu copo olhando em sua direção. 

-Poderia ter ido amanhã falar comigo. Por que veio aqui agora? -leva seu copo até seus lábios enquanto se senta em minha frente numa poltrona. -Quer transar comigo senhorita Martín? -diz irônico dando um gole em seu copo. 

-Seria uma honra senhor Shelby, mas não gosto de envolver negócios com prazer. -sorrio cínica colocando meu copo sobre uma mesa ao lado do sofá onde eu estava. 

-Então admite que seria um prazer senhorita? -reviro os olhos cruzando os braços e o mesmo ri bebendo o restante do líquido de seu copo. -Ok, pode dizer sua proposta. 

Ok era agora. 

-Primeiramente, não me importo com o que você ou Polly dizem. Você precisa de mim, pelo menos nesse momento Tommy, você está se envolvendo com pessoas grandes, e você está sozinho com uma dúzia de homens. Sabe como funciona... -escoro meus cotovelos sobre meus joelhos e meu rosto sobre minhas mãos. -Quase como uma cadeia alimentar, o maior sempre se alimenta do menor. -sorrio ao ver seu semblante mudar. -Pretendo continuar o legado de meu pai. Não tão diretamente, mas como uma... -analiso minhas unhas pensando na palavra certa. -Sócia! -completo arqueando as sobrancelhas olhando em sua direção. -As pessoas lá gostam de mim. -ergo os ombros me ajeitando no sofá, e após alguns segundos sem resposta continuo. -Qual é Tommy! Você sai ganhando. -me deito no sofá de lado escorada sobre meu braço direito. 

Daddy Issues- John ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora