Daddy Issues- John Shelby

Caos.

Sentada na janela de meu quarto, vejo o sol nascer dourado, como raramente era em Birmingham. Mas eu amava esses nasceres do sol, os achava únicos e mágicos. Eu não havia dormido a noite toda, estava empolgada para o dia de hoje mas ao mesmo tempo preocupada. Preocupada com tudo, preocupada em voltar para casa, preocupada em perder alguém hoje, preocupada com mil coisas. É péssimo olhar para um nascer do sol e não saber se ele vai ser o último que você vai ver em sua vida, saber que talvez não tenha mais uma caminhada na praia, mais uma noite estrelada para admirar ao lado de seu amor, se é que você o tenha tido. Mas a vida é assim, não é? Incerteza. E eu acho isso arte. 

Desço de minha janela para dentro do quarto novamente, era cedo demais para ter alguém acordado, então não vou descer agora. 
Abro uma última vez minha mala para conferir se havia pego tudo. Eu estava levando o bracelete de minha mãe, iria usá-lo finalmente está noite, talvez o mesmo me traga sorte, ou acabe comigo de uma vez. Quem sabe? 
Vamos para Londres daqui a algumas horas, vamos primeiramente para mansão onde será a festa, para conhecer o local e os pontos estratégicos antes da hora exata do evento, depois nos arrumaremos e vamos tentar passar despercebidos pela multidão. 

Opto por colocar uma camisa branca de botões dourados na frente, uma saia justa e preta com detalhes em branco nas laterais que ia até a altura de meus joelhos, coloco sob a mesma meu coldre que fica pouco marcado pelo tecido da saia, uma meia arrastão e um saltos altos também em preto e para completar, coloco uma pequena gargantilha dourada. Deixo meus cabelos soltos. 

Alguns minutos depois eu desço as escadas com minha mala em mãos, ia deixa-la na sala para facilitar quando fôssemos sair. Me surpreendo ao passar pela cozinha e encontrar a porta que leva para a casa de apostas entreaberta. Deixo minha mala sobre a mesa e me aproximo lentamente e posso ouvir através dela. 

-Você disse isso mesmo? -reconheço a voz de John, ele parecia rir surpreso. 

-Exatamente, ela já tava a ponto de explodir e mandar o coitadinho ir a merda de novo. -Arthur quem fala dessa vez, reconheço imediatamente o assunto, esse merda! -Ele passou o telefone na hora. Não sei que parte o tocou mais, a dos fuzis e metralhadoras ou a que ela senta pros ciganos fodões. -John cai na risada. Empurro a porta repentinamente com o pé e com os braços cruzados ergo uma de minhas sobrancelhas. A risada se cessa na hora. 

-Meu Deus, parecem duas velhas fofoqueiras falando da minha vida. Que bonito! -entro caminhando lentamente e parando de frente para os mesmos que estavam sentados em duas cadeiras, John estava com um copo de whisky em mãos e Arthur tinha um cigarro. 

-Que bonito digo eu! Escutando conversas atrás de portas senhorita Ashley? Lamentável... -John diz rindo e levando seu copo aos lábios lentamente me olhando. 

-Qual é Ashley, eu tinha que contar pro John. -Arthur ri tragando seu cigarro e o estendendo em minha direção enquanto leva sua mão até o bolso de seu paletó. -A propósito John... -Tira uma nota de 5 libras e joga no colo de seu irmão que ri jogando a cabeça pra trás. 

-Qual é? vocês apostaram? -digo irritada levando o cigarro até os lábios. 

-É, e o Arthur perdeu. -John guarda a nota em seu bolso ainda rindo em direção do irmão. 
-Ta legal, qual era a aposta? -puxo uma cadeira e me sento na mesma ao contrário, com os braços escorados no encosto e uma perna em cada lateral, tiro o cigarro e solto a fumaça do mesmo. 

-Se você já tinha transado ou não com seu amigo. -Arthur pega o cigarro que estendo para o mesmo. 

-Ai meu Deus, Eu não acredito! -caio na risada enquanto nego com a cabeça na direção dos dois. -Vocês tem 11
anos? -ambos riem de minha frase e John coloca as mãos atrás da cabeça de forma confortável, eu desço o olhar pelo seu corpo bem exposto naquela posição e sorrio lentamente o canto dos lábios, podia facilmente o imaginar amarrado naquela posição. Meu Deus o que estou me tornando?