19 | R u n

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Um pouco depois de comermos os sanduíches no mais absoluto silêncio, ela se levantou da mesa, passando por mim.

- Esconda ele e se esconda. Vou ir embora com a minha mãe. - falou com a voz baixa e sem olhar no meu rosto, subindo as escadas direto.

Levantei-me e corri para arrastar a cadeira até o cômodo mais próximo da sala, que era o banheiro.

Me tranquei lá dentro com ele.

Encostei meu corpo na porta para ouvir quando Sophia saísse de casa.

O tempo parecia não passar lá dentro.

Por causa da tensão eu conseguia ouvir todos os mínimos barulhos do banheiro. As gotas de água que escorriam pelas paredes tocando o chão, o vento entrando pela pequena janela no alto da parede e até a minha própria respiração descompassada.

Suspirei. Mais um pouco e tudo aquilo acabaria.

Só precisava aguentar mais um pouco.

Encarei o homem amarrado na cadeira por um tempo, não havia outro lugar para se olhar.

Estava começando a deixar a ansiedade tomar conta de mim, o frio na barriga e os movimentos incessantes com o pé eram sinais de que eu estava a um passo de gritar para que Sophia se apressasse.

Já havia passado algum tempo e ela não descia

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Já havia passado algum tempo e ela não descia.

Decidi ver o que estava acontecendo.

Abri a porta do banheiro cuidadosamente e o tranquei pelo lado de fora.

Corri até as escadas e fui ao quarto, surpreendendo-me com a cena na minha frente.

Martha estava com uma faca, e segurava Sophia, sufocando-a pelo pescoço.

A ponta da faca tocava a pele clara e tênue do pescoço dela.

Assim que os olhos dela me flagraram, sua expressão se tornou ainda mais assustadora. Abriu um sorriso que eu não compreendia e eu senti meu coração acelerar pela décima vez naquele dia.

- Você. - balbuciou enquanto tremia a mão que segurava a faca. - Você... Você! Isso tudo... Isso tudo é sua culpa. Despareça das nossas vidas! Desapareça imediatamente!

- O que a Sophia te disse? - falei com as mãos no ar, tentando apaziguá-la.

- Sophia? Essa garota não tem que me dizer nada. Eu preciso que você desapareça da nossa vida para que tudo volte ao normal. Normal... entre mim e Arthur. - seus olhos tremiam, molhados de terror. Piscava incessantemente sem nem tentar esconder o nervosismo.

- Ah... - respirei fundo - Então eu suponho que você saiba de tudo? - Sophia contorcia o rosto enquanto era sufocada pela própia mãe.

- Eu sabia. Eu... Sempre soube. Ele só sabia falar daquela... Daquela Elizabeth. Todos os dias. Todas as noites. Ele delirava... - todo seu corpo tremia - Quando estava bêbado... Dormindo... - seus olhos se encheram de lágrimas e sua voz ficou comprometida - Ele chamava o nome dela. Ele... Não me contou o que fez. Mas... Ele pedia desculpa... Toda vez que... Que dormia. - arregalei os olhos - Ele pedia desculpas e acordava ofegante porque alguém parecia estar... Perseguindo ele. E isso tudo é sua culpa! - gritou.

Alice [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora