Um pouco depois de comermos os sanduíches no mais absoluto silêncio, ela se levantou da mesa, passando por mim.- Esconda ele e se esconda. Vou ir embora com a minha mãe. - falou com a voz baixa e sem olhar no meu rosto, subindo as escadas direto.
Levantei-me e corri para arrastar a cadeira até o cômodo mais próximo da sala, que era o banheiro.
Me tranquei lá dentro com ele.
Encostei meu corpo na porta para ouvir quando Sophia saísse de casa.
O tempo parecia não passar lá dentro.
Por causa da tensão eu conseguia ouvir todos os mínimos barulhos do banheiro. As gotas de água que escorriam pelas paredes tocando o chão, o vento entrando pela pequena janela no alto da parede e até a minha própria respiração descompassada.
Suspirei. Mais um pouco e tudo aquilo acabaria.
Só precisava aguentar mais um pouco.
Encarei o homem amarrado na cadeira por um tempo, não havia outro lugar para se olhar.
Estava começando a deixar a ansiedade tomar conta de mim, o frio na barriga e os movimentos incessantes com o pé eram sinais de que eu estava a um passo de gritar para que Sophia se apressasse.
Já havia passado algum tempo e ela não descia.
Decidi ver o que estava acontecendo.
Abri a porta do banheiro cuidadosamente e o tranquei pelo lado de fora.
Corri até as escadas e fui ao quarto, surpreendendo-me com a cena na minha frente.
Martha estava com uma faca, e segurava Sophia, sufocando-a pelo pescoço.
A ponta da faca tocava a pele clara e tênue do pescoço dela.
Assim que os olhos dela me flagraram, sua expressão se tornou ainda mais assustadora. Abriu um sorriso que eu não compreendia e eu senti meu coração acelerar pela décima vez naquele dia.
- Você. - balbuciou enquanto tremia a mão que segurava a faca. - Você... Você! Isso tudo... Isso tudo é sua culpa. Despareça das nossas vidas! Desapareça imediatamente!
- O que a Sophia te disse? - falei com as mãos no ar, tentando apaziguá-la.
- Sophia? Essa garota não tem que me dizer nada. Eu preciso que você desapareça da nossa vida para que tudo volte ao normal. Normal... entre mim e Arthur. - seus olhos tremiam, molhados de terror. Piscava incessantemente sem nem tentar esconder o nervosismo.
- Ah... - respirei fundo - Então eu suponho que você saiba de tudo? - Sophia contorcia o rosto enquanto era sufocada pela própia mãe.
- Eu sabia. Eu... Sempre soube. Ele só sabia falar daquela... Daquela Elizabeth. Todos os dias. Todas as noites. Ele delirava... - todo seu corpo tremia - Quando estava bêbado... Dormindo... - seus olhos se encheram de lágrimas e sua voz ficou comprometida - Ele chamava o nome dela. Ele... Não me contou o que fez. Mas... Ele pedia desculpa... Toda vez que... Que dormia. - arregalei os olhos - Ele pedia desculpas e acordava ofegante porque alguém parecia estar... Perseguindo ele. E isso tudo é sua culpa! - gritou.
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Alice [Completo]
Teen FictionAs aulas se passaram, entediantes como sempre, até o terceiro horário. Eu estava anotando qualquer coisa no caderno para parecer que eu estava ouvindo o que a senhora Delanay escrevia no quadro quando um aviãozinho pousou sobre a minha mesa. Franzi...