Fui encontrá-la no café.
Sentei-me em uma mesinha que se encontrava do lado de fora do local.
Beatrice em poucos minutos já estava se aproximando.
- Você esperou muito? - perguntou, sentando-se na minha frente com um sorriso. Balancei a cabeça negando.
- Cheguei faz pouco tempo. - um garçom se aproximou de nós e pedimos dois capuccinos de chocolate.
- Você parece triste. Aconteceu alguma coisa?
- A filha da minha madrasta ela... Ela também consegue ver. - Beatrice arregalou os olhos - E agora a pouco ela tentou me chantagear para contar a ela tudo que eu sei. Eu não sei muito, mas não compartilhei nada demais. E... Ela está determinada a descobrir tudo. Sozinha.
- Mas que droga. Porque ela consegue ver?! - pensou um pouco - Existe mais alguém que consegue?
- Kelly. Uma menina da minha sala. Completamente aleatória, nós nem somos amigas. - o rosto dela ficava cada vez mais confuso.
- Que coisa... - dedilhou os dedos sobre a mesa - Você por acaso se lembra de ter ouvido alguma coisa sobre isso vindo de alguém da sua família?
- Não... Mas isso é porque... Bem, meu pai é minha família. Minha mãe morreu num acidente de carro quando eu ainda era bebê. Não tenho tios nem tias. Meu pai não tinha contato com meus avós maternos e os pais dele também já se foram. - ela queria fazer uma cara de surpresa, mas eu vi como controlava os músculos da face para não me constranger.
- Entendo... - pensou mais um pouco - Você já aceitou que estamos lidando com algo... Não convencional, né?
- O que quer dizer?
- É que... Não vamos chegar a conclusões de que isso é só uma marca de nascença por exemplo. Vamos descobrir coisas mais bizarras, eu suponho. Você brilhou nessa madrugada, Alice. Todo mundo viu. - suspirei - Isso não é nem de longe natural.
- Mas o que faremos? - levei as mãos a cabeça.
Fomos interrompidas pelo garçom que colocou nossos capuccinos sobre a mesa. Vi Beatrice contorcer o rosto para ele e sorri quando ele se afastou.
- O que foi? - perguntei com um ar divertido.
- Não sei se chegou a encará-lo, mas ele estava olhando fixamente para o seu braço. - ela continuava o fuzilando de longe.
- Será que...
- E posso dizer? Não parecia um olhar de admiração. - bebi um pouco do meu café. Ela continuou analisando o rapaz e eu não me dei o trabalho de virar para observá-lo. Não queria problemas. - Tive uma ideia. - virou-se repentinamente para mim - Na biblioteca municipal tem alguns registros sobre as famílias mais antigas, as fundadoras da cidade. Com um pouco de sorte e muita paciência - sorriu carinhosamente - Nós mesmas podemos descobrir quem são as pessoas da sua famíla.
- Não acho que será nem um pouco fácil...
- Mas não será. - bebeu um pouco do seu café - E nós vamos encontrar do jeito difícil.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alice [Completo]
Teen FictionAs aulas se passaram, entediantes como sempre, até o terceiro horário. Eu estava anotando qualquer coisa no caderno para parecer que eu estava ouvindo o que a senhora Delanay escrevia no quadro quando um aviãozinho pousou sobre a minha mesa. Franzi...