Alice [Completo]

13 | C a r t h e r

- O que foi isso? - Beatrice olhou ao redor, assustada.

- Eu... Eu não sei. - a eletricidade que eu estava sentindo, desapareceu, dando lugar a uma sensação de alívio.

Eu tinha feito aquilo?!

- Certo, não vamos ficar aqui até eles acordarem. - Beatrice pisou na extensão da corrente, desprendendo-se. Ela correu até mim, em seguida, e me libertou daquilo. Girei meus pulsos em alivio e quase pude sentir o sangue finalmente escorrer para as minhas mãos.

- Vamos sair daqui o mais rápido possível. - falei e ela concordou.

Saímos por outra porta e encontramos vários corredores.

Depois de tanto andar, desesperadas, descobrimos a vastidão do castelo, e que cada corredor levava a mais uma dezena deles. Era um labirinto gigante, cheio de portas, escadas, e mais portas.

- Espere. - ela correu até um armário de madeira e o abriu.

Tinham vários casacos e blusas.

Ela me atirou um casaco branco.

- Não sabemos o que nos espera lá fora, então você vai precisar disso. - assenti com um sorriso, esquecendo que eu carregava comigo uma sentença de morte no braço.

Continuamos a procurar uma saída.

No caminho, vimos muitas pessoas desacordadas no chão. Guardas, serviçais, homens e mulheres. O que quer que tivesse acontecido, afetou o castelo inteiro e não só o salão.

Finalmente, depois de tanto procurar, conseguimos sair daquela estrutura.

Porém, havia ainda um enorme muro que nos separava do lado de fora.

- A gente consegue pular esse muro. - Bea falou confiante.

- Como vamos chegar lá em cima? Não temos nenhuma escada ou algo que se pareça com isso... - minha voz saía falha, devido a ofegância.

- Ali. - ela apontou para um monte de pedras enormes, encostadas nos tijolos do castelo.

- É tudo o que temos, vamos. - corri até as pedras e ela me seguiu.

Escalamos as rochas com uma velocidade que só podia ter sido proporcionada pela adrenalina, pelo medo e pela incessante vontade de ir embora dali.

Com um pouco de esforço, chegamos ao outro lado.

Esfreguei a roupa, tentando tirar a maior parte da sujeira.

Então, percebi nossa lastimável situação: Sujas, com fome, sede, medo, sono e completamente acabadas.

- Será que eles vão acordar... - murmurei.

- Não é da nossa conta e nem devemos nos preocupar. São nossos inimigos lembra? - prendeu os cabelos num coque. - Todos eles. Taylor, esse James... E até Vanessa. - falou com dor no olhar, porque sabia o quanto ela era importante para mim - Quanto mais rápido aceitarmos isso, mais nós sobreviveremos. Porque, Alice, enquanto existirmos, eles vão tentar nos matar. - ela dizia pensando mais em mim no que nela mesma. Sorriu, encarando-me.

Assenti com a cabeça. Gostando ou não, Beatrice estava certa. Não dava para confiar em todo mundo.

Continuamos a andar para conhecer aquele mundo, do qual ouvimos tanto, mas sabiamos tão pouco sobre.

Não tinha nada de estranho, como naqueles filmes de ficção, onde o céu fica verde, cheios de nuvens escuras e densas e há monstros por toda parte.
O sol parecia o mesmo, o céu estava alternando em tons pastéis, chegando naquele azul que parece o mar. A grama era verde e úmida; o vento balançava as folhas das árvores e beijava nossos rostos.