A casa modesta tinha todo o primeiro andar destruído. Os móveis destruídos, o sofá e as poltronas com o estofado rasgado, a televisão sobre o balcão da cozinha, partida em duas partes. Subindo pela escada, o corrimão azul estava em pedaços, junto com o assoalho. Os degraus tinham partes quebradas que acompanhavam o segundo andar da casa, que tinha o corredor abarrotado de escombros e as portas dos cômodos arrombadas. Sentada numa cadeira na entrada de um dos quartos, uma mulher se balançava encarando um berço infantil de madeira. A mulher parecia solitária e melancólica.
De trás da porta, se aproximando por trás da mulher, Carlisle suspirou e apoiou as mãos em seus ombros, a luz do sol entrando pela janela e brilhando sua pele.
— Papai. — Alice chamou, fazendo Carlisle se virar para olhá-la — Está na hora. — sorriu gentil
Carlisle apertou gentilmente os ombros da mulher, fazendo-a virar e erguer a cabeça, o olhando. Alice caminhou mais alguns passos e encostou no batente da porta. Os irmãos Cullen e Halle se amontoaram na entrada do cômodo, não preocupados com o quarto cheio de mobília não usada, mas sim com a dupla em frente ao berço.
— Você não está sozinha. — Edward diz quando a mulher volta a olhar para o berço
— Bem vinda de volta. — Jasper e Bella sorriram sem jeito
— Mãe? — Rosalie a chamou
A mulher se levantou e suspirou, dando meia volta e observando o clã. Ela e Carlisle se encaram e entrelaçam as mãos. Quando ela se vira para os irmãos, o sol reflete em sua pele, fazendo-a brilhar.
Ela sorriu.
***
SEATTLE, WASHINGTON DC - EUA
Se ela fosse humana, seus pés estariam doendo. Em geral, Rosalie Hale gostava de fazer compras, mas não quando as expectativas altíssimas de sua irmã Alice estavam envolvidas. O retorno para a cidade que tanto amava a deixava emotiva, porém toda a sua animação em voltar a ser uma adolescente de novo ia pelo ralo, enquanto Alice tentava encaixar a família no estilo colegial daquela época. Alice Cullen passou o mês inteiro planejando isso e a semana inteira fazendo compras com todos os membros da família. Hoje era o dia de Rose.
Passearam por toda Seattle atrás de ítens escolares que conversem com o estilo de Rosalie e o estilo moderno da época. Várias ideias foram pensadas pela baixinha inquieta que saltitava pelas ruas animada com a possibilidade de começar de novo.
— Precisamos deixar essas sacolas no carro. — Alice diz ao destravar o veículo e calcular meticulosamente como e onde cada sacola seria colocada
— Eu posso carregá-las fácil. — Rosalie fez uma careta — E muito mais.
— A intenção é parecer uma humana normal, Rose. — Alice ralhou
Revirando os olhos, Rosalie segurou todas as bolsas enquanto a irmã testava várias arrumações diferentes das sacolas, buscando um jeito de manter tudo alinhado. Perdida nos próprios pensamentos, a loira começou a observar as pessoas que estavam ao seu redor. Uma em especial chamou sua atenção.
A uma distância humanamente impossível de se enxergar com clareza, Rose viu perfeitamente uma mulher sair de uma cafeteria carregando uma pilha de revistas e cadernos nos braços, pressionando-os contra o peito, enquanto tentava não tropeçar nos próprios pés. Lágrimas pesadas escorriam por seu rosto e ela parecia não se importar com os carros, ao atravessar a rua. Atrás dela, um homem alto, de pele bronzeada, saiu da cafeteria berrando palavras de ordem para ela, que o ignorou. Apesar da distância, Rosalie conseguia ouvir com perfeição e aguçou seus sentidos na intenção daqueles dois.
— Quem você pensa que é pra me deixar falando sozinho?
O homem gritou ao alcançar o braço dela e puxá-la de forma brusca, fazendo com que os cadernos e revistas em seus braços fossem de encontro ao chão úmido da rua.
— Me deixe em paz. — ela pede chorosa — Está me machucando.
— Quer ficar em paz? — ele a encara — Fique em paz sozinha! — ele a solta com rompância, empurrando-a — Lide com isso!
O homem se afasta à passos largos, deixando-a sozinha com suas lágrimas, sua dor e suas coisas espalhadas no chão. Ouvindo os xingamentos direcionados a ela por sua irmã, Rosalie largou as sacolas no chão e, em velocidade sobre humana, se aproximou da mulher que tentava recolher suas coisas e o que restou de sua dignidade.
— Eu ajudo!
Rose se prontificou em abaixar e recolher rapidamente as revistas e cadernos em branco, deixando a desconhecida momentaneamente assustada. Enquanto ela lutava para disfarçar a cara de choro, Rosalie fingia não ter visto nada.
— Aqui. — se levantaram e Rosalie ofereceu a pilha de revistas e cadernos
— Obrigada, querida.
Surpreendendo Rosalie, a desconhecida sorriu para ela com gratidão e carinho. Nem parecia que tinha acabado de ser abusada por um babaca. Isso mexeu com suas emoções e, estranhamente, fez Rose deixar o mau humor de lado.
— Precisa de ajuda? — pergunta — Talvez uma carona?
Era estranho Rosalie interagir com humanos por livre e espontânea vontade, mas ela estava gostando de estar com ela. A desconhecida parecia agradável, apesar de melancólica.
— Não, estou bem. — a desconhecida sorri — Obrigada. Você é tão doce.
— Ah, eu... — Rose se atrapalha — Gosto de ajudar pessoas.
— Uh, seus pais devem ter orgulho de você.
Claro, Rosalie parecia uma garota do colegial de novo.
— É só o meu pai. — Rose põe as mãos nos bolsos traseiros da calça — E ele tem sim.
Era o que o Carlisle sempre dizia. Se orgulhava de cada um de seus filhos do coração.
— É claro que tem. — a desconhecida ainda sorri — Obrigada, mais uma vez.
— De nada.
— Tchau. — diz se virando
— Vá com cuidado.
Rosalie se manteve observando-a, até conseguir perceber todo aquele brilho sumir de seus olhos. Ela parecia sem vida.
— Rosalie! — Alice chamou, fazendo-a revirar os olhos
— Estou indo. — Rose resmunga
Por que Alice estava tão animada em voltar pra Forks?
______________________________
VOCÊ ESTÁ LENDO
SAVE ME - Carlisle Cullen
FanfictionUma das filosofias da vida diz que cada coração possui no Infinito a alma gêmea da sua, companheira divina à gloriosa imortalidade. Almas criadas uma para a outra, que sempre se buscam quando separadas. A separação dessas almas é a provação mais dol...