Uma Danvers & Uma Luthor - Supercorp

1. O encontro improvável

2020

Era o último dia do Congresso Anual de Pesquisa e Tecnologia da Luthor Corp. O evento visava integrar o seu corpo de cientistas, dar espaço para que a sua comunidade científica tomasse ciência sobre os avanços que estavam sendo alcançados em todas as unidades da companhia, assim como receber jovens pesquisadores que quisessem tentar uma vaga e/ou investimento das empresas Luthor no seu trabalho.

Era o primeiro ano que Kara Luthor estava à frente desse evento. Faziam alguns meses que ela tinha assumido o posto de CTO (Diretora de Tecnologia) da Luthor Corp, desde que Lionel havia adoecido severamente e precisou se afastar das suas funções administrativas. Isso acarretou que Lex assumisse a posição de CEO interino, em seu lugar, e Kara a chefia do setor dedicado aos avanços científicos. Embora ainda houvesse algum conflito familiar interno sobre isso.

A vontade de Lionel era de que seus filhos assumissem a liderança dos negócios, dando continuidade ao seu legado. Lex e Kara foram criteriosamente preparados para serem CEO e COO, respectivamente, mas a mais nova vinha tentando se esquivar desse cargo, sob forte oposição de sua mãe e irmão adotivos. E como uma boa esposa, que prezava pelo legado dos Luthors, Lillian tentava que a vontade de seu marido fosse cumprida, mesmo que ele estivesse afastado no momento. Já Lex, apenas não confiava muito em funcionários para cargos tão altos e concordava que o comando dos negócios deveria continuar na família. Afinal, só um Luthor poderia dar seguimento ao legado da família, preservando o seu propósito. E no fundo, ele preferia trabalhar com a irmã como seu braço direito. Eles se entendiam bem trabalhando juntos, e ele não queria mexer nessa dinâmica.

Na ocasião do congresso também era a primeira vez que uma jovem cientista apresentava os resultados parciais da sua extensa pesquisa sobre uma possível cura para o câncer. Ela tinha assumido, também a pouco tempo, a posição de Chefe do Departamento de Pesquisa do Hospital Luthor. O seu estudo se mostrava muito promissor, Kara podia constatar da primeira fileira da plateia, onde se encontrava sentada, acompanhada de Lex.

Mas não era só a inteligência da Dra. Danvers que chamava a sua atenção. Seus traços eram bastante requintados para uma humana. Se estivessem habitando outra época, ela diria que remetiam à realeza terrena, que ela havia estudado após sua chegada à Terra. Talvez ela tivesse uma ascendência europeia. Seus olhos verdes eram brilhantes, denunciavam a paixão pelo assunto que discorria e dominava com maestria. Sua desenvoltura e expressão corporal no pequeno palco contrastavam com a timidez, bem disfarçada por anos de apresentações de trabalhos em ambientes acadêmicos, como aquele. Kara sabia identificar, ela mesma havia passado por esse processo.

Percebendo o olhar afiado da loira ao seu lado para a pesquisadora apresentando o seu trabalho de forma compenetrada, Lex resolve tirar sua irmã caçula de seus devaneios.

― Muito interessada na pesquisa, irmãzinha?

― Você não? Parece muito promissora, ela fez incríveis avanços no estudo dos tumores malignos. ― Kara tenta passar uma certa displicência na fala.

― Hmm, acho que talvez, então, você deva procurar a Dra. Danvers no final da apresentação pra elogiar o seu trabalho. Quem sabe, talvez, dar as suas contribuições.

Mas ele esquece o quanto ela pode ser observadora e perspicaz ao notar a ironia conhecida no tom de voz do irmão.

― Você é um idiota. O que está querendo insinuar?

― Eu?! Nada. ― Ele tenta se fazer de desentendido, mas deixa escapar um sorrisinho sarcástico no canto dos lábios, que o denuncia.

― Aff, Lex, eu tô falando sério, sobre ciência. Estamos aqui a trabalho.

― É sério Kar, nem tudo precisa ser só sobre trabalho, o tempo todo. Você ficou interessada nela, eu conheço esse olhar. Você quase não piscou desde que ela subiu no palco. Vá falar com ela mais tarde, antes que o evento acabe. Faça esse favor a si mesma. ― Lex podia ser pedantemente irritante na maior parte do tempo, mas vez ou outra deixava sua experiência se manifestar. Ele se importava com a irmã desde o dia da sua chegada e nunca deixou de demonstrar isso. Sempre quis o melhor para ela e tomava para si a função de cuidá-la. Característica que ficou ainda mais evidente desde o adoecimento de Lionel.