Capítulo 6

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Laura

Desperto e como sempre o dia ainda nem amanheceu. Eu costumo correr bem cedo, mas hoje quero chegar logo na empresa para conversar com senhor Steven e explicar o infortúnio que acontecera no dia anterior. Tomara que ele não me peça para voltar na mansão de Rurik. Prefiro me manter longe e nunca mais vê-lo. É isso mesmo que você quer, Laura?

Sabe aquela voz do seu inconsciente que sempre aparece quando você não deseja e deixa tudo pior do que já está? Voz maldita!

Cumpro meu ritual matinal, eu gosto de rotina. Já li em algum lugar que pessoas com algum tipo de trauma psicológico, precisam manter uma rotina, e evitam a todo custo situações aleatórias. Essa sou eu.

Assim que termino de me arrumar, verifico se está tudo trancado. Ativo o alarme, dou uma olhada no sistema de câmeras no meu celular e sigo para o trabalho. Eu moro em um bom bairro. Desde que comecei a trabalhar com o senhor Steven, consegui manter minha vida financeira estável. Não tenho muitos gastos e vou caminhando para a empresa, um dos motivos para ter escolhido essa casa. A questão da segurança não é problema nas redondezas, entretanto nunca consigo relaxar.

Eu fiz um trato com o diabo, mas vocês sabem como é. Não da para confiar no maldito.

Dez minutos depois entro na Deep Cleaning e me dirijo ao escritório do meu chefe. Steven tem mais de sessenta anos, um senhorzinho pequeno, calvo e de sorriso fácil. No início, quando nos conhecemos, há quase seis anos, sua alegria e disposição me irritavam. Quem eu estou querendo enganar, ainda me irritam. Eu posso ser antissocial, mas não sou ingrata. Se não fosse por ele, não sei o que teria sido de mim. Steven aceitou- me como sua funcionária e com apenas dezesseis anos entrei para o seu time.

Eu me dediquei, trabalhei como ninguém e fiz sempre o meu melhor. Não sou de demonstrar afeto ou qualquer outro sentimento, mas gostaria que ele entendesse que eu lhe era muito grata pela oportunidade. Ele não me deu somente um emprego. Me proporcionou a chance de recomeçar minha vida e ser capaz de me manter sozinha.

No começo ele me deixou ficar em um quartinho nos fundos da empresa, conforme o tempo foi passando, consegui, com meu salário, alugar uma casa e me mudar. Eu nunca lhe contei tudo que passei, mas eu sei que ele imagina que algo de ruim havia acontecido.

— Não se preocupe, querida. Vou mandar uma outra equipe para finalizar a limpeza e a senhorita volte para a casa. - Não sei definir o sentimento que me atingi, pensei que ficaria aliviada. Steven continua falando. - Tire uns dias até sua mão melhorar.

— O que? Não preciso de uns dias. Foi só um corte, pequeno por sinal.

— Você nunca tira férias Laura, tem que descansar um pouco. É minha melhor funcionária, preciso que esteja inteira para meus clientes mais importantes.

— Eu estou ótima. Não preciso descansar. Não estou cansada. — Olho para o senhor rechonchudo com minha pior cara de brava e uma vontade maluca de lhe estapear.

A verdade é que só de me imaginar em casa, sem nada para fazer já começo a suar as mãos.

— Sou seu chefe. Estou mandando, me obedeça e volte para casa.

— E o que vou fazer em casa?

— Leia livros, vá a lugares novos, saia para beber, conheça pessoas.

Ensina-me o amor (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora