Capítulo 8

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Laura

Isso é loucura!

Vejo Rurik se afastar acompanhado de dois homens. Por que ele tem seguranças? Por que ele está interessado em mim?

Balanço minha cabeça para os lados tentando afastar os questionamentos que por ora não tenho respostas. Antes de entrar em casa, verifico as imagens na tela do meu smartphone. Está seguro.

Dou o comando para a assistente virtual tocar uma música e organizo minhas compras enquanto minha cabeça não para um segundo de pensar.

Eu serei capaz de confiar em alguém e deixá-lo entrar na minha casa? Na minha vida?

Não seja tola Laura, você é quebrada demais!

A maldita voz na minha consciência me envia alertas.
Talvez eu devesse ouvi-la, entretanto em todos esse anos nunca senti vontade de conhecer alguém.
Por que ele? Quem é ele?

Tentando ignorar a expectativa que as palavras de Rurik me despertaram, olho os ingredientes que tenho na geladeira e penso o que poderei fazer para o jantar.

Será que ele realmente voltará? Que besteira Laura, é claro que não.
E se ele vier?
Não vou deixá-lo entrar. Finjo que não estou em casa.
É isso mesmo que você quer fazer?

Consciência maldita!!!

Decido fazer uma massa com camarão. Além de ser meu prato favorito, comprei um vinho que irá combinar. Enquanto separo os ingredientes para minha receita, ouço meu telefone tocar.

Vejo o nome de Vanessa aparecer na tela e penso se devo atendê-la. Vocês se lembram o quanto ela é invasiva? Suspiro alto e atendo a chamada.

-— Laura, seu Steven me disse que te deu alguns dias de folga. — Estranho ouvi-la falar em português. Desde que vim para Boston, Vanessa é a única brasileira que conheço e sempre que estamos juntas ela insiste em falar no nosso idioma. Ainda não cheguei a uma conclusão de como me sinto em relação a isso. Apesar de viver uma vida muito mais humilde no Brasil, eu daria tudo para nunca ter saído do meu país.

— Eu estou bem Vanessa, foi ele quem insistiu.

— Se precisa de qualquer coisa, você sabe que pode me ligar, não é? Você sempre se mantém na defensiva, já me acostumei com esse seu jeito, mas não se esqueça que tem uma amiga Laura.

Processo suas palavras e em um momento de loucura penso se Vanessa não poderia me dar um conselho de como agir em relação a Rurik. Acho que finalmente você enlouqueceu Laura.

— Posso te fazer uma pergunta? — Ela nem esconde a empolgação. Eu sei que sou uma péssima companhia, além de ser totalmente antissocial nunca fiz questão nenhuma de estreitar qualquer laço com alguém. Muito menos com Vanessa que é irritantemente curiosa e de "bem com a vida" aquelas pessoas leves e engraçadas, sabe?

— Faça Laura. Aí meu Deus! Nem acredito que você está me pedindo conselhos! Que que eu vá até sua casa? Podemos conversar enquanto tomamos um...

— Não será necessário. — A corto e imediatamente me sinto mal. O lamento que ela solta pelo telefone foi tão sofrido que doeu em mim. Por Deus, estou ficando exagerada como ela.

Ensina-me o amor (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora