Capítulo 17

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Laura

Acordei e estranhei o silêncio no meu quarto. Sem TV ligada, sem música...
Senti um leve desconforto em meu corpo e imediatamente lembranças da última noite invadiram minha cabeça.
— Rurik...
Eu nem acredito que fui capaz de dar um passo tão grande. Enquanto estávamos nesse quarto, parecia que nada mais existia, eu era apenas a Laura que queria viver tudo com aquele homem. Senti cada pedaço do meu corpo sendo tomado e tocado por ele.
Minhas mãos exploraram cada parte do seu corpo. Senti a pele macia coberta por tatuagens sob meus dedos, o calor que emanava dele incendiava meus  cantos mais sombrios, levando luz para a escuridão que insistia em  permanecer dentro de mim.

Eu senti seu cheiro, a textura da sua pele, o calor do seu contato... Seus olhos de cor indefinida me desconectaram de absolutamente tudo. Não havia nada, somente nós dois.

Estremeci quando senti o orgasmo me arrastar para um lugar até então totalmente desconhecido. Nunca havia sentido nada parecido. Talvez eu devesse ir mais devagar? Me proteger de ter além do coração meu corpo invadido por Rurik? Talvez sim, mas já estou exausta de viver sendo uma mera espectadora da minha própria vida. Eu desejo ser a protagonista, a autora que decide como será os próximos capítulos. Eu quero ter as rédeas do meu futuro, quero ter o direito de escolha, o mesmo direito que me foi tirado quando aquele verme me tocou, me bateu e me subjugou.

Eu nunca fiz amigos, nunca permiti que alguém chegasse perto demais. Sempre querendo me proteger, tentando evitar qualquer intimidade que me colocasse em risco.

E o pior de tudo é que depois de tantos anos, Bruce de alguma forma ainda me comandava. Eu fugi, mas ainda não sou completamente livre. Além das marcas físicas ele também me afetou psicologicamente, tornando-me medrosa, solitária e totalmente refém das malditas lembranças de um passado que eu preciso manter no seu devido lugar.

Eu temia tanto o momento que Rurik visse minhas cicatrizes e me adiantando pedi para que ele não me perguntasse nada. O que vi em seu olhar tirou um peso grande demais das minhas costas. Primeiro ele ficou com raiva, percebi quando apertou seu maxilar tentando se controlar, mas depois, ele me admirou, respeitou minha escolha em não querer falar nada naquele momento e me senti especial.

Suas carícias me transportaram para um lugar que só havia sensações. Eu o senti em cada pedacinho de mim, senti seu carinho e seu desejo em cada toque. Não quero mais viver pela metade, por isso eu quis mais. Nada parece o suficiente com ele. Eu queria senti-lo dentro de mim, queria que ele me fizesse mulher. O homem que surgiu do nada na minha vida e sem avisar conseguiu destruir todas as barreiras que eu impus ao meu redor.
Tinha que ser ele.

Todas as minhas angústias desceram pelo ralo quando vi em seus olhos o quanto ele me queria e quando a dúvida se foi abrindo espaço a uma certeza absoluta eu lhe entreguei além do corpo meu coração. Eu lhe dei tudo.
Pensei que precisaria de mais tempo,  me sentir mais curada para poder lhe oferecer meu amor, mas não foi o que aconteceu.

Por que esperar quando tudo que temos é o hoje?

Todo o sentimento que revirava meu peito encontrou sua liberdade pelos meus lábios e eu disse. Eu lhe disse que meu coração era seu, que o queria mais que tudo, que queria que ele fosse o primeiro homem da minha vida.

Não poderia ter sido melhor. Eu tive meu corpo reverenciado, amado e tocado como nunca imaginei que poderia ser. Ele me cuidou, me amou e me fez ali, naquele momento a mulher mais feliz do mundo.

Quando Rurik me penetrou suave e devagar, ele não só invadiu meu corpo como também tocou minha alma.
A cada estocada eu o ouvi dizer o quanto eu era linda e especial. O quanto meu corpo era gostoso e nosso encaixe perfeito.

Eu delirei de prazer no vai e vem dos nossos corpos unidos. Me perdi em seus beijos e gemidos e finalmente me encontrei. Eu encontrei o meu lugar. Ele não é no Brasil, em Boston ou em qualquer parte do mundo. O meu lar é onde Rurik estiver.

Ouvi a voz de Rurik e de outro homem conversando em um idioma que eu acredito ser o russo. Peguei meus fones de ouvido sem fio, fui para o banheiro, tomei banho e me arrumei. Eu teria um longo dia de trabalho pela frente.
Quando cheguei a cozinha eles estavam na minha sala, cada um sentado em um sofá, conversando concentrados. Sem ser notada reparei o homem que tinha me dado a melhor noite da minha vida.
Ele havia trocado de terno, agora usava um de três peças, como sempre na cor preta. Sua testa estava franzida enquanto ele falava, sem que eu conseguisse ouvir pois tinha o volume dos meus fones no máximo. O outro era tão grande quanto o meu russo, deve ser uma característica do país, pois me lembro do dia que nos conhecemos, todos os outros eram muito altos e fortes.

Me fiz ser notada ao caminhar em direção a cozinha, os dois me olharam e os cumprimentei com um breve movimento da minha cabeça. Enquanto preparava o café, senti mãos enormes me envolverem pela cintura. Logo seus lábios beijaram meu pescoço e um arrepio atravessou meu corpo todo. Coloquei meus braços sobre os seus, fechei meus olhos e deitei minha cabeça em seu peito.
Ele tirou os fones do meu ouvido e nossos olhares se cruzaram.

— Bom dia, zólattse mayó¹

Sorri diante de suas palavras e recebi um beijo nos lábios sem mudar nossa posição.

— Bom dia, eu adoro quando você fala em russo.

— Bom saber, usarei mais meu idioma com minha króchja².

— Você tem que me falar o significado.
— Você irá aprender, mílaya. Está tudo bem?
— Sim, tudo ótimo.

E eu não estava mentindo, pela primeira vez na vida, estava mesmo tudo ótimo.





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zólattse mayó¹ expressão carinhosa em russo que significa meu ouro

króchja² palavra carinhosa que significa mulher

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Oi gente, espero que você gostem desse capítulo! Laura está se descobrindo!!!

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