Dois.

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"Sangue puro e cristalino, blindadão de fé."
 
    V2🥈

📍Complexo do Alemão(CPX), Rio de Janeiro.

Domingo tá aí, e com ele vem os mesmos estresses de sempre. Levantei pegando o celular e vendo as inúmeras mensagens que a Larissa e outras meninas haviam me mandado.

Algumas que eu entrei no desenrolo, ficam toda se querendo pro meu lado. O mal dessas mina é isso, a gente dá moral uma vez e elas acham que tem algum fundamento importante.

Pior são as que vem metendo mó marra pro lado do sujeito e ainda chegam cobrando disciplina.

Maioria era patty safada, que perde a calcinha fácil dentro da favela. Aquelas ali se tu estalar os dedos, brota na hora. Elas sentam e eu deixo forte, não é segredo isso.

As garotas novinhas que tinham pique pra ser doutora formada eram as piores, faziam magias com a boca. Vinham preparadas pro crime, não podia ver vagabundo de cintura ignorante que desciam.

Várias já se perderam comigo, deixava elas piscando igual tubo de lança, mas o prazer era muito confundido com love. As malandras querem ser minha 01 só pela grana que o mano faz, porém mantenho meu pente sempre muito cheio e o coração vago...

Fui tomar um banho e depois caminhei na direção do meu armário. Joguei uma peita preta da lacoste e lancei minhas gramas no pescoço.

Passei o perfume da Ivictus e ajeitei meu relógio de ouro no pulso, descendo as escadas em seguida.

Bárbara: Tá me vendo aqui não? - Olhei na direção da cozinha e ela tava sentada tomando café.

V2: Nem te vi, pô. - Me aproximei dela e dei uma leve puxada nos fios do seu cabelo castanho médio. - Tô partindo, qualquer coisa é só me dá um toque. - Ela assentiu e eu depositei um tapa forte na sua testa.

Quando a mesma ameaçou levantar pra vim atrás de mim, eu meti o pé pra rua e saí dando risada. Essa filha da puta é tudo na minha vida, mando qualquer um pro inferno se cruzar o caminho dela.

Fiz o toque com os vapores que marcavam a contenção da minha casa, eram sete no total. Montei na minha PCX e fui até a padaria da dona Helena pra comer alguma coisa.

A Bárbara não sabe fazer um café descente, aí eu já aproveito pra ir comer na tia que não tem erro.

Passei cumprimentando os moradores que falavam comigo enquanto eu circulava de moto. Geral me respeitava, e eu tratava todos bem. Essa parada aqui é minha casa, meu morro, minha família.

Fez por mim, eu faço em dobro por eles, tudo de igual pra igual.
Porém não deixo nenhum subir em cima e fazer o que quer, senão vira bagunça.

Aqui nós fatura malote gordo, nunca paramos de lucrar, e minha firma segue sendo a melhor gestão da Zona Norte do RJ.

Cheguei em frente à padaria, abaixei o descanso lateral da moto e a desliguei. Ao me observar no retrovisor, percebi que minha régua já estava se afastando; preciso atualizar com o Edinho. Fico gostoso até sem a risca.

Desembarquei da moto e entrei na padaria, onde de longe já sentia o aroma convidativo do pão fresco sendo preparado.

Tia Helena: Oi, meu filho. Como você tá? - Aproximou-se de mim com um sorriso de orelha a orelha, é notável como essa mulher possui uma alegria do caralho, espalhando positividade por toda a favela. Ela mantém a esperança de uma comunidade melhor e mais pacífica, mesmo em meio a tanta guerra.

No Alemão (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora