Três.

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                            Ana Luísa 🌸

Eu fui acordando aos poucos, senti um peso enorme na minha cabeça e meu corpo todo doía.

Quando abri os olhos, pude ver o cara loiro que havia me recebido quando eu cheguei aqui e ao lado dele um moreno tatuado com os braços fortes. Os olhos dele vieram de encontro com os meus, me intimidando.

Ana: O que aconteceu? - Fui levantando devagar e olhando para o meu irmão, que estava alisando os meus cabelos.

Portuga: Você desmaiou. - Me ajudou a levantar - Quem fez isso contigo? - Ele olhou para o moreno na nossa frente. Parecia que eles estavam conversando sobre algum assunto desconhecido por mim, cujo ambos tinham a capacidade de se entender apenas por aquele olhar.

Ana: Foi o Júlio! - Não consegui conter as minhas lágrimas e comecei a chorar. Era uma sensação de estupidez misturada com medo. Me sentia fraca por não ter conseguido sair daquela situação antes.

Portuga: Ele fez o que pra você? - Comecei a contar tudo o que havia acontecido pra ele e a cada frase que saía da minha boca, eu sentia seu olhar pesar sob mim. Era como se as minhas palavras fossem uma faca sendo direcionada no seu peito. - Isso não vai passar batido, não comigo. - Pela primeira vez em muito tempo eu pude sentir raiva em sua voz, a raiva que eu não via desde quando ele brigou com a nossa mãe ao sair de casa hà 2 anos.

"E o resumo é muito mais que uma longa história pra contar."

- Leva ela lá para minha casa pra tomar um banho e trocar de roupa. A Bárbara tem umas coisas que podem caber nela - O moreno me encarou e o Pedro apenas assentiu, me levando dali.

O menino subiu em uma PCX e o Pedro pediu para trazerem um carro até aonde estávamos, já que eu não tinha condições para subir em uma moto, devido aos meus machucados.

Enquanto isso eu fiquei ali esperando, o garoto que estava em cima da moto as vezes dava uma certa encarada pra mim, que era falha ao tentar sustentar ela até o final.

Teve um momento em que ele cessou os olhares, pegou o celular e ficou sentado em cima da moto desligada, mexendo no mesmo.

Depois de um tempo o carro chegou e dentro dele tinha um outro menino, no toque do volante.

- Carro tá na mão, chefe. - Ele desceu passando a bandoleira do seu fuzil no pescoço e o Pedro fez um toque com o mesmo.

Portuga: Valeu sagaz. - Meu irmão me ajudou a entrar no carro e em seguida deu partida com ele dali...

O tempo passou e nós chegamos na frente de uma casa bem grande, que se localizava em um lugar alto do morro. Ela não era totalmente luxuosa, como geralmente imaginamos ou vemos nos filmes. Pelo contrário, as casas aqui eram simples, mas essa era a mais apresentável por fora, diferente das outras que eu vi pelo caminho.

Sem contar na realidade bem modesta que eles viviam. Pelo caminho eu visualizei as crianças sem camisa e descalça pelas ruas, diferente de alguns lugares onde todas têm que estar bem vestidas e com um tênis caro ou roupa de marca.

Mesmo com a dor que eu estava carregando, não deixei de notar isso. Era uma realidade triste mas uma marca única, o que fazia desse morro uma favela.

E ao falar de favela, eu não me refiro aos tiros, bandidos ou tráfico de drogas, mas sim ao estilo de vida e maneira de ver o mundo de uma forma diferente. É como se aqui eles precisassem aprender a sobreviver, e isso era épico pra mim que vim de uma vida totalmente oposta!!

No Alemão (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora