Capítulo 57 - Ramona

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Tudo que eu menos queria era ter que contar minha história de anos atrás para o Pietro, eu ainda me sentia machucada, ainda me sentia ferida, sentia aquela cicatriz dentro de mim, sabia que jamais eu poderia me curar se não contar a verdade e para a pessoa que eu mais confiava, porque não contar essa história para o meu irmão, ele poderia me ajudar, ele poderia me dar forças que eu pensei que nunca iria ter.

Depois daquela conversa com o Pietro e meus pais sobre a máfia, eu fiquei pensando como a minha vida deu um giro de 360°, eu não sabia o que poderia acontecer, sei que a máfia é perigosa, mas será que meus pais e meus irmãos poderiam me fazer mal, fiquei inerte nos meus pensamentos, porque na verdade eu não tinha ideia de como seria a minha vida daqui para frente.

Meus pais depois daquela conversa, eles saíram e eu fiquei ainda nos meus pensamentos e meu irmão também estava presente ao meu lado, mas ele não forçava nada, nem um contato, eu apenas estava com os meus pensamentos borbulhando, estava com meus pensamentos a todo vapor que eu não consegui escutar nada, até que o Pietro se aproximou com cuidado me chamando e com isso acabei levando um susto.

Ele queria conversar, mas naquele momento eu estava querendo ficar sozinha, mas via que com Pietro não iria me deixar sozinha e foi aí que ele me perguntou se eu tinha passado alguma coisa no meu passado que ele não sabia.

Esse assunto ainda era um pouco delicado e um pouco constrangedor para eu poder contar, falar assim para ele que me envolvi com uma pessoa e essa pessoa me fez promessas e quando contei que estava grávida, ele desapareceu, sumiu, até o dia que eu tive meus filhos e descobri que eles nasceram mortos.

Esse dia foi o pior de todos, a cicatriz em mim não me faz esquecer, lembrar que gerei meus filhos e saber que jamais poderei ser chamada de mãe, já que meus bens, mas preciosos estão mortos.

Eu chorava por ser tola e acreditar naquele cara, chorava por saber meus filhos estavam mortas, chorava que nunca seria chamada de mãe, chorava que tudo que eu mais queria era ter uma família, chorava, pois, meus pais adotivos nunca me amaram, chorava por tudo que me aconteceu e o que eu mais queria era ter um marido e meus filhos.

Então comecei a contar sobre a história de 10 anos trás, como se isso tinha acontecido a pouco tempo, porque ainda me machucava.

-Pietro depois que me envolvi com ele, fizemos vários planos, fizemos vários projetos, pretendíamos nos casar, mas eu acabei ficando grávida, a gente acabou não se protegendo, e aconteceu, quando eu soube eu estava radiante, porque finalmente iriamos poder constituir nossa família. – Dei um sorriso falso. – Mas o pior de tudo foi no dia seguinte quando eu disse a ele sobre a minha gravidez, ele mudou, ficou ríspido, me tratava pior que uma prostituta, disse que eu queria dar o golpe da barriga, me xingou de todos os nomes possíveis e imagináveis, disse que eu queria tirar tudo que ele tinha.

-Shhhhh, calma, calma, eu to aqui, eu to aqui, não fica assim, quer parar de contar? Se quiser parar tudo bem, eu não quero te forçar a nada. – Ele me abraçava ainda, mas forte, e fazia carinho no meu cabelo e nas minhas costas.

-Por favor, agora que eu comecei eu quero terminar. Me deixa contar por favor, assim que eu contei para ele sobre a minha gravidez, a Lia tinha ido viajar no dia seguinte porque ela foi seguir seu sonho de ser modelo, com isso eu não queria ficar em casa porque eu sabia que meus pais adotivos eles iriam querer saber de tudo e acabar me expulsando de casa, então liguei para Lia e pedi para ela pedir aos pais dela se eu podia ficar lá na casa deles por algum tempo. Durante toda a minha gravidez, eu fiquei na casa dos pais da Lia, eu pedi que eles não contassem a ela sobre a minha gravidez, porque eu sabia que ela iria deixar seu sonho por minha causa e eu jamais iria me perdoar por isso. – Eu suspiro e tento me acalmar contando tudo para ele.

Cosa Nostra - Foi Você Saudade e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora