Cosa Nostra - Foi Você Saudade e Eu

Capítulo 85 - Ramona

Ver Rael na minha frente, foi saber que nunca tivemos nenhum contato, nenhuma conversa, nunca fomos nada, além de duas pessoas que moravam na mesma casa, porém, uma que queria apenas ser amada e outra pessoa que fazia questão de sempre humilhar em qualquer momento que tinha a oportunidade.

Saber que minha vida foi uma mentira, saber que fui criada por duas pessoas que eu pensava que me amariam incondicionalmente, ao contrário eu recebia xingamentos humilhações, as vezes me batiam.

Eu chorava, me trancava no meu quarto e chorava, chorava porque eu queria ser amada, chorava porque nunca recebi um amor, chorava porque eles sempre faziam questão de me dizer que eu não passava de uma empregada.

Saber que Rael e Richard nunca gostaram de mim e faziam qualquer coisa para me ver mal, ver que eu estava vulnerável, ver que eu não respondi a forma que eles me tratavam.

Eu sempre quis ter uma família que me amasse, que me respeitasse, mas sempre via que Gael e Melaine nunca me viam como filha e sim como uma empregada.

Eles nunca se importavam comigo, ou com o meu bem-estar, lembro que quando completei 13 anos eu estava me arrumando para ir para a escola, Lia tinha ido na minha casa porque sempre íamos juntas.

Nesse dia eu estava com uma calça branca com uma blusinha de alcinha, Lia estava no meu quarto quando viu que minha roupa estava suja, ela me questionou se eu já tinha menstruado alguma vez e eu não sabia o que responder, já que eu não fazia ideia do que era aquilo.

Lia me passou um absorvente coisa que Melaine nunca me ensinou a usar, minha amiga viu meu espanto e me questionou se eu sabia o que era, como neguei com a cabeça e envergonhada, me amiga me disse que era para utilizar quando eu estivesse menstruada, eu uma menina de 13 anos nunca tinha ido ao médico para entender melhor.

Minha amiga me disse que iria ligar para sua mãe, e eu fui ao banheiro para poder me trocar, tomei um banho rápido e logo me troquei, coloquei o absorvente na minha calcinha e coloquei minha calça, assim que estou saindo do banheiro.

Minha amiga me olha e me fala que a mãe dela está vindo pois ela vai me levar ao médico que ela e sua mãe passam, nesse momento eu fiquei assustada, pois não queria ter que passar por um médico, mas minha amiga disse que ela e sua mãe estariam comigo.

E foi a partir de aí, que minha amiga e os pais dela se preocupavam comigo, tanto para ir ao médico, quanto para comer ou vestir.

Todos esses anos eu tenho que agradecer por ter Lia e seus pais ao meu lado para me ajudar.

Rael, fica observando vendo que meus pais estão do meu lado me protegendo e fazendo que eu me sinta melhor, ao contrário dos anos de maus tratos que eu tive dentro daquela casa.

Rael suspirou pesado e olhou para os meus pais.

-Senhores Blanco, eu estou dizendo a verdade, eu não sei o que realmente aconteceu, eu era uma criança quando meus pais trouxeram a Ramona ainda bebê, só quando completei 18 anos meus pais me disseram que havido adotado ela. – Ele olhou para os meus pais triste.

-Tudo bem Rael, acreditamos em você, mas hoje vamos conhecer e conversar com seus pais, espero que você não ligue para eles e os informe. – Disse meu pai colocando as mãos em cima da mesa e entrelaçando os dedos.

-Eu não vou contar, desde o ocorrido com a Ramona eu nunca mais falei com eles, minha mulher me proibiu de falar com eles pois ela também não aceitava nem que eu e nem que meus pais e meu irmão tratassem a Ramona da maneira que a tratávamos. – Ele disse suspirando.

-Tudo bem Rael, acreditamos em você. – Eu disse dando um suspiro.

Com tudo que foi conversado, meus pais me disseram que iriam sair por volta do meio-dia e que qualquer coisa eu poderia ligar, mas que a gente provavelmente iria se encontrar em casa.