Poker

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Bucky

- Merda! - eu disse, jogando as cartas na mesa. Mickey, meu amigo mais recente, sorriu puxando as cartas para si. - Faltava uma única carta!
Reclamei vendo os outros caras sorrirem e darem piscadelas, como se eu não estivesse ali para ver, a mudança da banca não me trouxe sorte nenhuma, os resultados foram basicamente os mesmos.
- Essa foi... Porra! - de início, meus companheiros de pôquer tinham relutado de me deixar entrar no jogo, no entanto, quanto eu mais perdia, mais ganhava a simpatia deles. - Pago, que dizer, passo... Não, pago.
Falo depois que Curtis aumentara a aposta, eu deveria ter parado, mas eles me incentivavam.
- Merda! - Exclamei ao perder de novo, Mickey sorriu ao embolsar o resultado de sua vitória (em grande parte dinheiro meu), depois me olhou com uma expressão de misericórdia.
- Você nasceu para perder, cara! - Curtis gargalhou. Era a vez dele dar as cartas agora, mas aquela altura o efeito da bebedeira e da jogatina já pesava tanto em minha cabeça, que eu mal conseguia me sustentar na cadeira.
- Não vem com esse olhar de peixe morto. - Mickey advertiu e remexeu na cadeira, de modo que eu visse a arma enfiada na cintura da calça, a mesma semi-automática que eu tivera a oportunidade de examinar horas antes. Respirei fundo e olhei para as minhas cartas, olhei para as minhas fichas ou para a falta delas. Olhei para o buraco vazio sobre a mesa surrada onde antes estava o dinheiro que não me pertencia mais, eu estava em maus lençóis, pior, estava na lona e precisava de uma bela vitória se quisesse sair vivo daquele jogo. Olhei para a porta, nenhum sinal do tal cara, eu corria contra o tempo. Suspirei e com o coração apertado, tirei do bolso do casaco a única esperança que ainda me restava, o cantil de prata. Na superfície espelhada refletia-se o rosto de um pateta com cara de merda, meu rosto, sobre o olhar dos outros jogadores, alisei lentamente a prata, como se ali estivesse uma lâmpada mágica, mas infelizmente, nenhum gênio surgiu para salvar minha pele. Apertei o cantil contra o peito, deu-lhe um beijo de despedida e sonelemente depositei-o na mesa.
- É prata pura. - Greg, o outro cara que jogava conosco, quis ver o cantil de perto, lendo silenciosamente o que estava escrito, depois, imitando uma voz de mulher, repetiu. - "Às balas que não nos encontraram. Elizabeth."
Pensei que os caras nunca mais iriam parar de rir, Mickey até estalava beijinhos no ar, por fim, Greg jogou o cantil sobre o monte de apostas, o que significava que eu permaneceria no jogo por pelo menos mais uma rodada. Estávamos prontos para a batalha final, quando a porta se escancara.
- Mas que porra é essa?! - alguém rugiu, como se tomado pela irá divina, o jogo se interrompeu na mesma hora. Um silêncio quase palpável preencheu a sala, não era difícil supor que o famigerado Ulysses Klaue finalmente havia chegado.
- Hora de puxar o carro. - sussurrou Mickey, aflito. - Obrigado pelas lembrancinhas.
Levantei a cabeça, decepção é má sorte visivelmente estampadas na minha testa, depois espremi os olhos para ver melhor o grandalhão recém chegado.
- Você é o Klaue? - perguntei, atropelando as palavras.
- Sou eu mesmo! - Ele falou ríspido, esperando que eu saísse correndo dali, continuei sentado, esperando. Klaue arregalou os olhos, talvez impressionado com a minha atitude de não derreter como manteiga na presença dele.
- Que foi? Tá procurando encrenca?
- Você é a encrenca.
- Hein? - Klaue obviamente não entendeu. Então me empertiguei não cadeira, sóbrio o suficiente para que pudesse me explicar, mas minha mãe sempre me dizia que gestos valiam mais do que palavras. Portanto, fiquei de pé, fazendo meu gesto favorito.
1. Começar com duas pistolas carregadas, com silenciador.
2. Sacar dos suportes.
3. Lembrar que o sacana fez por merecer.
4. Puxar os gatilhos.
Disparei as duas armas que estavam nas minhas costas, deixando Ulysses Klaue estatelado contra a parede. Meus novos colegas de poker subitamente se deram conta de que haviam subestimado - que talvez, quem sabe, fosse eu o meliante mais perigoso naquela saleta imunda. - Mickey levou a mão a cintura, em busca de sua semi-automática, mas coitadinho, mal sabia que a arma tinha sido surrupiada antes que as cartas da última rodada tivessem sido distribuídas, só por precaução, estava em algum lugar debaixo da mesa.
- Agora é tudo ou nada. - Eu disse, valendo-me de uma expressão do poker para encerrar a brincadeira. Depois, eliminei todos em volta da mesa, foi então que lembrei, minhas cartas ainda estavam ali. Virei-as uma a uma, par de valetes. Poderia ter sido melhor, mas naquelas circunstâncias, um par de valetes era mais que suficiente, afinal, eu era o único que não havia caído fora do jogo. Bem, tudo que é bom dura pouco, não tinha mais nado a se fazer. O dinheiro que eu havia perdido estava a minha disposição, mas não me dei ao trabalho de pegá-lo, de qualquer modo, não passava de uns trocados, verba para as despesas miúdas. Peguei a única coisa que de fato me interessava, o cantil de prata.
Depois voltei com a arma de Mickey para seu devido lugar, caso ele tivesse herdeiros, afim de evitar a fauna do bar, sai pela porta dos fundos que dava para um beco escuro, os ratos corriam de um lado para o outro na penumbra mas a lua olhava para mim através da silhueta de prédios decadentes, fazendo-me lembrar de que ainda havia coisas belas no mundo, como um céu cravejado de estrelas. Tirei o cantil do bolso - o luar refletindo sobre a prata - e dei uma golada reconfortante, talvez fosse ele o responsável por eu ter ficado, mais uma vez, fora do trajeto das balas e então avistei o meio de transporte que me levaria de volta para casa. Em meio as sombras brilhava uma motocicleta gigantesca, cuja a placa se lia "Klaue".
Subi na máquina, liguei o motor e cai fora daquele lugar, mais uma noite de trabalho como as outras e nada mais.

Sr. e Sra. Barnes Onde histórias criam vida. Descubra agora