Bucky
Meia hora mais tarde, eu atravessava a cidade com o meu chofer de aluguel que estava com uma cara fechada por ter que me levar a cidade naquela hora. O cara dirigia muito mal e eu já estava sufocado.
Caramba, eu precisava de uma bebida! O táxi estava longe de ser luxuoso, não tinha uma janela que funcionasse e muito menos um bar generosamente sortido, mas isso não tinha a menor importância, jamais saio sem meu barzinho particular, meu cantil de prata com o melhor whisky que o dinheiro poderia comprar. Do que mais alguém poderia precisar? Tirei o frasco do bolso e o abri mas não o levei imediatamente a boca, pois passamos por cima de alguma lombada. Olhando para o cantil, meus olhos caíram sobre a dedicatória gravada na prata. Poxa, quanto tempo fazia que eu não parava para ler aquilo? "As balas que não nos encontraram. Elizabeth." Saúde pra você também, boneca. Dei um longo gole na bebida. Pela cara que fez, achei que o cara pediria um gole quando estacionou em frente ao endereço que havia lhe passado. A rua era escura e é ameaçadoramente silenciosa, restos de lixos moviam-se sobre a calçada como se fossem ratos, talvez de fato fossem ratos. Paguei o motorista e deixei uma gorjeta boa o suficiente para que ele enchesse a cara e esquecesse para sempre que um dia tinha me visto. Desci do carro e ele arrancou em disparada. Fiquei sozinho na rua, fiz um lento giro de 360 graus e desci um bolorento lance de escadas até uma porta coberta por um tapume preto, esmurrei a campainha e depois de um tempo a porta abriu com um clique. Entrei e olhei ao meu redor. Talvez o motorista tivesse razão em correr, o tal lugar era sem dúvida a última parada antes do inferno. Uma lâmpada pendia sobre a caixa registradora, revelando duas prostitutas completamente grogues que mal conseguiam se apoiar no balcão. A escuridão me poupou de ver o que mais acontecia naquela espelunca. Sentei-me num banco que corria o risco de furar as tábuas do assoalho, encontrei meu equilíbrio e esperei que o barman notasse minha presença, por fim ele me encarou como se tivesse acabado de descobrir que eu tinha comido a mãe dele.
- Fala.
- Que cerveja você tem aí?
- Guinness... - Esperei por mais opções, porém ele não disse mais nada, assim seria mais fácil escolher.
- Então me vê um Red Label com um Club Soda, não precisa exagerar na soda. - Enquanto ele me servia o drink, recostei-me no balcão e analisei a decoração do lugar, com meus olhos acostumados a escuridão, percebi que a penumbra encobria vários tipos de contravenção, drogas, jogos, dinheiro sendo trocado por saquinhos e pelos cantos, outras coisas que preferi ignorar. Mais ao fundo, uma cortina parcialmente fechada marcava o início de um corredor e mais uma sequência de buracos secretos.
O barman trouxe meu drink, socando o copo sobre o balcão, talvez achasse que eu estivesse bisbilhotando demais. Então virei-me para o bar e olhei para a bebida, era qualquer coisa preta, nem de longe parecia com o que eu havia pedido mas o olhar do barman sugeria que ele não era lá muito receptivo a críticas e achei melhor mandar aquilo para dentro de uma só vez, "álcool é álcool", pensei.
- Manda mais um. - Eu disse, já começando a enrolar a língua, o barman me olhou de um jeito estranho e achei melhor sair um pouco dali.
- Onde fica o banheiro? - Perguntei e com o queixo ele apontou para a cortina dos fundos, assim que ele me deu o novo drink. Caminhei até a cortina e cambaleando segui pelo corredor até encontrar duas portas, "MICTÓRIO" estava escrito em uma e "CAI FORA" na outra, uma coisa eu não poderia negar, sempre tive problemas com as placas de "não entrar", há algo nelas que me deixa extremamente irritado, não consigo relevar. Então não resisti como o poeta, escolhi o caminho menos percorrido. Quase caí do outro lado.
- Caralho! - Alguém gritou, eu havia interrompido um jogo de poker. Um jogo privado, desses que só rolam nas salas dos fundos de espeluncas. Três tipos extremamente mal-encarados é um meliante com cara de assassino olharam para mim. Mal acreditando no que estavam vendo.
- Mas que porra é essa? - Um deles gritou.
- Desculpa. - Eu disse, com a voz arrastada. - Estava procurando o banheiro.
Fiz menção de sair, mas depois, cambaleando um pouco, dei meia-volta.
- Isso aí é poker?
- Jogo privado. - Disse alguém. - Vaza!
- Mas tem uma cadeira vazia. - Observei, outro cara se virou no assento e me encarou.
- Qual parte do "vaza" você não entendeu?
- Tem certeza? - Com certeza dificuldade, levei a mão no bolso. - Tenho muito...
Antes que pudesse terminar, o meliante saltou da cadeira e encostou o cano frio de uma semi automática na minha testa. Gelei.
- Calma lá, amigo, é só minha grana. - Lentamente tirei a mão do bolso e mostrei a ele um farto maço de notas, então eles sussurram umas palavras entre si, nada que eu pudesse compreender.
- Que mal haveria nisso? - Eu estava quase dentro. - Sei lá, tem uma cadeira vazia aí...
- Essa cadeira tem dono! - Disse o meliante.
- E quando o dono vai chegar?
- Na hora que ele quiser, porra!
- Mas quem sabe eu posso ficar no lugar dele, até ele chegar? - Arrisquei. - Você viu, eu tenho uma bolada.
Os caras envolta da mesa trocaram olhares e o meliante abaixou a arma, afastando a cadeira vazia com um chute, sento com um sorriso satisfeito.
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Sr. e Sra. Barnes
AcciónBucky e Elizabeth Barnes aparentemente parecem formar um casal normal, mas na realidade ambos mantêm um segredo. Os dois são assassinos de aluguel contratados por empresas rivais. A verdade só vem à tona quando Bucky e Lizzie, sem saber, recebem uma...